Por Silvio Luz
Folclore, rock e música contemporânea são os ingredientes principais da sonoridade da Orquestra Contemporânea de Olinda, formada por 12 músicos pernambucanos em meados de 2006. Idealizada por Gilú, a banda surpreende com apresentações e canções singulares e emocionantes. Neste sábado (11/04), a Orquestra toca no Studio SP, a partir de 1h da manhã, com abertura do DJ Tatá Aeroplano.
Utilizando instrumentos inusitados, como a tuba - que está caindo em desuso no meio musical -, a Orquestra marca os locais por onde passa com seus ritmos pernambucanos, grooves latinos e afro beats, criando um mapa cheio de imaginação e raízes populares. Um dos destaques entre as canções que podem ser ouvidas no MySpace da banda é Canto da Sereia, com naipe de metais impecável e percussão primorosa.
O primeiro disco, que recebeu o mesmo nome da banda, foi lançado no ano passado e foi bem recebido por causa de sua verve autoral e autêntica. A arte da capa, por sinal, já funciona como um belo cartão de visita para os ritmos constantes e melodias impactantes do álbum.
Bate-papo
Na entrevista que segue, o percussionista Gilú falou sobre fusões de ritmos e estilos, definições musicais, planos para este ano, entre outros assuntos. Confira:
Como o grupo trabalha com as misturas e releituras musicais na construção de uma sonoridade própria?
Gilú - Sim, trabalhamos com releituras, porém, o trabalho é autoral. Com uma sonoridade própria, a idéia é mesclar o autoral com algumas músicas que já fizeram parte do contexto musical da cultura de orquestra.
Fale sobre o processo de produção de disco em estúdio com uma grande orquestra reunida no mesmo espaço. Tem alguma diferença?
Gilú - O processo de gravação foi bem tranquilo, pois chegamos bem ensaiados ao estúdio. Para a criação das músicas começamos somente com a base de seis músicos, o Juliano Holanda, Hugo Gila, Maciel Salú, Tiné, Rapha B. e eu, que fez os arranjos de todas as músicas. Depois de finalizar os arranjos, gravamos e passamos para o Maestro Ivan fazer os arranjos de sopro. No estúdio dividimos os dias para cada músico, o que facilitou o processo de gravação.
Por quais lugares a Orquestra já passou? Já se apresentaram no exterior?
Gilú - Já passamos por São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador e Brasília, além de nossa terra natal. Estamos agora com uma turnê nacional de 22 shows. Entre abril, maio e junho iremos passar por Florianópolis, Curitiba, João Pessoa e Goiânia, fora estes estados que já citei. Ao todo, são 11 estados em dois meses. Muita correria. Quanto ao exterior, estamos recebendo propostas de alguns produtores e estamos em fase de negociação.
Quais os planos para este ano?
Gilú - Em 2009 a idéia é circular o quanto pudermos, pois a banda é nova e precisamos divulgar nosso primeiro disco.
Existe um tipo de música superior a outro? Definições musicais são importantes ou apenas obstáculos para as emoções que os diversos sons provocam?
Gilú - Tudo é gosto, e música também é. Temos aí o exemplo da cultura de massa, que oferece músicas que nós, da banda, não costumamos ouvir. Porém, somos músicos e respeitamos todos os tipos de música. Pode até existir músicas superiores, mas aí a opinião fica somente para nós. Acho que definições musicais são importantes sim, pois são delas que extraímos o sumo para produzir diversos sons.
A internet e as tecnologias do século 21 aproximaram mais a música das pessoas?
Gilú - Sem dúvida alguma. Hoje em dia é muito fácil escutar, baixar e até comprar músicas sem sair de casa e, com certeza, isso aproxima cada vez mais as pessoas da música. É a globalização musical.
Na efervescência cultural de Pernambuco, há outros grupos aliando a música instrumental aos ritmos regionais?
Gilú - Temos sim. Várias bandas instrumentais bem interessantes, como a Gaspar Andrade, A Roda, Variant, Capibaribe Trio, entre outras.
Quais são os principais ídolos e espelhos da Orquestra Contemporânea de Olinda?
Gilú - São muitos, pois a banda é enorme e cada um, por incrível que pareça, tem um gosto diferente. Posso citar alguns ídolos meus: Fela Kuti, Pixinguinha, Gordurinha, Serge Gainsbourg, música africana em geral, entre outros. Na parte de ritmos, gosto muito de ska, fanfarra, frevo, dub, rock etc. É uma miscelânea só.
A Orquestra Contemporânea de Olinda é Gilú (percussão), Tiné (voz), Maciel Salú (rabeca e voz), Juliano Holanda (viola e guitarra), Hugo Gila (baixo e teclado), Raphael Beltrão (bateria), Ivan do Espírito Santo (flauta, sax alto e barítono), Lúcio Henrique (sax alto), Luiz Antônio (trompete), José Abimael (trombone), Adriano Ferreira (trombone) e Alex Santana (tuba).
Clique aqui para ouvir o som da banda no MySpace.
Dia 11/04, a partir de 1 da manhã.
Entrada: R$ 25,00 e R$ 20,00 (nome na lista: studiosp@studiosp.org).
Studio SP - Rua Augusta, 591; (11) 3129-7040; www.studiosp.org
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