quinta-feira, 30 de abril de 2009

Raízes africanas no pedestal

Bando AfroMacarrônico: samba sem mancar

Crédito: myspace.com/afromacarronico

Por Silvio Luz

Sambas, lundus, jongos, batuques, fox trots, cumbias, rumbas, boleros, emboladas, jazz, macumbas e modas de viola. Essa é a mistura e a base de toda a musicalidade do Bando AfroMacarrônico, liderado pelo músico Kiko Dinucci, que também tem outros trabalhos marcados pela valorização do samba e das raízes. Nesta quinta-feira (30/04), véspera de feriado nacional, o grupo se apresenta no Itaú Cultural, com entrada franca, às 20h.

Rainha das Cabeças, por exemplo, é uma música que se sobrepõe e brilha por si própria na seleção que o grupo fez para o MySpace. A construção percussiva dela é ímpar e deixa o ouvinte de queixo caído. Passe por lá e ouça. E tire os móveis de perto para sair sambando pela casa, com a canção Samba Manco.

O último disco do Bando AfroMacarrônico - formado em 2001 - é o Pastiche Nagô, lançado no ano passado pelos selos paulistano Desmonta e americano One Cell Records, com produção de André Magalhães e participações de Maurício Takara, Meno del Picchia, Bocato, Renato Anesi, Alex Macedo, entre outros. O CD ressalta e frisa a importância da herança africana dentro da nossa cultura, valorizando também os ritmos latinos e a religiosidade que veio com os negros escravos para cá.

O Bando Afromacarrônico é Douglas Germano (cavaco e voz), Dulce Monteriro (voz), Railídia (voz), Julio Cesar (percussão) e Rafael y Castro (bateria), além de Kiko Dinucci (violão e voz), que também é cineasta, artista plástico, desenhista e outras artes que imaginar. Clique aqui para ler notícia sobre o grupo no Yahoo, publicada no final de fevereiro.

Dia 30/04, às 20h.

Entrada franca (senha distribuída com meia hora de antecedência. Para garantir a ordem da fila, será distribuída pré-senha com duas horas de antecedência).

Itaú Cultural - Avenida Paulista, 149; (11) 2168-1776; www.itaucultural.org.br

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Neural Code na faixa

Trio de músicos une experiência e originalidade

Crédito: myspace.com/neuralcode

Por Silvio Luz

O nome é inglês, mas a sonoridade é bem brasileira. A banda Neural Code, formada por Cuca Teixeira (bateria), Kiko Loureiro (guitarra) e Thiago Espírito Santo (baixo) - músicos que já têm longa experiência em seus projetos específicos - apresenta o seu primeiro trabalho de estúdio, que chegou ao mercado neste mês, depois da composição informal em ensaios entre amigos. Do rock ao jazz, com amplo espaço para a música instrumental, o grupo criou uma identidade própria, que será apresentada nesta quarta (29/04), no Sesc Consolação, com entrada gratuita.

Se depender da carreira de cada um dos integrantes, o Neural Code tem tudo para dar certo. Cuca Teixeira é um baterista com larga experiência jazzística e já trabalhou com consagrados nomes do jazz, como Joe Lovano, Michel Brecker e George Benson, e da MPB, como Paula Lima, Maria Rita e Marina Lima. Já Kiko Loureiro está a frente da guitarra da banda Angra há 17 anos e é conhecido por misturar o rock ao fusion. Por fim, Thiago Espírito Santo atua há muitos anos na cena instrumental brasileira e já tocou ao lado de Yamandú Costa e Hermeto Pascoal, entre outros.

Confira a sonoridade da banda no MySpace, por meio de duas músicas disponíveis no setlist, Cangaceiro Marroquino e Drenal, esta última com pitadas até de samba.

Dia 29/04, às 19h30.

Entrada franca.

Sesc Consolação - Rua Dr. Vila Nova, 245; (11) 3234-3000; www.sescsp.org.br

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Trombone mais vivo do que nunca

Raul de Souza: 55 anos de sopro cheio de vivacidade

Crédito: Divulgação

Por Silvio Luz

Com 75 anos de idade e 55 de carreira, o trombonista Raul de Souza só tem a comemorar o que a música lhe deu de presente durante todos estes anos. Nesta terça-feira (28/04), às 19h, ele fecha o mês de abril no projeto Instrumental Sesc Brasil, no Sesc Avenida Paulista. No repertório estarão os dois últimos discos da carreira, Jazzmin e Bossa Eterna, este último com a participação ilustre de João Donato, além de canções inéditas.

Além de ultrapassar fronteiras brasileiras, tocando em Londres, Estados Unidos e Paris, Raul de Souza já se apresentou ao lado de grandes nomes do jazz, como Sonny Rollins, George Duke, Sarah Vaughan, o baterista Kenny Clarke e os trombonistas Frank Rosolino e Conrad Herwig. Como se o currículo exemplar não bastasse, ele ainda foi precursor da bossa nova, segundo suas próprias palavras: "Eu sou o pioneiro da bossa nova, gravei com o Altamiro Carrilho, Regina Werneck e Nei Lopes composições instrumentais para o carnaval em 1955, muito antes de todo mundo começar a fazer bossa nova”.

Nas mais de cinco décadas de carreira, Raul construiu uma discografia ampla, na qual figuram o primeiro álbum lançado nos EUA, Colors - ao lado do saxofonista Cannonball Adderley e do baterista Jack DeJohnette, em 1973 - e a produção da trilha sonora para o filme Lost Zweig, de Sylvio Back - junto com o pianista Guilherme Vergueiro, em 2002.

Show

Lançado pela gravadora Biscoito Fino, em 2006, o álbum Jazzmin - que terá algumas canções no repertório do show no Sesc - é um encontro repleto de harmonia entre a tradição suingada do trombone do músico e a sonoridade do jazz elétrico influenciado pelo fusion americano do grupo formado por quatro jovens de Curitiba - Natocaia -, que Raul conheceu no Chivas Jazz Festival de 2004 e adotou como filhos musicais.

Além de novas composições - como Violão Quebrado, Yolaine e Sweet Lucy - o trombonista também reservou para a apresentação canções de Tom Jobim (Piano na Mangueira), George Duke (St. Remy), Mario Conde (Tema para Raul e 7 Maluco) e Glauco Sölter (Nos Conformes). O show também será transmitido ao vivo pelos portais do IG e do Sesc.

Clique aqui para ouvir Raul de Souza no MySpace.

Dia 28/04, às 19h.

Entrada franca (é preciso retirar ingressos com uma hora de antecedência).

Sesc Avenida Paulista - Avenida Paulista, 119; (11) 3179-3700; www.sescsp.org.br/sesc

Pequeno Príncipe independente

Thiago Pethit: veludo envolvente

Crédito: Gui Mohallem/Divulgação

Por Silvio Luz

Há dois anos atuava nos palcos e fazia caras e bocas, mas ainda não havia encontrado a sua essência artística. Ele é Thiago Pethit, o Le Pethit Prince, paulistano de 26 anos que, com voz aveludada e envolvente, prende o ouvinte por meio de sonoridade dificilmente enquadrada em definições musicais engessadas. O que ele faz é emocionar quem o ouve. Nesta quarta-feira (29/04), o cantor se apresenta no Studio SP, às 21h, com entrada gratuita, ao lado de Nina Becker, Silvia Machete e Dudu Tsuda.

Em português, francês, inglês ou espanhol, o que importa mesmo são as melodias bem construídas e o aconchego versátil que Thiago transmite. O músico busca referências no teatro, no cinema e na literatura para amarrar cada fio de sua virtuosa teia sonora, que remete, muitas vezes, aos cabarés franceses.

No ano passado, ele lançou o primeiro EP da carreira, Em Outro Lugar, com seis músicas, e na semana passada, disponibilizou para download gratuito o single Fuga Nº 1, um folk que enlaça até os mais desatentos, com pitadas de temas circenses, além da emoção que o cantor sempre imprime em suas canções.

Confira abaixo entrevista exclusiva com Thiago Pethit, sobre a moda do folk, rótulos, música independente, mistureba de artes, entre outros assuntos.

Agregar outras artes à música é uma tendência atual?

Thiago Pethit - Agregar elementos diferentes é uma tendência em todas as áreas, não só na música, me parece. Não poderia ser diferente à nova geração: crescemos ouvindo falar em globalização, internet, um mundo que, de repente, se tornou pequeno e estreitou as fronteiras entre todos os assuntos.

Como surgiu a idéia de misturar cinema, teatro, musicais e poesia na sua música?

Thiago Pethit - No meu processo essa junção foi muito natural. Fui um adolescente super cinéfilo, fiz teatro até dois anos atrás e mudei de carreira exatamente para contemplar a minha necessidade de unir todos esses mundos em uma só expressão. Tudo já coexistia. Os poemas eu escrevia e guardava, e neles já estavam as fruições imagéticas que eu tinha com o cinema. Musicar tudo isso foi a minha descoberta.

Sua relação com o público não é uma novidade, já que tem experiência como ator. Qual a diferença entre subir ao palco para cantar e subir ao palco para atuar?

Thiago Pethit - Sinto o palco como uma espécie de lente de aumento, ironicamente vista a olho nu (risos). Tanto no teatro quanto na música, todas as virtudes e imperfeições estão expostas. Talvez o que mude seja a mágica de condução do olhar do público. No teatro, eu podia mascarar qualquer insegurança através de um personagem, levar o público a ver o que eu queria através dessa persona e de uma história. Na música, a exposição recai um pouco mais sobre mim. É verdade que me sinto muito mais exposto cantando, sem personagem ou história fictícia. Sou eu. São justamente as fragilidades, forças e verdades das minhas próprias histórias que vão fazer a condução.

É difícil se destacar com originalidade no cenário musical hoje no Brasil, apesar da internet promover maior liberdade para divulgação dos trabalhos de artistas independentes?

Thiago Pethit - A internet tornou tudo mais democrático e isso deu maior liberdade aos artistas para criar sem ter de responder a uma demanda mercadológica. Tanto essa criação quanto a divulgação de trabalhos, sem esse conteúdo online, estariam perdidos por aí. Mas sua pergunta já afirma os dois lados da moeda. O lado B é que também perdemos muita coisa entre tanta informação disponível e não filtrada.

Você acha que o folk está na moda? Hoje podemos ver muitos artistas independentes brasileiros se enveredando para esta vertente da música.

Thiago Pethit - Modismos sempre existiram. É complicado falar sobre rótulos, sejam quais forem. Antigamente, um rótulo parecia desmerecer ou esvaziar o trabalho de um artista. Atualmente, o mundo de que falamos, o excesso de informações, o estreitamento de conteúdos, tudo isso esvaziou de sentido os próprios rótulos. Então prefiro não pensar sobre o folk como conteúdo musical puro. Vejo sim uma tendência dos artistas no mundo todo de criar músicas mais orgânicas, voltadas a essa sonoridade dos anos 60 e 70, e com instrumentos que estavam inutilizados na música pop contemporânea, como o violão, o piano acústico e o acordeon.

Qual seu conselho para os jovens iniciantes na música independente? É válido sonhar que um dia será possível viver de música no Brasil?

Thiago Pethit - Também estou aceitando conselhos (risos). Eu diria que talento e muito trabalho já é um começo, pois não basta ser um bom músico e pensador sobre o próprio trabalho. Produzir, divulgar, vender shows, criar estratégias, clipes, fotos, tudo isso está também na mão dos artistas iniciantes. Acredito que uma hora tudo isso vai fazer algum sentido, financeiramente. Eu ainda o desconheço (risos).

Qual sua expectativa para o show desta quarta (29/04), ao lado de Nina Becker, Silvia Machete e Dudu Tsuda?

Thiago Pethit - Estou super ansioso para esse show. Acho que vai ser bem lindo e, para mim, será a comemoração de um ano do começo das gravações do meu primeiro EP e dessa estreia na música. Estou muito feliz de contar com artistas que eu admiro tanto e que estarão me acompanhando nesse dia.

Clique aqui para acessar o site oficial de Thiago Pethit e fazer o download do single Fuga Nº 1. Outras canções podem ser conferidas no MySpace do cantor.

Dia 29/04, às 21h.

Projeto Cedo & Sentado. Entrada Franca.

Studio SP - Rua Augusta, 591; (11) 3129-7040; www.studiosp.org

sábado, 25 de abril de 2009

O segredo é misturar

Projeto Catarse reforça arte como movimento

Crédito: flickr.com/photos/andersonbarbosa

Por Silvio Luz

A mistura é o mote do projeto Catarse, que já está em sua 6ª edição e oferece espaço para diversas manifestações artísticas - teatro, dança, fotografia, circo, artes pláscitas e arte em vídeo - partindo de um ponto único, a música. Desde a última quinta (23/04), a Choperia do Sesc Pompéia recebe apresentações que dialogam entre si. Neste sábado (25/04), no encerramento do evento, às 21h, um dos destaques é o bloco de percussão Ilú Obá de Min, composto só por mulheres. Cada apresentação tem duração de 10 minutos.

Em meio aos djembês, alfaias, xequerês e agogôs, cantoras e corpo de dança apresentam cantigas do candomblé e composições próprias, com o objetivo de difundir a cultura afro-brasileira, tendo como base ritmos do candomblé, maracatu e sambafro, entre outros.

O cantor e compositor Fred Martins é outro que se apresenta neste sábado dentro do projeto. Fred é autor de músicas que ficaram famosas nas vozes de Zélia Duncan e Maria Rita, por exemplo.

Diversidade

“A proposta do Catarse é reunir artistas com trabalhos consistentes e diferentes entre si para essa catarse cultural coletiva. O projeto mostra o que se produz, hoje, na cidade de São Paulo, nas mais variadas tendências artísticas. A tônica principal é, sem dúvida, a diversidade cultural”, diz Luiz Gayotto, diretor do evento.

O projeto surgiu sem grandes pretensões, em junho de 2001, quando Gayotto reuniu um grupo de artistas no extinto Teatro Crowne Plaza, respeitando a individualidade artística. O evento deu tão certo que se consolidou como um manifesto e um movimento artístico articulado, e ganhou um espaço maior, o Sesc Pompéia.

Quem já mandou seu recado

Na edição deste ano, 39 artistas ou grupos foram convidados para o Catarse, entre eles Andreia Dias, Astronautas do Amor, Balacabala, Bloco Ilú Obá de Min, Celso Borges, Cérebro Eletrônico, Chico César, ChicoCorrea&PocketBand, Cia. São Jorge de Variedades, Cris Aflalo, Dani Lasalvia, Danilo Moraes, DJ Tudo e a Garrafada, Fanta Konatê, Los Goiales All Stars, Fred Martins, Gero Camilo, Gil Duarte e Sistema Azimov de Som, Cia. Linhas Aéreas, Lívia Mattos, Lufe Steffen, Luiz Gayotto, Maçaroca, Marcela Bellas, Nas Trilhas de Almodóvar, Natália Mallo, Núcleo Omstrab, Reféns, Ricardo Teté, Sandra Miyazawa, Sim One Sou, Trezazez, Tuca Fernandes, UmdoUmdoUm, Urban ToTem, Zimbher e o Zunido e Xarlô.

Clique aqui para conferir todas as apresentações deste sábado.

Dia 25/04, às 21h.

Entrada: de R$ 2,00 a R$ 8,00.

Sesc Pompéia - Rua Clélia, 93; (11) 3871-7700; www.sescsp.org.br

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Surpresa paralâmica

Os Paralamas do Sucesso renovam site oficial

Crédito: myspace.com/osparalamas

Por Silvio Luz

No rastro do começo da nova turnê dos Paralamas do Sucesso, com o disco Brasil Afora, a banda lança uma novidade: o site oficial foi totalmente reformulado. O endereço é o mesmo, mas o conteúdo é bem variado, com a história detalhada do grupo e dos discos já lançados até hoje, além do investimento em forte interação com o público.

Uma das surpresas reservadas aos fãs é uma sessão especial na qual Herbert Vianna relembra histórias emocionantes que foram responsáveis pela formação e desenvolvimento da banda, e em outra ferramenta o internauta poderá conferir vídeos com os Paralamas ensinando a tocar baixo, bateria ou guitarra, com músicas do grupo.

A banda também disponibilizou o videoclipe da música A Lhe Esperar. Clique aqui para visualizar o novo site. A partir de maio, os Paralamas iniciam turnê do novo álbum, passando por Vitória , Corumbá (MS), Campo Grande, Florianópolis, Curitiba, Guarapuava (SP), Avaré (SP) e um show para a Radio Band FM, em São Caetano do Sul. Para conferir a agenda completa, acesse a página da banda no MySpace.

Confira o videoclipe A Lhe Esperar:

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Nova de uma banda nova

Banda mineira lança primeiro videoclipe

Crédito: myspace.com/bandarocknova

Por Silvio Luz

Sem grandes efeitos ou superprodução, o videoclipe da música Nova - o primeiro da carreira da banda Rocknova, de Belo Horizonte - tem como ponto positivo a penumbra que envolve o ambiente e não oferece pistas e indícios do local onde os músicos estão tocando. O vídeo foi lançado oficialmente na última quarta-feira (22/04), em Belo Horizonte.

Apesar de ter sido gravado com um recurso rápido e simples - cenas apenas da banda cantando a canção -, o clipe ganha força por evidenciar a sonoridade do Rocknova. Exemplo disso, são os segundos finais de pura escuridão e apenas alguns flashs de luzes.

Clique aqui para conferir o videoclipe, dirigido e produzido em família, por Cristiano Lago, Gustavo Lago e Alysson Lago.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Placebo de videoclipe novo

Banda tem mais novidade de Battle For The Sun

Crédito: rockinpress.wordpress.com

Por Silvio Luz

E a PIAS (Play it Again Sam), nova gravadora da banda britânica Placebo, parece ter montado uma estratégia inteligente para o lançamento do disco Battle For The Sun, que deve chegar às lojas em junho deste ano. Até agora, já foi liberada para download gratuito no site oficial do grupo a música que dá título ao CD, enquanto que nesta semana foi disponibilizado o videoclipe do que será o primeiro single do sexto trabalho de estúdio.

For What It's Worth pode ser assistido na página pessoal do MySpace da banda. Dançante e contagiante, a canção logo estará nas pistas de dança de todo o mundo, pelo menos das casas que ainda se dizem undergrounds. O vídeo de menos de três minutos alterna imagens da banda tocando e imagens de pessoas acompanhadas de suas respectivas tarjas explicativas.

Clique aqui para conferir com os próprios olhos e ouvidos. Preste atenção também ao novo visual do vocalista Brian Molko, que está um tanto diferente. Para a direção do vídeo, a banda chamou Howard Greenhalgh, o mesmo que já tinha trabalhado com os britânicos em clipes como Special K e The Bitter End.

Será que a banda vai aparecer com mais uma surpresa antes do lançamento oficial? Os fãs esperam que sim, já que estão bem ansiosos para conferir o novo álbum na íntegra. O site Placebo.br, organizado e produzido por fãs brasileiros, já está na contagem regressiva: 46 dias e menos de 12 horas.

Clique aqui para ouvir Placebo no MySpace.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Lenine e sua Labiata

Cantor faz show no Sesc Interlagos neste feriado

Crédito: myspace.com/lenineoficial

Por Silvio Luz

"Hoje eu quero sair só/ Não demora e estou de volta...". Esta é uma das canções de Lenine que sempre levantam o público, criando uma espécie de cumplicidade e união entre os presentes no show. Foi o que cantor conseguiu no último domingo (19/04), no Sesc Itaquera, com entrada a preços bem populares. E ele repete a dose nesta terça (21/04), feriado de Tiradentes, no Sesc Interlagos, às 15h.

Atualmente, Lenine está divulgando seu mais recente disco, Labiata, lançado no ano passado, e com música até em trilha de novela da TV Globo. O pernambucano sempre consegue falar com seu público cativo de forma descontraída e íntima, e quando sobe ao palco, todos já estão entregues aos seus acordes e vocais.

Então, anote aí na agenda: show de Lenine no Sesc Interlagos, neste feriado, às 15h, com ingressos de R$ 3 a R$ 6. O repertório da apresentação é composto pelas músicas de Labiata e por canções responsáveis pela consagração do músico, como Do It, A Rede, Acredite ou Não, Lavadeira do Rio, entre outras.

Clique aqui para ouvir canções de Labiata no MySpace de Lenine. No site oficial é possível conferir o vídeo da música Do It, executada no show do Sesc Santo André, no último sábado (18/04).

Dia 21/04, às 15h.

Ingressos: de R$ 3,00 a R$ 6,00.

Sesc Interlagos - Av. Manuel Alves Soares, 1100; (11) 5662-9500; www.sescsp.org.br

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Entrevista - Rocknova

Grupo mineiro: força para os independentes

Crédito: Divulgação

Por Silvio Luz

A banda Rocknova abriu o festival Conexão Vivo, em Belo Horizonte, na última sexta-feira (17/04), e não decepcionou: fez jus à votação do júri popular que, com quase 1.000 votos, colocou a banda entre as atrações do reconhecido evento de música, que sempre dá espaço para os artistas independentes.

O Rocknova lançou no ano passado o primeiro disco de estúdio e já colhe bons frutos por ele. O que eles querem agora é sair divulgando a música pelo país e para o maior número de pessoas possível. É o que diz o vocalista Gustavo Lago em entrevista exclusiva ao Entrete[discer]nimento.

Álbum

A canção Por Perto se sobressai pela potência roqueira e constante, acompanhada de guitarra e baixo casados na intenção de destacar ainda mais a letra de refrão fácil de ser assimilado. As viradas da bateria de Nenel também contribuem para a faixa potente. "O amor só existe se incomoda alguém/ o amor me incomoda" é um trecho pegajoso, no sentido bom da palavra, da música Desencanto, com seu clima melancólico e gritante, típico dos apaixonados com dor de cotovelo.

Depois da audição do disco de dez faixas, os belorizontinos deixam a impressão de terem conseguido atingir o objetivo: produzir uma sonoridade rock com um viés pop e de melodias gostosas de se ouvir.

Bate-papo

Confira abaixo a entrevista com o vocalista Gustavo Lago, na qual falou sobre cenário independente, festivais em Belo Horizonte, gravação do primeiro videoclipe, entre outros temas.

Como está sendo a recepção do público em relação ao primeiro disco de vocês? A boa votação do júri popular no Festival Conexão Vivo se deve a quê?

Gustavo Lago - A recepção ao disco, desde o lançamento, está sendo muito positiva. Várias rádios se disponibilizaram a tocar as nossas músicas espontaneamente. Além disso, fomos selecionados para participar de festivais de música independente, como o Grito do Rock e o Conexão Vivo 2009. E acho que, no caso desse segundo festival, a boa votação se deve à seriedade e ao trabalho incessante que dedicamos à banda desde a sua formação, em 2007. A boa aceitação do público é um reflexo disso. Pudemos contar com o voto de todas as pessoas de nosso convívio que tiveram o carinho de espalhar a nossa campanha, como uma corrente em prol do projeto Rocknova. A essas pessoas devemos agradecer inúmeras vezes.

Por falar no Conexão Vivo, como foi a apresentação na última sexta (17/04)?

Gustavo Lago - Para nós foi super positiva. A estrutura era maravilhosa. A equipe, nem se fala. Pudemos dar continuidade ao nosso trabalho e divulgá-lo para um público novo que ainda não tinha acesso a ele. A energia estava alta e as pessoas que estavam lá assistindo foram bastante receptivas. Foi uma experiência indescritível para a banda e a gente só tem a agradecer a todos que colaboraram para que a gente pudesse estar lá.

Apesar das boas [merecidas] surpresas no cenário independente atual, vocês não acham que a internet tomou um pouco o lugar da TV, para o bem ou para mal, inclusive construindo ícones e bandas que logo saem de cena?

Gustavo Lago - A internet, assim como todos os veículos de comunicação, tem seus prós e contras. Tem um lado positivo que é uma maior democratização da visibilidade dos artistas. Hoje, qualquer artista tem a possibilidade de fazer sua gravação e divulgá-la de maneira muita rápida e, de certa forma, com muita eficácia. A questão é que, por serem independentes, esses artistas não criam vínculos com nenhum contrato e, por isso, não possuem garantia de divulgação de seus trabalhos posteriores, o que tem, como consequência, a rápida saída de cena de uma grande gama de artistas, como pontuado na pergunta. Mas, acho que isso, por outro lado, tem um caráter positivo, que é uma seleção pela qualidade real dos trabalhos. Acredito que, mesmo sem um contrato ou garantia, os bons artistas perdurarão e suas obras terão a longevidade merecida.

Como é o cenário de festivais independentes em BH?

Gustavo Lago - O atual momento belorizontino é de uma fase ascendente no que diz respeito à música independente. Particularmente, não me lembro de ter visto, em outra época, tantas bandas unidas tentando criar seu próprio cenário musical. Vários movimentos estão sendo criados na cidade para que os artistas tenham espaço para divulgar seus trabalhos, e esses movimentos são encabeçados por eles próprios, que, felizmente, resolveram apoiar uns aos outros. Isso é muito bom.

Foi da lacuna que vocês resolveram criar o projeto que dá visibilidade a novas bandas?

Gustavo Lago - Um dos projetos criados em Belo Horizonte foi o que nós idealizamos. Trata-se de um festival de artistas chamado Fórmula Indie. Ele teve três edições no ano passado, e nós pudemos contar com o apoio de vários músicos participantes como, por exemplo, Ricardo Koctus, do Pato Fu, que está lançando seu projeto solo de maneira independente. Contamos, também, como a presença de Leonardo Marques, do Transmissor, do Boxexa, que era do Cartoon, do Sânzio Brandão, do Calix, dentre vários outros. No Fórmula Indie, além de música, também houve apresentações de artistas plásticos, pintores e fotógrafos, possibilitando que pudessem expor suas obras. Então, acho que é isso. Temos, de fato, que preencher as lacunas que impossibilitam o andamento do artista, achando soluções para viabilizar os trabalhos. O que não pode é ficar parado.

Quais são os artistas referências para a banda? Como isso é traduzido na sonoridade do Rocknova?

Gustavo Lago - Essa é uma pergunta que nós temos uma certa dificuldade para responder, devido ao fato de que são muitas as influências, que vão desde a bossa nova ao rock, de bandas sessentistas, como os Beatles - que, por sinal, servem de referência para quase todos os músicos - até artistas mais contemporâneos como os Strokes, por exemplo. Isso influencia, direta ou indiretamente, as nossas composições, é claro. Acho que no som do Rocknova é visível, ou melhor, audível, um viés moderno do rock, misturado com melodias do pop, que acaba sendo reflexos do que escutamos.

O Borba é o principal compositor das canções deste primeiro disco. Ele é o compositor 'oficial' ou foi apenas uma seleção natural no repertório para o álbum?

Gustavo Lago - Não há isso de “oficial” ou “principal”. Todos nós temos liberdade para trazermos contribuições para o grupo. O Borba é, de fato, o compositor da maioria das músicas do primeiro disco. Sete das dez canções são dele. Ele é, também, junto com o Xerllez, o idealizador do Rocknova. Quando a banda começou, algumas canções já estavam compostas, o que fez com que o disco tivesse um número expressivo de músicas de sua autoria. Mas, a seleção foi feita de forma bastante natural. A banda coletivamente foi elegendo, dentre as composições que tínhamos, aquelas que soavam melhor aos nossos ouvidos e, assim, fomos fechando o repertório.

Depois do Festival Conexão Vivo, quais são os próximos passos do Rocknova?

Gustavo Lago - O próximo passo é manter a seriedade e o afinco com que foi realizado o trabalho até agora. Estamos lançando, nesta semana, nosso primeiro videoclipe, da música Nova, feito de maneira totalmente independente. Estamos com shows marcados pelo Brasil e a idéia é continuar divulgando nosso disco e seguir colhendo os frutos do esforço que viemos e continuaremos plantando.

Para ouvir músicas do Rocknova - formado por Gustavo Lago (violão e voz), Borba (guitarra), Xerllez (baixo) e Nenel (bateria) - clique aqui. O primeiro clipe da banda será lançado nesta quarta-feira (22/04), na casa Ora Bolhas, em Belo Horizonte.

sábado, 18 de abril de 2009

Caetano Veloso de cara nova

Zii e Zie: transambas bem caetanísticos

Crédito: ctt.pt

Por Silvio Luz

Depois de um intenso processo de criação, todo ele registrado no blog Obra em Progresso, Caetano Veloso finalmente lançou seu novo álbum. Zii e Zie (Tios e Tias, em italiano), chegou às lojas na última terça-feira (14/04), com participação da banda Cê - formada por Pedro Sá (guitarra), Ricardo Dias Gomes (baixo e teclados) e Marcelo Callado (bateria) -, que acompanha o cantor desde 2006. O álbum tem uma espécie de sobrenome, Transambas, e tem alguns destaques no repertório: Lobão Tem Razão e A Base de Guantánamo.

No texto de divulgação do CD, Caetano falou sobre o sentido que quis imprimir ao disco, a banda Cê, letras e arranjos, entre outros assuntos. Confira:

"Um passo a dar com a banda do "Cê" (hoje banda Cê) e a lembrança permanente daquele disco de Clementina com Carlos Cachaça. Incompatibilidade de gênios e Ingenuidade estão em Zii e Zie porque são as faixas núcleo daquele disco, as que ficaram sempre acesas na memória. Não tenho um exemplar do disco de Clementina comigo. Talvez um vinil tenha ficado na casa de Dedé e hoje Moreno o achasse. Mas nem perguntei a ele. Num dos primeiros ensaios da série Obra em Progresso, aquele em que Jaquinho foi o convidado, quis ensaiar Incompatibilidade e comentei com Pedro, Ricardo e Marcelo que na minha lembrança Clementina cantava em, digamos, dó maior, em vez do lá menor do João Bosco. Tinha na memória uma harmonia mais convencional quando ouvi a gravação desse samba com o autor pela primeira vez: a que tinha ouvido antes com Clementina. Achei que João Bosco tinha feito uma rearmonização e desejei voltar ao jeito que está no disco dela. Mas não estava certo de que minha lembrança não fosse uma ilusão. Jaquinho então disse: "por que você não faz em dó maior, se é isso que você está sentindo?". Tentei achar a gravação de Clementina ali na hora (Moreno não ia aos ensaios), na internet, mas não achei. Achei uma exuberante e espetacular de João Bosco ao vivo no YouTube. Em lá menor, claro.

Me pergunto se há muita coisa melhor do que aquilo no mundo. Mas minha idéia era totalmente oposta à daquele tratamento jazzístico moderno e com um suingue de samba tão profundamente sentido por todos os músicos que chega a doer. Voltei para a sala de ensaio com vontade de talvez nem cantar a música. E com a certeza de que, se o fizesse, seria em lá menor: o dó maior seria bonito numa versão ingênua que quisesse ser o que Clementina soava pra mim. Na versão simplificada mas nada ingênua que eu imaginava, o centro tonal em lá menor - e os acordes tensos ao seu redor - era o que se exigia. A batida monótona tinha de o ser tanto quanto a de Perdeu, embora um tanto diferente: partindo da idéia básica da batida de Bosco. Experimentamos. E a canção entrou não só no show seguinte como está no disco.

Me demoro contando sobre a entrada de Incompatibilidade de gênios (e algo sobre a de Ingenuidade) em Zii e Zie porque acho que isso joga luz sobre todo o sentido do novo disco. Conhecendo o que eu sugeri para Perdeu (e o que, juntos, conseguimos com esse transamba), os três caras da banda intuíam o que deveria estar em minha cabeça como tratamento para Incompatibilidade. Mas as mudanças por que o projeto de arranjo passou em minha mente eles não acompanharam. Voltei do computador decidido a incluir a música no disco e dizendo que a versão de João era humilhante, mas que a gente faria um "transamba", enquanto ele fazia "samberklee". A piada era boa e fez rir. Não dá para competir: nossa versão apenas mostra uma abordagem diferente, que talvez suscite outras interpretações desse samba obra-prima. Isso diz muito do que fazemos, nesse disco, com o samba em geral."

Intrigantes

"De Diferentemente (a mais velha das canções do CD) a Lapa (a mais nova), todas as composições nasceram comigo usando batidas de samba no meu violão - e buscando frases melódicas que evocassem a tradição do gênero. As únicas exceções talvez sejam Por quem? e Sem cais. Digo "talvez" porque para Por quem? sempre imaginei uma bateria dobrando uma transbossanova sobre o ternário às avessas do meu violão - e a balada de Sem cais já veio à mente de Pedro com muito samba dentro. Pode ser que alguém ache difícil reencontrar isso em Menina da Ria ou mesmo em Lobão tem razão. Mas eu digo que, embora em A cor amarela haja explícitas palmas de samba-de-roda, há mais samba na base daquelas duas canções (e em Tarado ni você) do que no axé light da menina preta. Mantive as minhas batidas de violão do momento da composição em todas as gravações. Sugeri relações de contraste ou de distorção entre elas e a atividade dos outros instrumentistas. Chegamos a coisas muito bonitas e, mesmo para nós, intrigantes.

Zii e Zie é um disco feito com a banda Cê, concebido para ela. Ela tinha sido concebida para fazer o disco Cê. Por isso há mais unidade na partida do Cê do que na chegada, ao passo que há mais unidade na chegada do que na partida do Zii e Zie. Para nós quatro foi custoso reconhecer essa verdade (que pareceu óbvia a ouvintes não envolvidos na feitura).

Cê foi concebido para criar uma banda. Mas foi um disco de letras muito pessoais minhas. Eu olhava para meu entorno próximo. Em Zii e Zie, as letras olham para mais longe. Atém-se majoritariamente ao Rio, mas aí vai a lugares variados: da favela ao Leblon, da Lapa à praia; de Chico Alvez a Los Hermanos; de anônimos típicos a celebridades atípicas, como Kassin, a combinações inusitadas de personalidades cariocas, como Guinga e Pedro Sá. Mas as letras olham para mais longe de mim também: Guantánamo, grutas do Afeganistão, Washington. Voltam os nomes próprios e o tom de comentário dos signos dos tempos que sempre fizeram presença em meu repertório."

Claro e denso

"Tudo contribuiu para que este viesse a ser um disco mais de banda do que o anterior. Moreno e Daniel Carvalho ficaram mais felizes com o material sonoro que produzíamos. E nós nos sentíamos ainda mais relaxados no diálogo com eles dentro do estúdio. Pedro foi mais um produtor que dirige a feitura da música. Moreno, mais um produtor que dirige a feitura do som. Daniel era responsável pela técnica de captação. Moreno tem um ouvido muito fino para gravação, mixagem e masterização. Ele ilumina os técnicos. E o tratamento sonoro que ele e Daniel trazem ilumina a música.

Zii e Zie é um disco muito claro e denso, nascido num ano de chuvas no Rio, um ano de nuvens pesadas e escuras, sem metáfora. É um disco que saúda a era Fernando Henrique/Lula e fala de ambições de ascensão do Brasil no cenário mundial num tom de tristeza íntima mitigada. Entro na velhice. Pedro e Moreno estão no auge da idade adulta. Marcelo e Ricardo chegam a ela. Somos pessoas de gerações diferentes partilhando interesses musicais e humanos semelhantes. E com assustadas expectativas de futuro soando em nossas cordas metálicas, plásticas, mucosas."

Confira no site Obra em Progresso - que não está mais recebendo comentários dos leitores - o que Caetano fala sobre os próximos shows de divulgação do álbum Zii e Zie, que devem começar no próximo mês, no Canecão, no Rio.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Orquestra Popular da Bomba do Hemetério

Grupo recifense tem virilidade e autenticidade musical

Crédito: Beto Figueiroa/Divulgação

Por Silvio Luz

Bebendo na fonte de intensas pesquisas em países do exterior, sobretudo de lugares diversos da Europa, e valorizando os ritmos regionais, preferencialmente o frevo, a Orquestra Popular da Bomba do Hemetério é mais um bom presente que Recife nos oferece. A banda participou do programa Ensaio da última quarta-feira (15/04), na TV Cultura, e lançou em 2007 o primeiro CD, intitulado Jorrando Cultura, com 11 faixas, que ganhou até um registro em DVD. Neste domingo (19/04), a Orquestra se apresenta na Festa da Pitomba, em Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco.

Autenticamente brasileiro, o grupo formado em 2002 na comunidade da Bomba do Hemetério, em Recife, desenvolve de um jeito bem característico releituras de grandes obras da música instrumental e também apresenta ao público composições autorais que se destacam pela virilidade sonora e desenvoltura nas apresentações. Um bom exemplo dessa vivacidade toda é a música Suíte América, que mistura frevo com côco. Além disso, há espaço para o maracatu, ciranda e caboclinhos na música da OPBH.

Orgulho recifense

A banda de 21 profissionais, entre músicos e técnicos, se reúne duas vezes por semana para criar, compor e dar sequência à pesquisa musical, que nunca para. O Maestro Forró, líder da Orquestra, diz que todos os integrantes ainda moram no mesmo bairro onde a banda foi formada e não pretendem se mudar, pois lá é a casa de todos. No texto introdutório do primeiro disco, ele agradece a todos os personagens que são essenciais para a comunidade da Bomba do Hemetério.

"Tenho um enorme privilégio de ter nascido na Bomba do Hemetério, uma comunidade brincante por natureza e dona de um poder gerador de estrelas do mais alto nível de luminosidade artística e cultural. É pertinente citar ao menos uma parte dessa gigantesca constelação: Zé Amâncio do Côco, seu Nelson do boi, seu Luis do maracatu, seu Geraldo do reisado, dona Juraci da "Tribo Canindé", dona Alzira de Abanadores, dona Nêna da troça "Tô Chegando Agora", Zé Pretinho violeiro, Mestre Amaro Peninha, Mestre Zacarias do Gigante do Samba, entre outras que brilham incessantemente nesta comunidade da zona norte do Recife".

Para conferir a sonoridade da Orquestra Popular da Bomba do Hemetério - composta por Maestro Forró, Parrô, Leleu, Evandro Nóbrega, Duda, Roberto, Patrício, Metralha, Moacir, Cazuza, Bira Simao, Alberico José Cícero Baton, Waltinho, D'Ângelo Espíndola e Valéria - é só acessar a página pessoal no MySpace.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Virada Cultural 2009

Evento espera receber mais de 3,5 milhões de pessoas

Crédito: proximoshow.com.br

Por Silvio Luz

Música, dança, cinema, teatro e intervenções artísticas são alguns dos ingredientes preparados para o quinto ano da Virada Cultural, que já está mais do que consolidada no calendário cultural da cidade. Durante 24 horas, entre os dias 2 e 3 de maio, Sampa vai respirar arte para todos os lados, sobretudo no centro histórico, onde acontece os principais espetáculos dentre os 800 programados. A organização do evento espera que, neste ano, o público da Virada seja superior a 3,5 milhões de pessoas.

Confira as principais atrações:

Avenida São João - Para dar largada à 5ª Virada Cultural, as sirenes do grupo francês Mecanique Vivant, instaladas sobre os edifícios da região da Praça do Patriarca, vão anunciar a série de shows e espetáculos. A primeira apresentação musical, que abrirá oficialmente a sequência de atrações, será no grande palco da Avenida São João com Jon Lord e Orquestra Sinfônica Municipal. O tecladista e organista do Deep Purple vai apresentar seu Concerto Para Grupo e Orquestra de 1969. No mesmo palco, subirão ao longo da noite e madrugada afora Geraldo Azevedo, Marcelo Camelo, Tim Maia Racional (apresentado por Instituto, Bnegão, Thalma e Dafé), Tribo de Jah, Cordel do Fogo Encantado, Zeca Baleiro e Novos Baianos. Maria Rita encerrará a festa.

Largo do Arouche - O palco do Arouche foi reservado para os românticos. O público vai poder conferir as apresentações de Benito di Paula, Luis Ayrão, Wando, Reginaldo Rossi, Beto Barbosa, Wanderley Andrade, Bartô Galeno, Jane e Herondi, Silvio Brito, Odair José e Wanderley Cardoso.

Teatro Municipal - Releituras de trabalhos renomados de grandes artistas brasileiros. É isto o que o público vai poder apreciar no Teatro Municipal. Subirão ao palco Arrigo Barnabé e banda Sabor de Veneno (Clara Crocodilo), Egberto Gismonti (Alma), Tom Zé (Grande Liquidação), Chico Cesar (Aos Vivos), Violeta de Outono (Violeta de Outono), Cama de Gato (Cama de Gato), Fafá de Belém (Água), Francis Hime e Orquestra Experimental de Repertório (Francis Hime) e Beto Guedes (Alma de Borracha).

Praça Dom José Gaspar - Como nos anos anteriores, a praça será palco de grandes concertos de piano, no projeto que acontece durante todo o ano chamado Piano na Praça. As atrações de 2009 são: Duo Lumina, Duo Gis Branco, Vitor Gonçalves, Lulinha Alencar, Pepe Cisneros, Beto Betrami, Leandro Cabral, Edson Sant'anna, Beba Zanettini, Rafael Vernet, Délia Fischer e Mário Moita.

Estação da Luz - O palco 20 anos sem Raul, localizado na Avenida Cásper Líbero, fará uma homenagem ao cantor e compositor Raul Seixas, morto há exatos 20 anos, e já recebe o apelido carinhoso de "Palco Toca Raul!". As dezenove bandas que se reunirão no local farão um passeio pela carreira do cantor, tocando todos os seus álbuns, na íntegra, em ordem cronológica. O primeiro show será da banda original de Raul, Os Panteras. A programação conta ainda com as presenças do último kavernista Edy Star, Vivi Seixas (filha do cantor), Kika Seixas (ex-mulher) e do roqueiro Nasi. A derradeira atração traz a última parceria do roqueiro baiano, com Marcelo Nova.

Largo Santa Efigênia - Novos músicos da atual cena musical paulistana sobem ao palco do Largo Santa Efigênia. São eles: Anelis Assumpção, Iara Rennó, Lívia Nestrovski, Danilo Moraes, Curumin, Rockers Control, DJ Tudo, Os Pamonheiros, Banda Cayana, Leo Cavalcanti, Marcelo Jeneci, Por quê?, Bárbara Rodrix, Dani Black e Pedro Altério, Comadre Fulozinha.

Praça da República - O rock brasileiro e seus grandes nomes, além de bandas revelações, tomam conta do palco da Praça da República: Tutti-Frutti, O Som Nosso de Cada Dia, Joelho de Porco, Camisa de Vênus, Velhas Virgens, Los Goiales all Stars, MQN, Matanza, Vanguart, CPM 22, Nação Zumbi, Nasi, The Electric Sitar Experience e Central Scrutinizer Band, grupo especializado em covers de Frank Zappa. Na ocasião, Ike Willis, lendário cantor do grupo de Zappa, também sobe ao palco ao lado da Scrutinizer.

Palco Rio Branco - O samba-rock toma conta do público com as seguintes atrações: Sandália de Prata, Farufyno, Trio Mocotó, Clube do Balanço, Os Opalas, Sambasonics, Colomi, Balaco, Projeto Coisa Fina (Moacir Santos), Juliana Amaral e Gafieira etc e tal, Gafieira São Paulo e Havana Brasil.

Rua Conselheiro Crispiniano - O local recebe a música instrumental em diversas vertentes: Choro das Três, George Petit, Daniel Latorre Hammond Trio, Ménage, Macaco Bong, Freegideira, Charles M Trio, Roto Roots, Alessandro Penezzi, Danilo Brito, Gabriel Grossi, Kleztory, Ricardo Hertz.

Dança - Como nas outras edições, os espetáculos de dança têm seu lugar garantido. O Vale do Anhangabaú receberá a coreografia Fragile (dirigido e interpretado por Mauricio de Oliveira), Dualidade@br (com autoria do Balé da Cidade de São Paulo), La Valse (também idealizada pelo Balé da Cidade), Serenade (de São Paulo Cia. da Dança), Formas-me (de Mariana Piza), Ágape (Sopro Cia. de Dança), Só Tinha de Ser com Você (Quasar Cia. de Dança), O Animal Mais Forte do Mundo (Angelo Madureira e Ana Catarina Vieira), Pequenas Frestas de Ficção Sobre Realidade Insistente (Grupo Cena 11), Fábrica (Núcleo Omstrab), Baque da Aurora (Caracaxa), Batuntã, Les Sylphides (Corpo de Baile Jovem), Lúdico (Cia. Druw), Jogo de Dentro (Cia Danças), Enquanto Dure (Companhia de Ballet da Cidade de Niterói), Frutos da Terra (Cisne Negro Cia. de Dança), Trama (Cisne Negro Cia. de Dança), Bossa Nova (Ballet Stagium). Neste palco, no coração da festa, o sol de domingo vai raiar ao som do renomado percussionista Guem.

Clique aqui para conferir o mapa do evento, produzido por Guto Lacaz, e aqui para visualizar a programação completa da 5ª Virada Cultural.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Prata da Casa - Moinho

Moinho provoca paranóia delirante em Sampa

Crédito: coisasdamo.wordpress.com

Por Silvio Luz

"E ainda é uma gatinha", disse a percussionista Lan Lan sobre Emanuelle Araújo, enquanto o guitarrista Toni Costa apresentava as qualidades musicais e profissionais da vocalista da banda Moinho para o público paulistano na última terça-feira (14/04), na Choperia do Sesc Pompéia, dentro do projeto Prata da Casa. A sintonia entre as duas principais atrações da banda era latente e bonita de se ver no palco. Enquanto Emanuelle mostrava o seu remelexo baiano, com vocal chamejante, Lan Lan arrebentava com seus tambores, mostrando porque é uma das maiores percussionistas do país.

No repertório do show entraram as canções do disco de estreia da banda, Hoje de noite, lançado no ano passado. Segundo Emanuelle, o álbum foi feito a partir de grandes presentes de outros artistas e compositores. Entre os nomes sempre lembrados durante a apresentação, destaca-se Dorival Caymmi, que está presente no CD na canção Saudade da Bahia. Com um samba despreocupado e com arranjos delineados pela batucada solta, a música do Moinho é feita para tirar o pé do chão do começo ao fim. Sem descanso.

Esnoba

A canção Esnoba - que fez parte da trilha sonora da novela Beleza Pura, da TV Globo, e foi executada duas vezes durante o show - foi um dos destaques da noite. Outro ponto alto da apresentação foi Carnaval, com seu refrão "para abrir a roda e sambar" (Deu doizinho, deu doizinho/Fico doido pra sambar/Deu doizinho, deu doizinho/Fico doido pra sambar).

Entre os homenageados da noite figuraram Jorge Ben e Gilberto Gil, este último com a música Aquele Abraço, uma ode à Cidade Maravilhosa. Por falar nela, a banda Moinho vai gravar o primeiro DVD no final de maio, no Circo Voador. "Este show já faz parte da pré-produção desse trabalho, é um teste que já estamos fazendo", disse Emanuelle.

De Esquina

E a grande Cássia Eller não ficou de fora do repertório. A música De Esquina ("Esquina, Paranóia Delirante/Atrás de uma farinha loucura, na pane/A esquina é perigosa, é atraente") fez parte do bis com todo o seu teor rap e letra constestadora. Lan Lan, mais uma vez, brilhou ao lado de seus tambores. Mesmo pequena, ela parece gigante perto deles, com sua malemolência e intimidade certeira com os instrumentos percussivos.

O show é para lá de recomendável, pois o entrosamento e a presença de palco da banda ficam estampados em cada sopro, batida, acorde e sambas no pé. Enquanto não confere de perto a performance da banda ao vivo, ponha o CD para tocar, abra uma roda e chame os amigos para o samba, porque "quem não gosta de samba bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente do pé".

Clique aqui para ouvir Moinho no MySpace.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Instrumental Brasil - Carlos Malta

Multi-instrumentista solta sopro da luz sonora

Crédito: Divulgação

Por Silvio Luz

Para curtir boa música instrumental neste começo de semana é só marcar na agenda: comparecer ao Sesc Avenida Paulista, às 19h. Durante todo o mês de abril, a instituição promove o projeto Instrumental Sesc Brasil, que valoriza grandes artistas e revelações da música instrumental brasileira. Nesta terça (14/04), é a vez do multi-instrumentista Carlos Malta, que está com quase 30 anos de carreira, subir ao palco. Conhecido por ter feito parte do grupo de Hermeto Pascoal, o músico apresenta desde 1993 seu trabalho solo, marcado pelo primor com os instrumentos de sopro. "A iniciativa do Sesc é ótima, porque é preciso haver mais pontos de luz sonora espalhados pelo país para divulgar nossa música instrumental", diz ele em entrevista exclusiva.

O músico já tem 7 discos lançados e seus sopros podem ser conferidos em trabalhos de grandes nomes da música brasileira, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ivan Lins, Gal Costa, Roberto Carlos, Lenine, entre outros. No show do Sesc, o compositor, orquestrador, educador musical e band-leader será acompanhado dos músicos Daniel Grajew (piano e teclados), Guy Sasso (contrabaixo) e Richard Montano (bateria). Para o repertório, foram selecionadas canções presentes nos álbuns Pife Muderno, Pimenta e Coreto Urbano, como Rainha do Mar, Tudo Azul e Sou Sim Soul Sin, além de músicas de Pixinguinha (1x0), Gilberto Gil (Ladeira da Preguiça), Tom Jobim (Chovendo na Roseira) e Hermeto Pascoal (Santo Antônio).

Quem não puder comparecer ao show, pode assistir a transmissão ao vivo dos sopros de Carlos Malta pelos portais do IG e do Sesc. Após a apresentação, o artista participa de um chat, nestes mesmos endereços, comandado pela jornalista Patrícia Palumbo.

Na entrevista realizada no meio do último ensaio antes do show, Carlos Malta falou sobre o que é tocar instrumentos de sopro, a missão de ser músico, as semelhanças do público independente da nacionalidade, entre outros assuntos. Confira:

Qual a principal lição e a principal missão aprendida com a música nestes quase 30 anos de carreira?

Carlos Malta - Generosidade regada a muita paciência e sabedoria. Foi isso o que aprendi com a música nestes anos todos. Ser músico é uma missão.

Você já se apresentou em diversos lugares no exterior. Qual a diferença básica entre a receptividade do público de lá e de cá em relação à música instrumental?

Carlos Malta - Quase não há diferença. Quem gosta de música não fica dependente de idioma, pois a música instrumental já fala por si própria. Os públicos são muito semelhantes, por causa da pluralidadade e diversidade proporcionada pela música instrumental. Mesmo no Brasil, as pessoas se encantam com esse tipo de música, e muitos chegam até a pensar que não é produção nossa.

Sua produção é conhecida, em grande parte, pelo poder dos instrumentos de sopro, tanto é que chegou até a ser apelidado de "O Escultor do Vento". Qual a importância e a sua relação com estes instrumentos?

Carlos Malta - Como já disse, ser músico é assumir uma missão. E para o artista especializado em instrumentos de sopro essa missão é ainda maior, pois a entrega física dele é maior. Não que seja mais difícil, mas a pessoa tem que cuidar muito da saúde e do corpo, para alcançar uma capacidade aeróbica e de respiração adequada. No mais, é o instrumento que escolhe a gente, e não o contrário.

Como você consegue passear livremente por diversos projetos musicais, seja como músico, maestro, compositor, arranjador, band-leader, entre outras facetas? É o peso das quase três décadas de estrada?

Carlos Malta - Não diria que é um peso, mas essa experiência toda me dá o aval para desenvolver a arte em diversas direções. O som proporciona essa felicidade de atuar em várias áreas, seja ensinando, tocando, criando ou compartilhando.

O que está preparando para o show desta terça (14/04), no Sesc Paulista, dentro do projeto Instrumental Sesc Brasil?

Carlos Malta - Vou apresentar o meu trabalho de compositor, inclusive mostrando canções originais e inéditas, que ainda não foram executadas ao vivo. Vamos dar espaço também para compositores brasileiros e brincar com essa conversa entre os diversos instrumentos, mostrando como eles se comportam. O show será dinâmico e a platéia também vai participar. Será bem interativo. A iniciativa do Sesc é ótima, porque é preciso haver mais pontos de luz sonora espalhados pelo país para divulgar nossa música instrumental.

Clique aqui para conferir vídeos do instrumentista no site oficial.

Dia 14/04, às 19h.

Entrada franca (é preciso retirar ingressos com uma hora de antecedência).

Sesc Avenida Paulista - Avenida Paulista, 119; (11) 3179-3700; www.sescsp.org.br/sesc

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Dando as caras - Rocknova

Rock contagiante e direto abre festival em BH

Crédito:Sérgio Rousselet/Divulgação

Por Silvio Luz

Eleita com 972 votos válidos pelo júri popular (1º lugar) do Festival Conexão Vivo, que acontece entre os dias 17 e 26/04 em Belo Horizonte, a banda mineira Rocknova é uma das atrações do evento que sempre revela novos talentos da nossa música. Tocando no primeiro dia do festival, o Rocknova vai mostrar ao público as músicas do seu primeiro álbum, homônimo, lançado em outubro do ano passado. "A intenção é sair do lugar comum, falar algo que precisa ser dito por meio de melodias contagiantes. Por isso o quarteto prima por arranjos simples e letras diretas, que tocam os ouvintes, graças ao impacto que as canções causam", definem os integrantes na página pessoal do MySpace.

Além do rock - evidenciado pelo nome Rocknova -, o som da banda também passeia pelo pop, blues e folk. “Temos o peso e a batida do rock e a melodia do pop”, resume o bateirista Nenel. E nas apresentações ao vivo, além do repertório autoral, ainda há espaço para releituras de grandes artistas nacionais, o que revela a facilidade de interpretação com pitadas sonoras próprias da banda.

Paralelamente ao trabalho pessoal, o grupo oferece a oportunidade para outros artistas independentes mostrarem o seu trabalho, com o festival Fórmula Indie, que inova com inserções de artistas plásticos, pintores, fotógrafos e grafiteiros. Na edição 2008, o evento contou com a presença de Ricardo Koctus (baixista do Pato Fu), e integrantes das bandas Udora, Transmissor, Ímpar, Cartoon, Calix, entre outros.

Palhinha

Enérgica e dançante, a canção Nova é a primeira canção apresentada no MySpace e funciona como carta de apresentação para a sonoridade dos mineiros. Com letra despretensiosa e batidas pulsantes na bateria, o pop-rock da canção vai ganhando o ouvinte aos poucos. Outro destaque é a música Caminhando Só, com sua gaita aconchegante e marcante.

Clique aqui para ouvir, no MySpace, canções do Rocknova, que é formado por Gustavo Lago (violão e voz), Borba (guitarra), Xerllez (baixo) e Nenel (bateria).

sábado, 11 de abril de 2009

Dá-lhe Festa do Boi

Boi renasce para animar festa popular em Sampa

Crédito: todoprosa.blogspot.com

Por Silvio Luz

Você, certamente, já ouviu falar do bumba-meu-boi, essa figura emblemática do nosso folclore e de nossa cultura popular. E da Festa do Boi, que acontece há 20 anos no Morro do Querosene, no Butantã, em Sampa? Já ouviu falar? Então corre para lá. Neste sábado de Aleluia (11/04), a partir do meio-dia acontecem os festejos do renascimento do boi, com diversas barraquinhas com comidas típicas, como tapioca e cuscuz, e muita música e dança.

Entre as atrações desta festa de rua - comandada por Tião Carvalho e pelo Grupo Cupuaçu - estão grupos de cirandeiros, maracatu, caboclinhos, boizinho-mirim e cantadores. O evento acontece três vezes por ano: na época da Páscoa o boi renasce, em junho ele é batizado e, por fim, ele morre, perto do feriado de Finados.

Então anote aí na agenda e vá conferir de perto essa festa popular, que valoriza as nossas raízes, mesmo que sejam raízes lá do outro lado do país:

Dia 11/04, a partir do meio-dia.

Praça do Boi, no Morro do Querosene - Butantã.

Entrada franca.

Clique aqui para conferir o mapa com as indicações de como chegar ao local.

Contatos: Tião Carvalho (9771-9672), José Marcos (8101-3792), Beto (9945-2312), Lu (8249-8365)

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Orquestra Contemporânea de Olinda

Banda tem originalidade enraizada na cultura regional

Crédito: orquestraolinda.com.br

Por Silvio Luz

Folclore, rock e música contemporânea são os ingredientes principais da sonoridade da Orquestra Contemporânea de Olinda, formada por 12 músicos pernambucanos em meados de 2006. Idealizada por Gilú, a banda surpreende com apresentações e canções singulares e emocionantes. Neste sábado (11/04), a Orquestra toca no Studio SP, a partir de 1h da manhã, com abertura do DJ Tatá Aeroplano.

Utilizando instrumentos inusitados, como a tuba - que está caindo em desuso no meio musical -, a Orquestra marca os locais por onde passa com seus ritmos pernambucanos, grooves latinos e afro beats, criando um mapa cheio de imaginação e raízes populares. Um dos destaques entre as canções que podem ser ouvidas no MySpace da banda é Canto da Sereia, com naipe de metais impecável e percussão primorosa.

O primeiro disco, que recebeu o mesmo nome da banda, foi lançado no ano passado e foi bem recebido por causa de sua verve autoral e autêntica. A arte da capa, por sinal, já funciona como um belo cartão de visita para os ritmos constantes e melodias impactantes do álbum.

Bate-papo

Na entrevista que segue, o percussionista Gilú falou sobre fusões de ritmos e estilos, definições musicais, planos para este ano, entre outros assuntos. Confira:

Como o grupo trabalha com as misturas e releituras musicais na construção de uma sonoridade própria?

Gilú - Sim, trabalhamos com releituras, porém, o trabalho é autoral. Com uma sonoridade própria, a idéia é mesclar o autoral com algumas músicas que já fizeram parte do contexto musical da cultura de orquestra.

Fale sobre o processo de produção de disco em estúdio com uma grande orquestra reunida no mesmo espaço. Tem alguma diferença?

Gilú - O processo de gravação foi bem tranquilo, pois chegamos bem ensaiados ao estúdio. Para a criação das músicas começamos somente com a base de seis músicos, o Juliano Holanda, Hugo Gila, Maciel Salú, Tiné, Rapha B. e eu, que fez os arranjos de todas as músicas. Depois de finalizar os arranjos, gravamos e passamos para o Maestro Ivan fazer os arranjos de sopro. No estúdio dividimos os dias para cada músico, o que facilitou o processo de gravação.

Por quais lugares a Orquestra já passou? Já se apresentaram no exterior?

Gilú - Já passamos por São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador e Brasília, além de nossa terra natal. Estamos agora com uma turnê nacional de 22 shows. Entre abril, maio e junho iremos passar por Florianópolis, Curitiba, João Pessoa e Goiânia, fora estes estados que já citei. Ao todo, são 11 estados em dois meses. Muita correria. Quanto ao exterior, estamos recebendo propostas de alguns produtores e estamos em fase de negociação.

Quais os planos para este ano?

Gilú - Em 2009 a idéia é circular o quanto pudermos, pois a banda é nova e precisamos divulgar nosso primeiro disco.

Existe um tipo de música superior a outro? Definições musicais são importantes ou apenas obstáculos para as emoções que os diversos sons provocam?

Gilú - Tudo é gosto, e música também é. Temos aí o exemplo da cultura de massa, que oferece músicas que nós, da banda, não costumamos ouvir. Porém, somos músicos e respeitamos todos os tipos de música. Pode até existir músicas superiores, mas aí a opinião fica somente para nós. Acho que definições musicais são importantes sim, pois são delas que extraímos o sumo para produzir diversos sons.

A internet e as tecnologias do século 21 aproximaram mais a música das pessoas?

Gilú - Sem dúvida alguma. Hoje em dia é muito fácil escutar, baixar e até comprar músicas sem sair de casa e, com certeza, isso aproxima cada vez mais as pessoas da música. É a globalização musical.

Na efervescência cultural de Pernambuco, há outros grupos aliando a música instrumental aos ritmos regionais?

Gilú - Temos sim. Várias bandas instrumentais bem interessantes, como a Gaspar Andrade, A Roda, Variant, Capibaribe Trio, entre outras.

Quais são os principais ídolos e espelhos da Orquestra Contemporânea de Olinda?

Gilú - São muitos, pois a banda é enorme e cada um, por incrível que pareça, tem um gosto diferente. Posso citar alguns ídolos meus: Fela Kuti, Pixinguinha, Gordurinha, Serge Gainsbourg, música africana em geral, entre outros. Na parte de ritmos, gosto muito de ska, fanfarra, frevo, dub, rock etc. É uma miscelânea só.

A Orquestra Contemporânea de Olinda é Gilú (percussão), Tiné (voz), Maciel Salú (rabeca e voz), Juliano Holanda (viola e guitarra), Hugo Gila (baixo e teclado), Raphael Beltrão (bateria), Ivan do Espírito Santo (flauta, sax alto e barítono), Lúcio Henrique (sax alto), Luiz Antônio (trompete), José Abimael (trombone), Adriano Ferreira (trombone) e Alex Santana (tuba).

Clique aqui para ouvir o som da banda no MySpace.

Dia 11/04, a partir de 1 da manhã.

Entrada: R$ 25,00 e R$ 20,00 (nome na lista: studiosp@studiosp.org).

Studio SP - Rua Augusta, 591; (11) 3129-7040; www.studiosp.org

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Noites paulistanas grooveadas

Destilaria do Groove: jazz e ritmos latinos de sobra

Crédito: myspace.com/destilaria

Por Silvio Luz

Mais uma entrevista com uma banda apresentada aqui na semana passada. Agora é a vez da Destilaria do Groove soltar a voz nestas entrelinhas, por meio do guitarrista Zanga Reis. No bate-papo, ele falou sobre o estilo da banda, os planos para o futuro e a importância dos ritmos latinos, entre outros temas. Confira abaixo. O próximo show está marcado para o dia 23/04, no Inferno Club.

Como foi a formação da Destilaria do Groove?

Zanga Reis - Em meados de 2003 eu fazia jams sessions na minha casa, na Vila Madalena, e os amigos músicos sempre apareciam, rolava cerveja, petiscos e muito som até altas horas, sempre tocando temas ‘groovados’, na maioria instrumentais. Foi quando meu amigo Paulo Ribeiro, o Alemão, resolveu montar a balada Diquinta. Ele me ligou e disse: "Faz essa jam no meu bar que estou inaugurando". Foi quando tocamos com o famoso Bocato do trombone. De lá para cá não paramos mais de tocar na noite, em festas, eventos etc.

O que é o selo e o espaço Urucum, no bairro boêmio da Vila Madalena?

Zanga Reis - A Urucum é nossa empresa, uma produtora na área de música, cultura e entretenimento. Contamos com diversas bandas além da Destilaria, que trabalham com estilos como samba, jazz, rock, MPB e outros. Temos um estúdio para gravações, na Pompéia, e o Espaço Urucum, reservado para eventos, festas e exposições, que fica na Vila Madalena.

Qual a importância da música latina no repertório da banda? Vocês têm canções próprias?

Zanga Reis - O nosso pianista Pedro Lahoz morou durante seis meses em Cuba, onde estudou piano e voltou apaixonado pelos ritmos latinos. Então ele colocou no repertório da Destilaria alguns temas como Cubancheiro, My Tumbao e Just Kidding, do Michel Camilo. Desde então, o restante da banda passou a adorar a música latina. Nós temos canções próprias como Casa do Zanga, De Onde Eu Venho e Tonel. No momento, estamos em fase de criação para compor temas novos e próprios.

Fale um pouco sobre o perfil do público que acompanha os shows do grupo.

Zanga Reis - O perfil do público é genérico, todo mundo que escuta adora nossa música por ser animada e de qualidade, além do tamanho da banda, que impressiona principalmente pelos metais. Agora o público que acompanha mesmo é formado por jovens de 20 a 35 anos, na maioria boêmios e, principalmente, moradores da zona oeste de São Paulo, onde o grupo se apresenta com mais frequência.

No repertório de vocês um dos grandes nomes é James Brown, considerado o pai do funk. Qual a opinião da banda, musicalmente falando, em relação ao funk brasileiro, ou melhor, carioca?

Zanga Reis - Tem funk brasileiro muito bom, como Tim Maia, Banda Black Rio, Farofa Carioca, Funk Como Le Gusta, entre outros. Agora em relação ao funk carioca, não nos agrada muito, por ser pobre musicalmente falando.

Quais são os próximos passos da banda? Pretendem lançar discos autorais?

Zanga Reis - Estamos em fase de pré-produção do nosso primeiro CD inteiramente autoral, e seguimos com nossa agenda de shows na cidade. O próximo será no Inferno Club.

Clique aqui para conferir as sonoridades da Destilaria do Groove no MySpace, e aqui para ler a resenha sobre a banda.

Dia 23/04.

Inferno Club - Rua Augusta, 501; (11) 3120-4140; www.infernoclub.com.br

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Post-rock do Ceará

Fóssil: instrumental arretado

Crédito: Julia Braga e Rafael Villar/Divulgação

Por Silvio Luz

Na semana passada, apresentei uma novidade aqui: a banda cearense Fóssil, que desponta na cena musical de Fortaleza desde 2004 e participa de diversos festivais de música independente pelo país. O grupo é mais um (bom) representante da atual música instrumental brasileira, que vem ganhando, a cada dia, mais destaque. Nesta quarta (08/04), o Fóssil se apresenta no Studio SP, dentro da programação Apostas do projeto Cedo & Sentado.

Antes disso, confira entrevista com o guitarrista Eric Barbosa, sobre o surgimento da banda, cena musical de Fortaleza, inspirações e outros assuntos.

Como e quando a banda foi formada?

Eric Barbosa - O Fóssil foi formado há cinco anos como um projeto de pessoas que se conheciam e resolveram montar um grupo musical. Até então, não tínhamos nenhum tipo de definição sonora ou estilo musical pré-estabelecido em mente. Pensamos o seguinte: “vamos tocar e ver qual é”. Com isso, a coisa foi tomando forma e surgindo coisas interessantes. Juntamo-nos em um ensaio, apresentamos algumas idéias e aplicamos ali na hora o nosso DNA musical. Gravamos nosso primeiro álbum, Insônia, em 2006, mas o lançamento só ocorreu no ano passado. Ainda estamos trabalhando ele, pois o disco não teve um tratamento de divulgação merecido. Além disso, estamos trabalhando novas músicas em estúdios, shows e apresentações.

Fale um pouco sobre a cena musical independente cearense.

Eric Barbosa - Falar de um contexto geral da música que é feita no estado do Ceará é uma tarefa difícil de assumir. Existem grupos que trabalham com folclore, regional, rock, indie, eletrônica, chorinho, samba, música de câmara, música renascentista e uma infinidade de sons. Existem festivais de música, bons centros culturais, algumas casas de shows, pubs e produtores responsáveis pela movimentação musical na cidade, mas isso tudo não é compatível com a demanda geral de público - que é o grande problema em Fortaleza. Falta público consumidor, público frequentador, falta público em todas as esferas.

E em Fortaleza, o cenário é diferente?

Eric Barbosa - Fortaleza é muito rica em termos de produção musical, grupos de uma identidade e sonoridade ímpares que se destacam dentro dos seus campos de atuação. Da turma que gostamos, posso citar Obinatril, O Garfo, O Sonso, Meu Amigo Imaginarium, Terceiro Dan, Macula, Pet Morita, Duo Babylon Banzzai, Cinza Margô, O Bandido da Luz Negra, Encarne, O Jardim das Horas, Realejo X-tet, Mr. Spaceman, O George Belasco e o Cão Andaluz, Psycho Jazz, Cidadão Instigado, 2 bombs and coinshell, entre outros.

Qual é a principal inspiração da banda na hora de compor uma música?

Eric Barbosa - Compomos a partir das assimilações, experiências, observações e impressões musicais de cada um. Compor envolve certo trabalho de maturação de idéias, criar arranjos, criar uma estrutura musical sólida. O Daniel “Ajudante” Lima, nosso atual baixista, está sendo de uma importância fundamental no novo processo de composição, criando, experimentando e absorvendo outras vertentes musicais. Muitas vezes, as inspirações partem da natureza e do nosso convívio com cada integrante do Fóssil, pois somos grandes amigos e nos influenciamos muito um pelo outro.

Quais as maiores referências musicais e artísticas do grupo?

Eric Barbosa - Artisticamente falando a gente sempre teve certo interesse em misturar nossa música com artes visuais em geral. Ultimamente estamos tendo mais chances de fazer isso e está sendo muito bom para o desenvolvimento do nosso trabalho, unir e agregar diversas linguagens, como vídeos, fotografias, ilustrações etc. Dentro do grupo cada um possui sua verdade musical, envolvendo como referências filmes, discos, vídeos, documentários, contos, conversas em bares, impressões e observações de outros grupos e/ou artistas. Em geral, gostamos do Kind of Blue (Miles Davis), Coltrane (My Favorite Things), Pink Floyd, King Crimson e Pat Metheny.

Além do show no Studio SP nesta quarta, quais serão os próximos?

Eric Barbosa - O Studio SP é uma casa que sempre nos recebe muito bem e, por isso, iremos fazer uma mostra especial de canções do disco, canções inéditas, re-adaptações de músicas antigas e algumas novidades. Na página do nosso MySpace é possível conferir nossa agenda completa neste e nos próximos meses. Esta é a quinta vez que tocamos em São Paulo, e agora resolvemos ficar morando por aqui mesmo, por uma série de questões como demanda de shows e parcerias, além de um contrato para a venda do nosso repertório de música em formato digital com um selo londrino, chamado Curve Music.

Qual a sua opinião sobre o forró comercializado hoje no país, que não está mais restrito apenas ao Norte e Nordeste e invadiu as periferias de grandes cidades do Sudeste, como São Paulo, por exemplo?

Eric Barbosa - Da mesma como a axé music, a tchê-music, o sertanejo e o Calypso, este tipo de forró comercializado no país também assume sua fatia como produto de massa e conquistou também o grande eixo Rio-SP e também outros estados. Só não concordo que é uma coisa única e exclusivamente de periferia. Lá o advogado, o médico, o jornalista, o pedreiro, a manicure, o vigilante, o flanelinha, todo mundo curte e se emociona. Confesso que me causa um estranhamento passar por ruas aqui em São Paulo e ver camelôs, carros, padarias, bares com pessoas ouvindo e consumindo os mesmos grupos de forró que as pessoas de lá escutam. Hoje, a diversidade cultural é muito forte em todo buraco do mundo. É um movimento musical-comercial criado para assumir e ter aspirações de entrar no grande eixo. Este forró comercializado a que você se refere acontece por lá nos quatro cantos do estado: na praia, no carnaval, em emissoras de TV locais, bairros, cidades do interior, botecos, colégios, calouradas de faculdades, praças e bares. Não deixa de ser produto, não deixa de ser uma cultura, tem voz e há organização para manter isso por muito tempo. No entanto, eu particularmente não gosto. Cada qual na sua. Eles lá conquistando o país e a gente por aqui fazendo o que queremos fazer. Musicalmente não me diz nada.

Sofreram alguma resistência por fazer um som bem diferente do forró na terra natal?

Eric Barbosa - Resistência nós sofremos mais por parte das pessoas do nosso próprio meio musical, de alguns equipamentos culturais, produtores, pessoas que achavam meio estranho a música que fazíamos, instrumental, sem letra, com efeitos, meio nada a ver. Acho que na medida em que mostramos que, sim, era possível criar algo novo, inventivo e que mostrasse verdadeiramente o que queríamos fazer musicalmente, abriram-se possibilidades de mostrar novos formatos e novas sonoridades. Resistência ainda existe um pouco, mas seguimos nosso caminho.

Clique aqui para conferir algumas músicas da banda no MySpace.

Dia 08/04, às 21h.

Entrada franca.

Studio SP - Rua Augusta, 591; (11) 3129-7040; www.studiosp.org