terça-feira, 7 de abril de 2009

Menino Prodígio - Vitor Araújo

Jovem pernambucano pinta e borda no piano

Crédito: Lua Durand/Divulgação

Por Silvio Luz

Contemporâneo, erudito e popular. Assim é o jovem pianista pernambucano Vitor Araújo, de apenas 18 anos, que chama a atenção e começa a construir uma carreira sedimentada no ecletismo musical. Nesta terça (07/04), às 19h, ele se apresenta no Sesc Avenida Paulista dentro do projeto Instrumental Sesc Brasil, que acontece durante todo o mês de abril, com entrada gratuita.

No ano passado - quando lançou seu primeiro disco e DVD ao vivo, intitulado Toc -, ele foi eleito pela Associação Paulista de Críticos de Arte como melhor artista revelação, só para ficar em um exemplo do reconhecimento de seu trabalho, que vai de Paranoid Android, do Radiohead, a Asa Branca, de Luís Gonzaga. Sua música também passeia pelo jazz e, claro, por grandes nomes da música instrumental brasileira, como Villa-Lobos.

Na entrevista abaixo, Vitor Araújo falou sobre misturas musicais, massificação da mídia, influências e sobre a alegria de se sentir vivo. Confira:

Se não fosse a mistura com a música produzida atualmente, como canções do Radiohead, por exemplo, você acha que chamaria a atenção de crítica e público tão rapidamente?

Vitor Araújo - Não sei como mensurar isso. Prefiro deixar para os profissionais de produção, marketing e jornalismo. Mas posso dizer que quando começaram a sair matérias sobre mim em grandes meios de comunicação, eu tocava, basicamente, música erudita brasileira, como Villa-Lobos, Cláudio Santoro, Camargo Guarnieri e Edino Krieger. Fora eles, tinha, no meu repertório popular, apenas meu arranjo para Asa Branca. O arranjo para o Radiohead só fiz um pouco antes de gravar meu DVD, e o executei pela primeira vez para o público na gravação do mesmo.

Nos últimos anos, a música instrumental está ganhando cada vez mais espaço no Brasil. Quais fatores contribuem para este olhar mais aguçado para esta música?

Vitor Araújo - Com algumas exceções, dentre elas o manguebeat, proveniente da minha terra, a década de 90 foi muito pobre em termos de música. Foi um tempo no qual o poderio das TVs chegou a patamares himalaicos, e as gravadoras estavam no auge. Ou seja, só fez sucesso o que a indústria musical e a mídia quiseram. Aí vira tudo fast-food. Eu mesmo sei quase todos os refrões do É o Tchan, mesmo sendo músico erudito. Era onipresente, era massificante. Bom, como sabemos, o corpo não suporta se nos alimentarmos apenas de fast-food. Assim como a alma não suporta ser alimentada apenas com arte enlatada. Estamos vivendo um tempo de reciclagem musical e artística. Tem muita, muita gente boa em todos os segmentos musicais surgindo, e se esforçando para fazer uma música de qualidade. Essa movimentação é muito boa para a música instrumental. E para o público também.

Além das referências clássicas e eruditas, como Bethoven, Chopin, Villa-Lobos e Bach, em quais outros artistas ou artes você se baseou para construir uma identidade própria?

Vitor Araújo - Chaplin, Kubrick, Almodóvar, Walter Salles, Woody Allen, Spielberg, Alejandro Gonzales Iñarritu, Lars Von Trier, Dostoiévski, George Orwell, Gabriel García Márquez, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Renoir, Monet, Modigliani...

O que você mais ouve atualmente que, digamos, não sai do seu tocador de música?

Vitor Araújo - Marcelo Camelo, Radiohead, Tom Waits, Caetano Veloso, Lula Queiroga. E o jazz, que não paro de ouvir em época nenhuma, de Miles a Thelonious, de Brubeck ao Bird, de Bill Evans a Mingus.

Qual seu principal objetivo com a música? Aproximar e apresentar a música erudita da popular? Não acha que estas definições ainda estão muito engessadas?

Vitor Araújo - Meu objetivo com a música é emocionar. A mim e a quem eu conseguir. E não vejo esses tais conceitos musicais. Na verdade, não vejo nem muita diferença entre Guernica, de Picasso, e o Nevermind, do Nirvana. Emoções são emoções, não importa de onde elas vêm, nem o que as causou. Não importa se seu time ganhou o campeonato ou você viu Nelson Freire tocando um Noturno de Chopin. O bom é o sorriso de satisfação, e a alegria por se sentir vivo.

O que reservou para o show desta terça (07/04) no Sesc Avenida Paulista, dentro do projeto Instrumental Sesc Brasil?

Vitor Araújo - Nunca sei o que vou tocar. É baseado no meu disco, não fujo muito dele não. Uns cinco minutos antes do show decido as duas primeiras músicas e depois quem escolhe o repertório é a energia que o público larga no ar.

Onde e quando serão seus próximos shows? Quais os planos para este ano?

Vitor Araújo - Vou parar um pouco a agenda em maio pra me trancar e formular um novo disco, um novo show, um novo Vitor Araújo. É bom poder moldar a si mesmo. É bom mudar a si próprio. É... é, é bom.

Clique aqui para ouvir Vitor Araújo no MySpace.

Dia 07/04, às 19h.

Entrada franca (retirar ingressos 1 hora antes).

Sesc Avenida Paulista - Avenida Paulista, 119; (11) 3179-3700; www.sescsp.org.br

2 comentários:

  1. Vi esse menino com o Seu Chico, ontem (quinta) no Studio SP.

    arretados!

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  2. Pois é Thaís... estava com a maior vontade de vê-lo tocando no Sesc Paulista na terça que passou... uma pena. deixa para a próxima. arretado mesmo!

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Diz aí. Aqui você pode. Sem amarras e sem açoites.