segunda-feira, 27 de abril de 2009

Pequeno Príncipe independente

Thiago Pethit: veludo envolvente

Crédito: Gui Mohallem/Divulgação

Por Silvio Luz

Há dois anos atuava nos palcos e fazia caras e bocas, mas ainda não havia encontrado a sua essência artística. Ele é Thiago Pethit, o Le Pethit Prince, paulistano de 26 anos que, com voz aveludada e envolvente, prende o ouvinte por meio de sonoridade dificilmente enquadrada em definições musicais engessadas. O que ele faz é emocionar quem o ouve. Nesta quarta-feira (29/04), o cantor se apresenta no Studio SP, às 21h, com entrada gratuita, ao lado de Nina Becker, Silvia Machete e Dudu Tsuda.

Em português, francês, inglês ou espanhol, o que importa mesmo são as melodias bem construídas e o aconchego versátil que Thiago transmite. O músico busca referências no teatro, no cinema e na literatura para amarrar cada fio de sua virtuosa teia sonora, que remete, muitas vezes, aos cabarés franceses.

No ano passado, ele lançou o primeiro EP da carreira, Em Outro Lugar, com seis músicas, e na semana passada, disponibilizou para download gratuito o single Fuga Nº 1, um folk que enlaça até os mais desatentos, com pitadas de temas circenses, além da emoção que o cantor sempre imprime em suas canções.

Confira abaixo entrevista exclusiva com Thiago Pethit, sobre a moda do folk, rótulos, música independente, mistureba de artes, entre outros assuntos.

Agregar outras artes à música é uma tendência atual?

Thiago Pethit - Agregar elementos diferentes é uma tendência em todas as áreas, não só na música, me parece. Não poderia ser diferente à nova geração: crescemos ouvindo falar em globalização, internet, um mundo que, de repente, se tornou pequeno e estreitou as fronteiras entre todos os assuntos.

Como surgiu a idéia de misturar cinema, teatro, musicais e poesia na sua música?

Thiago Pethit - No meu processo essa junção foi muito natural. Fui um adolescente super cinéfilo, fiz teatro até dois anos atrás e mudei de carreira exatamente para contemplar a minha necessidade de unir todos esses mundos em uma só expressão. Tudo já coexistia. Os poemas eu escrevia e guardava, e neles já estavam as fruições imagéticas que eu tinha com o cinema. Musicar tudo isso foi a minha descoberta.

Sua relação com o público não é uma novidade, já que tem experiência como ator. Qual a diferença entre subir ao palco para cantar e subir ao palco para atuar?

Thiago Pethit - Sinto o palco como uma espécie de lente de aumento, ironicamente vista a olho nu (risos). Tanto no teatro quanto na música, todas as virtudes e imperfeições estão expostas. Talvez o que mude seja a mágica de condução do olhar do público. No teatro, eu podia mascarar qualquer insegurança através de um personagem, levar o público a ver o que eu queria através dessa persona e de uma história. Na música, a exposição recai um pouco mais sobre mim. É verdade que me sinto muito mais exposto cantando, sem personagem ou história fictícia. Sou eu. São justamente as fragilidades, forças e verdades das minhas próprias histórias que vão fazer a condução.

É difícil se destacar com originalidade no cenário musical hoje no Brasil, apesar da internet promover maior liberdade para divulgação dos trabalhos de artistas independentes?

Thiago Pethit - A internet tornou tudo mais democrático e isso deu maior liberdade aos artistas para criar sem ter de responder a uma demanda mercadológica. Tanto essa criação quanto a divulgação de trabalhos, sem esse conteúdo online, estariam perdidos por aí. Mas sua pergunta já afirma os dois lados da moeda. O lado B é que também perdemos muita coisa entre tanta informação disponível e não filtrada.

Você acha que o folk está na moda? Hoje podemos ver muitos artistas independentes brasileiros se enveredando para esta vertente da música.

Thiago Pethit - Modismos sempre existiram. É complicado falar sobre rótulos, sejam quais forem. Antigamente, um rótulo parecia desmerecer ou esvaziar o trabalho de um artista. Atualmente, o mundo de que falamos, o excesso de informações, o estreitamento de conteúdos, tudo isso esvaziou de sentido os próprios rótulos. Então prefiro não pensar sobre o folk como conteúdo musical puro. Vejo sim uma tendência dos artistas no mundo todo de criar músicas mais orgânicas, voltadas a essa sonoridade dos anos 60 e 70, e com instrumentos que estavam inutilizados na música pop contemporânea, como o violão, o piano acústico e o acordeon.

Qual seu conselho para os jovens iniciantes na música independente? É válido sonhar que um dia será possível viver de música no Brasil?

Thiago Pethit - Também estou aceitando conselhos (risos). Eu diria que talento e muito trabalho já é um começo, pois não basta ser um bom músico e pensador sobre o próprio trabalho. Produzir, divulgar, vender shows, criar estratégias, clipes, fotos, tudo isso está também na mão dos artistas iniciantes. Acredito que uma hora tudo isso vai fazer algum sentido, financeiramente. Eu ainda o desconheço (risos).

Qual sua expectativa para o show desta quarta (29/04), ao lado de Nina Becker, Silvia Machete e Dudu Tsuda?

Thiago Pethit - Estou super ansioso para esse show. Acho que vai ser bem lindo e, para mim, será a comemoração de um ano do começo das gravações do meu primeiro EP e dessa estreia na música. Estou muito feliz de contar com artistas que eu admiro tanto e que estarão me acompanhando nesse dia.

Clique aqui para acessar o site oficial de Thiago Pethit e fazer o download do single Fuga Nº 1. Outras canções podem ser conferidas no MySpace do cantor.

Dia 29/04, às 21h.

Projeto Cedo & Sentado. Entrada Franca.

Studio SP - Rua Augusta, 591; (11) 3129-7040; www.studiosp.org

Um comentário:

  1. Adoro o Thiago Pethit! Um músico de uma leveza vocal inigualável.

    Parabéns pelo post Silvio. Magnifique!!!

    Abs, Rafael Márquez

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Diz aí. Aqui você pode. Sem amarras e sem açoites.