segunda-feira, 20 de abril de 2009

Entrevista - Rocknova

Grupo mineiro: força para os independentes

Crédito: Divulgação

Por Silvio Luz

A banda Rocknova abriu o festival Conexão Vivo, em Belo Horizonte, na última sexta-feira (17/04), e não decepcionou: fez jus à votação do júri popular que, com quase 1.000 votos, colocou a banda entre as atrações do reconhecido evento de música, que sempre dá espaço para os artistas independentes.

O Rocknova lançou no ano passado o primeiro disco de estúdio e já colhe bons frutos por ele. O que eles querem agora é sair divulgando a música pelo país e para o maior número de pessoas possível. É o que diz o vocalista Gustavo Lago em entrevista exclusiva ao Entrete[discer]nimento.

Álbum

A canção Por Perto se sobressai pela potência roqueira e constante, acompanhada de guitarra e baixo casados na intenção de destacar ainda mais a letra de refrão fácil de ser assimilado. As viradas da bateria de Nenel também contribuem para a faixa potente. "O amor só existe se incomoda alguém/ o amor me incomoda" é um trecho pegajoso, no sentido bom da palavra, da música Desencanto, com seu clima melancólico e gritante, típico dos apaixonados com dor de cotovelo.

Depois da audição do disco de dez faixas, os belorizontinos deixam a impressão de terem conseguido atingir o objetivo: produzir uma sonoridade rock com um viés pop e de melodias gostosas de se ouvir.

Bate-papo

Confira abaixo a entrevista com o vocalista Gustavo Lago, na qual falou sobre cenário independente, festivais em Belo Horizonte, gravação do primeiro videoclipe, entre outros temas.

Como está sendo a recepção do público em relação ao primeiro disco de vocês? A boa votação do júri popular no Festival Conexão Vivo se deve a quê?

Gustavo Lago - A recepção ao disco, desde o lançamento, está sendo muito positiva. Várias rádios se disponibilizaram a tocar as nossas músicas espontaneamente. Além disso, fomos selecionados para participar de festivais de música independente, como o Grito do Rock e o Conexão Vivo 2009. E acho que, no caso desse segundo festival, a boa votação se deve à seriedade e ao trabalho incessante que dedicamos à banda desde a sua formação, em 2007. A boa aceitação do público é um reflexo disso. Pudemos contar com o voto de todas as pessoas de nosso convívio que tiveram o carinho de espalhar a nossa campanha, como uma corrente em prol do projeto Rocknova. A essas pessoas devemos agradecer inúmeras vezes.

Por falar no Conexão Vivo, como foi a apresentação na última sexta (17/04)?

Gustavo Lago - Para nós foi super positiva. A estrutura era maravilhosa. A equipe, nem se fala. Pudemos dar continuidade ao nosso trabalho e divulgá-lo para um público novo que ainda não tinha acesso a ele. A energia estava alta e as pessoas que estavam lá assistindo foram bastante receptivas. Foi uma experiência indescritível para a banda e a gente só tem a agradecer a todos que colaboraram para que a gente pudesse estar lá.

Apesar das boas [merecidas] surpresas no cenário independente atual, vocês não acham que a internet tomou um pouco o lugar da TV, para o bem ou para mal, inclusive construindo ícones e bandas que logo saem de cena?

Gustavo Lago - A internet, assim como todos os veículos de comunicação, tem seus prós e contras. Tem um lado positivo que é uma maior democratização da visibilidade dos artistas. Hoje, qualquer artista tem a possibilidade de fazer sua gravação e divulgá-la de maneira muita rápida e, de certa forma, com muita eficácia. A questão é que, por serem independentes, esses artistas não criam vínculos com nenhum contrato e, por isso, não possuem garantia de divulgação de seus trabalhos posteriores, o que tem, como consequência, a rápida saída de cena de uma grande gama de artistas, como pontuado na pergunta. Mas, acho que isso, por outro lado, tem um caráter positivo, que é uma seleção pela qualidade real dos trabalhos. Acredito que, mesmo sem um contrato ou garantia, os bons artistas perdurarão e suas obras terão a longevidade merecida.

Como é o cenário de festivais independentes em BH?

Gustavo Lago - O atual momento belorizontino é de uma fase ascendente no que diz respeito à música independente. Particularmente, não me lembro de ter visto, em outra época, tantas bandas unidas tentando criar seu próprio cenário musical. Vários movimentos estão sendo criados na cidade para que os artistas tenham espaço para divulgar seus trabalhos, e esses movimentos são encabeçados por eles próprios, que, felizmente, resolveram apoiar uns aos outros. Isso é muito bom.

Foi da lacuna que vocês resolveram criar o projeto que dá visibilidade a novas bandas?

Gustavo Lago - Um dos projetos criados em Belo Horizonte foi o que nós idealizamos. Trata-se de um festival de artistas chamado Fórmula Indie. Ele teve três edições no ano passado, e nós pudemos contar com o apoio de vários músicos participantes como, por exemplo, Ricardo Koctus, do Pato Fu, que está lançando seu projeto solo de maneira independente. Contamos, também, como a presença de Leonardo Marques, do Transmissor, do Boxexa, que era do Cartoon, do Sânzio Brandão, do Calix, dentre vários outros. No Fórmula Indie, além de música, também houve apresentações de artistas plásticos, pintores e fotógrafos, possibilitando que pudessem expor suas obras. Então, acho que é isso. Temos, de fato, que preencher as lacunas que impossibilitam o andamento do artista, achando soluções para viabilizar os trabalhos. O que não pode é ficar parado.

Quais são os artistas referências para a banda? Como isso é traduzido na sonoridade do Rocknova?

Gustavo Lago - Essa é uma pergunta que nós temos uma certa dificuldade para responder, devido ao fato de que são muitas as influências, que vão desde a bossa nova ao rock, de bandas sessentistas, como os Beatles - que, por sinal, servem de referência para quase todos os músicos - até artistas mais contemporâneos como os Strokes, por exemplo. Isso influencia, direta ou indiretamente, as nossas composições, é claro. Acho que no som do Rocknova é visível, ou melhor, audível, um viés moderno do rock, misturado com melodias do pop, que acaba sendo reflexos do que escutamos.

O Borba é o principal compositor das canções deste primeiro disco. Ele é o compositor 'oficial' ou foi apenas uma seleção natural no repertório para o álbum?

Gustavo Lago - Não há isso de “oficial” ou “principal”. Todos nós temos liberdade para trazermos contribuições para o grupo. O Borba é, de fato, o compositor da maioria das músicas do primeiro disco. Sete das dez canções são dele. Ele é, também, junto com o Xerllez, o idealizador do Rocknova. Quando a banda começou, algumas canções já estavam compostas, o que fez com que o disco tivesse um número expressivo de músicas de sua autoria. Mas, a seleção foi feita de forma bastante natural. A banda coletivamente foi elegendo, dentre as composições que tínhamos, aquelas que soavam melhor aos nossos ouvidos e, assim, fomos fechando o repertório.

Depois do Festival Conexão Vivo, quais são os próximos passos do Rocknova?

Gustavo Lago - O próximo passo é manter a seriedade e o afinco com que foi realizado o trabalho até agora. Estamos lançando, nesta semana, nosso primeiro videoclipe, da música Nova, feito de maneira totalmente independente. Estamos com shows marcados pelo Brasil e a idéia é continuar divulgando nosso disco e seguir colhendo os frutos do esforço que viemos e continuaremos plantando.

Para ouvir músicas do Rocknova - formado por Gustavo Lago (violão e voz), Borba (guitarra), Xerllez (baixo) e Nenel (bateria) - clique aqui. O primeiro clipe da banda será lançado nesta quarta-feira (22/04), na casa Ora Bolhas, em Belo Horizonte.

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