terça-feira, 30 de junho de 2009

Baba Baby!

Maria Gadú é aposta da Som Livre para 2009

Crédito: Divulgação

Por Silvio Luz

Ela canta Baba Baby (aquela música da Kelly Key, lembra?) em versão blues. Ela tem apenas 22 anos e já foi elogiada por Caetano Veloso e Milton Nascimento. Ela é de Sampa, mas vive no Rio. Ela é Maria Gadú, que lança agora em julho o seu primeiro disco e é aposta do SLAP (Som Livre Apresenta) para 2009 - o mesmo selo que lançou Little Joy. Nesta terça (30/06), ela faz show de pré-lançamento do álbum no Studio SP, em São Paulo, com convidados especiais como Max de Castro, Jair Oliveira e Wilson Simoninha.

Seu estilo próprio revela a MPB chamada de moderna, mas também há espaço para outras interpretações, mais rock'n'roll ou mais indie. Mas ela promete surpreender mesmo é com sua presença de palco, cheia de maturidade e segurança, apesar da pouca idade.

No show, ela vai apresentar canções como Shimbalaiê, Dona Cila e Tudo Diferente (pop de André Carvalho, filho de Dadi), além de releituras como A História de Lily Braun (Chico Buarque e Edu Lobo) e a já citada Baba Baby. No álbum, homônimo, Gadú contou com a "banda dos sonhos", como ela mesma definiu: Cesinha, Gastão Villeroy, Fernando Caneca e o percussionista Doga, entre outros músicos.

Para ouvir Maria Gadú acesse sua página no MySpace.

Dia 30/06, às 23h30.

Entrada: R$ 25,00 (porta) e R$ 15,00 (lista).

Studio SP - Rua Augusta, 591; (11) 3129-7040; www.studiosp.org

segunda-feira, 29 de junho de 2009

João Barone na Segunda Guerra

Músico lança livro em homenagem às memórias do pai

Crédito: praticanet.com

Por Silvio Luz

O fascínio pela Segunda Guerra Mundial e a recapitulação às memórias do pai - que foi pracinha durante os combates - fez com que João Barone, baterista dos Paralamas do Sucesso, escrevesse o livro A Minha Segunda Guerra (Panda Books Original, R$ 35,90). O músico participa de sessão de autógrafos nesta sexta-feira (03/07), na FNAC da Avenida Paulista, às 19h.

Além de resgatar a relação com seu pai, Barone faz um relato sincero e emocionante sobre a sua viagem ao cenário da batalha de Normandia, na França, na época dos festejos de 60 anos do desembarque das tropas aliadas no local. Ele atravessou o Atlântico com seu jipe original da Segunda Guerra.

No livro, Barone também narra o depoimento do renomado aviador brasileiro Pierre Clostermann, que participou efetivamente do Dia D. Na ocasião, o músico teve a oportunidade de se encontrar com ele e ouvir de perto as histórias desse significativo conflito do século XX. Para completar a obra, Barone ainda apresenta uma coletânea de artigos que escreveu sobre a Segunda Grande Guerra, mostrando aspectos curiosos dos combates.

Para mais informações sobre A Minha Segunda Guerra, clique aqui.

Dia 03/07, às 19h.

FNAC - Avenida Paulista, 901; (11) 2123-2000; www.fnac.com.br

sábado, 27 de junho de 2009

Michael Jackson não morreu

Rei do pop está mais vivo do que nunca

Crédito: minhanadasimplesvida.com

Por Silvio Luz

Por instantes fugazes ele estava ali, em cada olhar e em cada gesto de imitação dos seus consagrados passos. Michael Jackson saiu de cena na última quinta-feira (25/06), mas a Comunidade Cultural Quilombaque, da qual faço parte aqui em Perus, zona noroeste de Sampa, prestou o seu singular tributo ao rei do pop. Confira:

Michael Jackson morreu? Quem foi que disse? Ele estava lá na Praça Inácia Dias, em Perus, dentro do Projeto Radiola Urbana, da Comunidade Cultural Quilombaque, na última sexta (26/06). É, o astro do pop faleceu, mas nós fizemos a nossa singela homenagem ao "cara que foi um vírus que lutou bravamente para não ser deletado", como disse Clébio (Dedê) durante a exibição do DVD de um show que o cantor fez em Bucareste.

Era arrepiante de se ver: a praça estava tomada de canto a canto. O momento mais marcante foi quando o público não tirou os olhos do telão montado no coreto enquanto o videoclipe da música They Don't Care About Us - gravado em 1996 no Brasil, com o Olodum - era exibido. Michael estava lá, sem dúvida alguma.

E o público era de todos os tamanhos, idades e gostos. Tinham velhos, jovens - a maioria - e até crianças. As diversas gerações que viveram a mesma época que Michael podem se considerar sortudas. Não é todo dia que alguém faz o que ele fez. Cinco décadas foram mais do que suficientes para se destacar e mostrar que o seu talento vai além da dança ou da voz: a sua missão maior foi a mobilização de multidões ao seu redor. Agora, essa mobilização só tende a crescer. O corpo saiu de cena, mas o mito ficou. Salve Michael!

A Quilombaque não podia deixar passar a oportunidade. O tributo a Michael Jackson vai ficar marcado na memória de todos que estiveram presentes ali naquela noite, um dia após a sua morte.

(post original no blog da Quilombaque)

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Del Rey está de volta

Banda cover do Rei toca de novo em Sampa

Crédito: Adelaide Ivánova

Por Silvio Luz

É nesta sexta-feira (26/06), no Studio SP, o show dos pernambucanos do Del Rey, banda cover de Roberto Carlos. Com uma folga na agenda de China e dos músicos do Mombojó, eles se reúnem mais uma vez no espaço que já virou sua casa. A apresentação está marcada para 1 da manhã.

Em entrevista ao Entrete[discer]nimento em abril (De Recife para Sampa), China falou sobre o projeto paralelo. "O Del Rey só funciona quando não tem show meu nem do Mombojó. Não temos uma agenda certa. Se rolar shows dos projetos autorais, o Del Rey cai na hora. É a banda que montamos para nos divertir e homenagear Roberto e Erasmo, não para seguir carreira".

Dia 26/06, a partir da 1 da manhã.

Entrada: R$ 30,00 e R$ 25,00 (nome na lista studiosp@studiosp.com.br)

Studio SP - Rua Augusta, 591; (11) 3129-7040; www.studiosp.org

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Dead Fish de clipe novo

Banda lança animação da música Autonomia

Crédito: Luringa/Divulgação

Por Silvio Luz

O oitavo álbum de estúdio do Dead Fish, Contra Todos, foi lançado em fevereiro deste ano e a novidade agora é o videoclipe animado da música Autonomia. Lançado na última quarta-feira (24/06) no canal da Deckdisc no YouTube, o clipe foi inspirado na arte da capa do disco e conta com recortes de propagandas e recursos de desenhos em preto e branco, mostrando um mundo vil de consumismo sem medida.

Dirigido por Flávio Bá - que produziu o design da capa - e Tagori Mazzoni, o vídeo partiu da ideia de contar uma história sobre a dualidade controle x autonomia. "Seguindo a melhor tradição punk, usamos imagens apropriadas de publicidade antiga, restos de xerox, sujeira e afins para mostrar um cenário caótico, de consumo desenfreado e de idolatria num mundo prestes a acabar", explica Bá.

"É o melhor registro visual da banda. Estamos muito felizes com o resultado”, completa Rodrigo Lima, vocalista do grupo. Confira abaixo a animação de Autonomia:

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Cedo e Sentado - Juliana R.

Cantora paulistana apresenta folk sem amarras

Crédito: Tay Nascimento

Por Silvio Luz

O projeto Cedo e Sentado, com entrada gratuita no Studio SP, tem dado oportunidade para artistas independentes de todos os lugares do país mostrarem o seu trabalho. Nesta quarta (24/06), às 21h, é a vez da cantora paulistana Juliana R. mostrar o seu folk sem amarras. O violão está sempre presente, mas é a voz da jovem que consegue construir climas urgentes, densos e delicados, tudo ao mesmo tempo.

O seu primeiro EP - um disco com poucas faixas, que se tornou comum no cenário independente - foi gravado entre maio, junho e julho do ano passado e possui quatro canções. El Hueco, If You Could See Me Now, Since I've Met You e Longe - sim, ela canta em português e inglês com muita naturalidade - estão disponíveis em sua página no MySpace.

Após a apresentação de Juliana R., a banda Garotas Suecas, que mistura sonoridades setentistas, batidas dançantes e letras grudentas, sobe ao palco da casa. A entrada para esse segundo show da noite é de R$ 20,00 (R$ 10,00 com nome na lista).

Dia 24/06, às 21h.

Entrada gratuita, dentro do projeto Cedo e Sentado.

Studio SP - Rua Augusta, 591; (11) 3129-7040; www.studiosp.org

terça-feira, 23 de junho de 2009

Entrevista - Tiê

"Minha produção é totalmente autobiográfica", diz

Crédito: myspace.com/tiemusica

Por Silvio Luz

No final do mês passado, você conferiu aqui no Entrete[discer]nimento uma apresentação da cantora paulistana Tiê (Musa é pouco), que lançou seu primeiro disco, Sweet Jardim, neste ano. Seja pela beleza dos vocais ou pela simplicidade dos arranjos, a produção dela se destaca e merece ser ouvida e assistida com mais atenção.

Em entrevista exclusiva, Tiê falou sobre o primeiro trabalho de estúdio, composições e parceiros musicais. Confira:

Você já está sendo chamada de musa da música brasileira? Como convive com os elogios que partem de todos os lados?

Tiê - Não, ainda não me chamaram de musa, mas os elogios são ótimos e me deixam feliz sim. Fiz o disco com muito amor e sinceridade, então é excelente que algumas pessoas gostem.

Quando começou a compor e como é o processo de composição das letras? Você está compondo o tempo inteiro em sua cabeça ou tem algum ritual?

Tiê - Comecei a compor há quatro anos. E até agora funciona mais ou menos assim: a cada três, quatro meses faço duas ou três músicas. Elas vem em trios e se parecem um pouco entre si.

Sua produção é autobiográfica?

Tiê - Totalmente.

O Sweet Jardim foi gravado de forma bem espontânea. Conte como foi esta experiência.

Tiê - Gravamos ao vivo, eu cantando e tocando. Foram feitas apenas três takes de cada música, sem metrônomo, contando com a respiração e oscilação de andamento. Foi delicioso. O Plínio Profeta é um produtor mais que excelente e conseguiu extrair o melhor de mim.

Como é trabalhar com Dudu Tsuda?

Tiê - Ele é lúdico e criativo. Dudu é um parceiro pra toda a vida. Fazemos músicas bebendo chás e caminhamos por sonoridades bem parecidas. Amo de paixão.

Por quem você foi mais influenciada para construir sua própria identidade e quais artistas iniciantes ou independentes você aposta que ainda vão nos apresentar boas surpresas na música?

Tiê - Leonard Cohen e Tom Waits. Quanto aos artistas independentes posso citar Thiago Pethit, Nana Rizinni, Tulipa Ruiz, Tatá Aeroplano, Dudu Tsuda, Gianni Dias e a banda Labmusica.

Como está sua agenda para divulgação do CD de estreia? Os shows tentam seguir a espontaneidade do disco?

Tiê - Sim. A ideia é que seja uma conversa com o público.

Ainda continua com o projeto Cabaret, com o Dudu Tsuda e o Thiago Pethit?

Tiê - Não. Estamos parados por um tempo, mas logo voltaremos.

Para ouvir Tiê no MySpace, clique aqui. O próximo show da cantora acontece na Fnac Morumbi, no dia 03/07, com entrada gratuita.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Ricardo Koctus sem o Pato Fu

Mineirinho quarentão toca na terra da garoa

Crédito: myspace.com/ricardokoctus

Por Silvio Luz

Ao todo foram mais de 15 anos ao lado do Pato Fu, mas agora o baixista Ricardo Koctus alça novos voos em sua carreira e lança seu primeiro disco solo, homônimo. A parceria de sucesso com a banda mineira continua, mas atualmente o músico está se dedicando mais ao novo projeto. Nesta terça (23/06), ele toca no Sesc Pompéia, dentro da programação do Prata da Casa, com entrada franca.

No show - que terá a participação da cantora Tita Lima -, Koctus vai apresentar as 12 canções do disco e deve reservar uma ou outra surpresa no repertório. Praticamente todas as músicas do álbum são de sua própria autoria, reforçando o seu talento de compositor. Apenas uma faixa foi composta em parceria com a escritora Valéria Tafuri (clique aqui para assistir ao videoclipe de Metade). No CD, o músico assume os vocais melódicos e insere o piano, os teclados e o violão, além da bateria, guitarra e baixo.

Construindo canções pop e com temas como a solidão, o amor e os relacionamentos, o próprio Koctus define a sua música como um misto de alegria e doçura, mas também de melancolia e contemplação.

O disco de estreia de Ricardo Koctus - lançado pela Ultra Music - foi produzido por Carlos Eduardo Miranda (Raimundos, Mundo Livre S/A, Lobão acústico MTV) e pelo músico e produtor Gerson Barral (Radar Tantã, Lô Borges). Para ouvir algumas canções é só acessar a página do MySpace de Koctus.

Dia 23/06, às 21h.

Entrada franca.

Sesc Pompéia - Rua Clélia, 93; (11) 3871-7700/3865-0324; www.sescsp.org.br/sesc

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Samba carioca em terras paulistanas

Ana Costa lança disco inédito no Auditório Ibirapuera

Crédito: myspace.com/anacosta

Por Silvio Luz

Fico imaginando se alguém conseguirá ficar sentado nas poltronas do aconchegante Auditório Ibirapuera, em Sampa, quando a sambista carioca Ana Costa subir ao palco neste domingo (21/06), às 19h. No show de lançamento de seu segundo trabalho de estúdio, Novos Alvos, ela contará com a participação de Verônica Ferriani e vai sambar com as canções inéditas, além de presentear o público com o que produziu para o primeiro disco, Meu Carnaval, de 2006.

Por sinal, foi este álbum o responsável pela estatueta de Revelação no Prêmio Rival Petrobrás de Música e também pelo convite para interpretar o tema musical dos jogos Pan-americanos, em 2007, ao lado de Arnaldo Antunes. O sucesso alcançado com o primeiro disco não se deve só à reunião de grandes compositores, mas também pelas parcerias especialíssimas, como é o caso da canção Não Sei O Que Dá, com Mart´nália e Zélia Duncan.

A carioca já tem um currículo extenso quando se trata de participações e parcerias com grandes nomes da nossa música. Alguns exemplos são Beth Carvalho, Martinho da Vila (seu padrinho), Elza Soares, Dona Ivone Lara, Leci Brandão, Jorge Aragão, João Nogueira e Zé Kéti. O seu mais recente CD começou a ser arquitetado a partir do encontro com o produtor Alê Siqueira, enquanto gravava a música Viva Essa Energia, para o Pan.

Quer começar a esquentar as energias para o show? Então acesse o MySpace de Ana Costa e afaste os móveis para sair sambando por aí.

Dia 21/06, às 19h.

Ingressos: R$ 30,00 e R$ 15,00 (meia-entrada).

Auditório Ibirapuera - Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 2 do Parque do Ibirapuera; (11) 3629-1075; www.auditorioibirapuera.com.br

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Ska e reggae dos hermanos

Argentinos se unem a brasileiros em Sampa

Crédito: Divulgação

Por Silvio Luz

A atração que os hermanos da Argentina nos oferecem vem direto de Córdoba e aterrissa no Sesc Pompéia nesta quinta-feira (18/06), na Choperia. A banda La Cartelera Ska se junta aos brasileiros da King Rassan Orchestra e promete fazer uma grande festa regada com muito ska, reggae e rocksteady (uma espécie de ska em velocidade menor). Os ritmos jamaicanos, acompanhados de todo o seu balanço, estarão muito bem representados.

Além do ska e do reggae, os argentinos da La Cartelera Ska também tocam ritmos regionais misturados com cumbia, raggamufing, bossa beat, dub, hip hop, regueton e cuarteska. E a King Rassan Orchestra segue esta linha de selecionar em seu repertórios grandes hits que agitaram a Jamaica nos anos 60. Os brasileiros também fazem versões para o jazz de Duke Ellington e do samba de Cartola, como O Sol Nascerá.

Para ouvir canções da La Cartelera Ska, acesse o site oficial dos argentinos. O MySpace dos brasileiros da King Rassan Orchestra é este aqui.

Dia 18/06, às 21h.

Entrada: R$ 16,00 (inteira), R$ 8,00 (meia-entrada) e R$ 4,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc).

Sesc Pompéia - Rua Clélia, 93; (11) 3871-7700/3865-0324; www.sescsp.org.br/sesc

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Ensaio Aberto - Tapas Club

Romulo Fróes: samba sem pesar

Crédito: Eugênio Vieira/Divulgação

Por Silvio Luz

A transição crítica do rótulo de samba melancólico para uma música mais solta e com a sua cara, fez com que o paulistano Romulo Fróes amadurecesse os seus talentos de músico e compositor. O resultado está exposto nas duas sessões de seu segundo trabalho de estúdio, No Chão Sem o Chão, lançado pela YB Music neste ano. Nesta quarta (17/06), Romulo se apresenta no Tapas Club, em Sampa, ao lado de artistas do estúdio La Casa de La Música.

A casa recebe o projeto Ensaio Aberto - volume 3 desde maio, buscando abrir os ensaios do estúdio que recebe nomes como Otto, Júpiter Maçã, Cidadão Instigado e Edgard Scandurra. “Trata-se de uma nova opção artística visual e musical para a cidade de São Paulo Paulo nas quartas-feiras nobres da rua Augusta”, resume o músico Tupiniquin, que lançou recentemente o disco Made In São Paulo e é um dos administradores do La Casa de La Música. Além de Fróes, o próprio Tupiniquin - junto com o flautista Gil Duarte - e o cantor Paulo Carvalho também se apresentam.

Samba sem pesar

Antes de seguir carreira solo, Romulo Fróes integrou a banda Losango Cáqui, com a qual lançou dois álbuns, Losango Cáqui (1998) e #2 (2000). Depois de divulgar um EP com edição limitada, o músico chamou atenção mesmo ao lançar o disco Calado, em 2005. Com composições feitas em parceria com os artistas plásticos Nuno Ramos e Clima, o álbum marcou pela densidade melancólica e foi inspirado em cancioneiros do samba e bossa de raiz.

Já o novo trabalho de Fróes ainda tem samba, mas está mais pesado, com pegadas mais roqueiras. Segundo ele próprio, a busca foi árdua, mas a descoberta musical revelou-se incomparável. "O disco traz ainda minha admiração pelo samba, mas acredito que avança minha reflexão sobre a canção brasileira e minha busca de novos caminhos pra ela; cabe a quem ouvi-lo avaliar seu sucesso nessa empreitada. O que sei é que finalmente me realizo por inteiro com um disco e penso que achei a resposta para a recorrente pergunta “que tipo de música você faz?”. Está aqui. Essa aqui", finaliza.

No palco, Fróes é acompanhado por Gui Held (guitarra), Pedro Ito (bateria) e Fabio (baixo). Clique aqui para ouvir canções do músico no MySpace.

Dia 17/06, às 22h.

Entrada: R$ 10,00.

Tapas Club - Rua Augusta, 1.246; (11) 2574-1444; tapasclub.com.br

terça-feira, 16 de junho de 2009

Jair Rodrigues na faixa!

Cinco décadas de carreira aterrissam em show intimista

Crédito: saudadefm.com.br

Por Silvio Luz

Quem foi que disse que só Roberto Carlos comemora cinquenta anos de carreira? Jair Rodrigues também, além de outra marca: 70 anos de idade. Em fevereiro deste ano ele gravou um CD e DVD no Auditório Ibirapuera para comemorar as datas. Na ocasião, dividiu o palco com Alcione, Chitãozinho e Xororó, Pedro Mariano, Rappin Hood, Simoninha, Max de Castro, Jorge Aragão e Pelé. Nesta terça (16/06), ele faz um pocket show na Fnac Pinheiros, com entrada franca, às 19h.

Assim como na apresentação de quatro meses atrás, o cantor vai revisitar sucessos de sua carreira e interpretar canções que marcaram a música popular brasileira. No repertório não devem faltar Deixa Isso Pra Lá, Recado à Criança, Cidade Grande, Eu Sei Que Vou Te Amar, Você Abusou, Tristeza, Não Deixe o Samba Morrer e Coisinha do Pai.

Jair Rodrigues começou sua carreira no final da década de 50 no interior de São Paulo, gravou um disco com Elis Regina, emplacou sucessos, divulgou sua música pelo mundo afora e foi até indicado ao Grammy Latino em 2006, na categoria de Melhor Álbum de Samba Brasileiro, com o álbum Alma Negra.

Dia 16/06, às 19h.

Entrada franca (100 lugares - retirar ingressos com 1 hora de antecedência).

Fnac Pinheiros - Avenida Pedroso de Morais, 858; (11) 4501-3000; www.fnac.com.br

Led Zeppelin revisitado

Dharma Samu: psicodelia nas terças do Berlin

Crédito: myspace.com/dharmasamu

Por Silvio Luz

O projeto instrumental Dharma Samu foi criado com a intenção de fazer versões dançantes e psicodélicas de músicas da histórica banda Led Zeppelin. E para transformar o Clube Berlin, em Sampa, em uma grande panela dançante, a banda se apresenta em todas as terças de junho, a partir das 21h. Em mais uma terça (16/06) friorenta, os músicos não se fazem de rogados e marcam presença.

Formado por integrantes do Mama Gumbo e do Sotádicos, o Dharma Samu surgiu no fim do ano passado querendo fugir do rótulo de banda cover. O que eles se propõem a fazer são reinterpretações das canções do Zeppelin, mas com uma veia autoral e liberdade para criar sonoridades novas e diversas das produzidas originalmente.

"Temos então uma composição Zeppeliniana em arranjos funk/blax/jazzísticos com abertura total para improvisos e climas psicodélicos, trilhando caminhos impensáveis e criativos. Esse trabalho vem afirmar a música como algo sem barreiras, em constante mutação, algo a ser criado e recriado, digerido e regurgitado, algo com possibilidades infinitas a serem descobertas, tentadas e repensadas, num movimento antropofágico e criador", diz a descrição no MySpace da banda.

O Dharma Samu é formado por Alex Cruz (piano e teclados), Luiz Jesus (baixo), Márcio Bononi (percussão) e Felipe Cirilo (bateria).

Dias 16, 23 e 30/06, a partir das 21h.

Entrada: R$ 5,00.

Clube Berlin - Rua Cônego Vicente Miguel Marino, 85, Barra Funda; (11) 3392-4594; www.clubeberlin.com.br

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Arquitetura do samba

Verônica Ferriani: suíngue e molejo de sobra

Crédito: myspace.com/veronicaferriani

Por Silvio Luz

É samba, é frevo, é batucada, é suíngue. É Música Popular Brasileira da boa, sempre muito recheada com naipes de metais e percussão. Quem dá o tom da diversidade e molejo é a cantora paulista Verônica Ferriani, que vai apresentar seu primeiro disco, homônimo, no Sesc Pompéia nesta terça (16/06), dentro da programação do Prata da Casa, com entrada gratuita.

Formada em Arquitetura pela USP, Verônica também faz parte da banda Gafieira São Paulo e já tem uma experiência consolidada na cena musical, apesar de ter apenas cinco anos de carreira. Para se ter uma ideia do seu talento, já dividiu o palco com grandes nomes como Beth Carvalho, Tom Zé, Jair Rodrigues, Moacir Luz, Paulinho Moska, Marcelo D2, entre outros.

Em São Paulo, Verônica é conhecida em redutos do samba como o Traço de União, onde abriu shows dos sambistas Nélson Sargento, Riachão, Walter Alfaiate, Wilson Moreira, Luiz Carlos da Vila e Billy Blanco. Seu disco, lançado no começo deste ano, teve seus pitacos na direção e foi produzido por BiD, com participação do Maestro Spok e diversos músicos da cena local.

No álbum de estreia o que não faltou foi um repertório de peso: Paulinho da Viola (Perder e Ganhar), Gonzaguinha (Um Sorriso nos Lábios), e uma parceria de João Donato e Paulo César Pinheiro (Ahiê), além da tragicomédia de Assis Valente (Fez Bobagem), só para ficar em alguns exemplos. Ainda em 2009, a cantora lança um disco em parceria com o violonista Chico Saraiva, vencedor do Prêmio Visa em 2003.

Verônica Ferriani sobe ao palco da Choperia do Sesc Pompéia acompanhada por Marcelo Cabral (baixo acústico, elétrico e violão 7), Marcelo Miranda (piano rhodes, organ e cavaco), Edy Trombone (trombone), Paulinho Sampagode e Léo Rodrigues (percussão).

Dia 16/06, às 21h.

Entrada franca.

Sesc Pompéia - Rua Clélia, 93; (11) 3871-7700/3865-0324; www.sescsp.org.br/sesc

sábado, 13 de junho de 2009

Rock'n'roll para casais

Roqueiros também amam, sim!

Crédito: parana-online.com.br

Por Silvio Luz

Ainda em clima de Dia dos Namorados, o Sesc Pompéia dá espaço para roqueiros que não têm vergonha de dizer: "Nós também amamos!". Depois do show de ontem (12/06), com a presença de Wander Wildner, a apresentação deste sábado, às 21h, trará ao palco da Choperia Marcelo Nova, Vanessa (Ludov) e Gustavo (Forgotten Boys).

Os músicos vão tocar um repertório com canções românticas adaptadas para o velho e bom rock'n'roll, e também o contrário. A direção do show fica por conta de Clemente (Inocentes/Plebe Rude).

Gostou? Então confira o videoclipe da música Roqueiros Também Amam, do Rock Rocket, que vem bem a calhar:



Dia 13/06, às 21h.

Entrada: R$ 16,00 (inteira), R$ 8,00 (meia-entrada) e R$ 4,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc).

Sesc Pompéia - Rua Clélia, 93; (11) 3871-7700/3865-0324; www.sescsp.org.br/sesc

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Pato Fu em edição Extra!

Banda libera download do DVD Extra em site especial

Crédito: Gabriela Lima, myspace.com/patofu

Por Silvio Luz

O Pato Fu sempre demonstrou respeito aos fãs quando o assunto é liberação de trabalhos na internet. Mas agora a banda exagerou (no bom sentido, é claro). O DVD Extra! Extra!, que mostra cenas de bastidores e shows da turnê do disco Daqui Pro Futuro, de 2007, foi disponibilizado na íntegra em site especial. Além do download, é possível comprar o álbum físico por apenas R$ 15,00, mais o frete.

A página do DVD é dividida em videoclipes, fake demos (com gravações das músicas bem parecidas com as que foram compostas originalmente), lições da estrada, dois documentários - um com cenas de shows pelo Japão e outro com os bastidores da turnê pelo Brasil - e ainda seis vídeos para o programa Música de Bolso. Está esperando o quê? Vai lá e aceite o presente dos mineiros. Para quem não tiver muita paciência em esperar o download, pode assistir direto no site.

Tudo bem que a banda já tem uma larga experiência na música, mas não deixa de surpreender pelo caráter independente e pela honestidade com seu público cativo. Com estas iniciativas, a banda mostra que, além de talento, é preciso visão de futuro para sobreviver em meio ao excesso de informação dos dias atuais.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Thiago Pethit de clipe novo

Essa Canção Francesa ganha desenho animado

Crédito: mtv.uol.com.br

Por Silvio Luz

Não é de hoje que as animações fazem parte do universo dos videoclipes. No mês passado, por exemplo, foi a vez dos Paralamas lançarem um do novo disco, da música A Lhe Esperar. E o paulistano Thiago Pethit também resolveu se embrenhar por estas técnicas. Na sua página oficial do YouTube foi lançado o videoclipe de Essa Canção Francesa, que faz parte de seu primeiro EP, Em Outro Lugar, e na qual divide os vocais com Tiê.

O vídeo, dirigido por Rafael Barion e Adams Carvalho, foi produzido com a técnica de animação conhecida como rotoscopia. Primeiro foi filmado e editado e, posteriormente, desenhado frame por frame por Adams. Enquanto o desenho animado com Thiago e Tiê rola no YouTube, o Le Pethit Prince abre o show de Jens Lekman, no Studio SP, dentro do Invasão Sueca, neste sábado (13/06).

Clique aqui para assistir ao videoclipe de Essa Canção Francesa.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Volver neles!

Quarteto recifense está de mudança para Sampa

Crédito: Sofia Egito/Divulgação

Por Silvio Luz

A banda vai passar. E ficar por aqui mesmo. Nascido em Recife, o Volver - grupo de rock com levadas pop - fez as malas e veio mostrar o seu trabalho aqui em São Paulo. A estadia é indefinida, mas é quase certo que caia nas graças dos independentes daqui. Nesta quarta-feira (10/06), os quatro rapazes fazem show no Studio SP, com entrada gratuita, dentro da programação do Cedo e Sentado, a partir das 21h. E, para eles, a semana não acaba hoje não. Nesta sexta, Dia dos Namorados, há show marcado no Inferno Club, ali mesmo na eclética Rua Augusta.

Com vocal competente e direto de Bruno Souto, responsável também pela maior parte das composições, o Volver ressalta abordagens do indie-rock e canções constantes e melódicas. A bateria e guitarra destacadas ficam com o papel de construir ambientes dançantes. Das músicas disponíveis no player do MySpace da banda, é obrigatório ouvir Tão Perto Tão Certo.

Na estrada e nos palcos há seis anos, o quarteto pernambucano tirou do forno no ano passado o segundo disco de estúdio, Acima da Chuva, com 40 mil downloads no MySpace nos primeiros meses após o lançamento. O álbum é o primeiro da terra do manguebeat a ser disponibilizado na íntegra em parceria com o site de música.

O disco de estreia foi Canções Perdidas Num Canto Qualquer, que saiu em 2003 já com um hit. Você Que Pediu, música de abertura do CD, foi a música responsável por tornar a banda conhecida em Recife e nas paradas independentes. Agora, o que os pernambucanos querem mesmo é sair por aí divulgando o álbum mais recente, mas já planejam gravar novas músicas no ano que vem.

Para ouvir e baixar o álbum Acima da Chuva, clique aqui.

Dia 10/06, a partir das 21h.

Entrada franca (a permanência após a meia-noite gera cobrança automática do preço de lista de desconto do show posterior da noite).

Studio SP - Rua Augusta, 591; (11) 3129-7040; www.studiosp.org

Dia 12/06, a partir das 22h. Abertura para a banda Lipstick.

Entrada: R$ 15,00 na porta e R$ 10,00 na lista (no site, seção Agenda).

Inferno Club - Rua Augusta, 501; (11) 3120-4140; www.infernoclub.com.br

terça-feira, 9 de junho de 2009

Mais um direto de Recife

Jam da Silva: artesão da música absorvida na rua

Crédito: myspace.com/jamdasilva

Por Silvio Luz

Com pouco mais de 30 anos, o pernambucano Jam da Silva começa a colher os frutos de suas experimentações na percussão, pelo menos cá para as bandas do Sudeste, porque lá em Recife ele toca desde os 11 anos. Em 2008, o músico lançou seu primeiro disco, Dia Santo, bastante elogiado pela crítica e com quatro estrelas na avaliação da revista Rolling Stone. Nesta terça (09/06), o público de Sampa tem a oportunidade de ver Jam no Sesc Pompéia, às 21h, com entrada franca, dentro do projeto Prata da Casa.

Absorvendo barulhos e ruídos do dia-a-dia, como captar vozes dentro de um ônibus, o recifense inseriu em seu álbum de estreia batidas de drum'n'bass e hip hop. "Catalogar Dia Santo nos gêneros comerciais é trabalho inútil. Na minha estante, o rótulo é Música Excelente". A fala é de ninguém menos que DJ Dolores, seu conterrâneo e parceiro na música, com a Orquestra Santa Massa.

O percussionista, que começou como baterista, já tocou com Paula Toller, Kátia B e a banda F.U.R.T.O e também já rodou o mundo angariando parcerias e enriquecendo ainda mais sua produção, que tem um pé (ou mais do que isso) no movimento manguebeat. Seu talento como compositor já lhe rendeu canções gravadas por Marisa Monte, Elba Ramalho e Roberta Sá.

Em junho, além de São Paulo - onde conta com a participação especial de Junio Barreto -, Jam da Silva também toca no Rio, no dia 17, na Cinemathèque. Para ouvir canções do músico, acesse sua página no MySpace.

Dia 09/06, às 21h.

Entrada franca.

Sesc Pompéia - Rua Clélia, 93; (11) 3871-7700/3865-0324; www.sescsp.org.br/sesc

segunda-feira, 8 de junho de 2009

É samba ou não é? É Samba de Rainha!

Sete mulheres, sete visões e um samba só

Crédito: Divulgação

Por Silvio Luz


O que corre à boca pequena (bem, nem tão pequena assim) é que o Samba de Rainha é impressionante de se ver ao vivo. A presença categórica e alegre de suas sete integrantes, entre percussionistas, instrumentistas e vocalista, colocam o samba no mais alto pedestal, valorizando o ritmo mais brasileiro com maestria.

As meninas começaram cantando em rodas de samba informais, mas logo viram que o buraco era mais embaixo (ou mais em cima). Com canções autorais e releituras de grandes compositores, como Ary Barroso e Benito Di Paula, o grupo já lançou dois discos, Isso é Samba de Rainha, de 2004, e Vivendo Samba, lançado no ano passado. Ano que projetou a música da banda para a Europa, na primeira turnê internacional.

O Samba de Rainha - composto por Núbia Maciel (vocal), Aidée Cristina (surdo), Erica Japa (rebolo), Gadi Pavezi (pandeiro), Naná Spogis (violão), Sandra Gamon (tamborim e repinique) e Thais Musachi (cavaco) - já abriu shows de Mart'nália, Leci Brandão e Marcelo D2 e é bem conhecido em bares de Sampa, como Traço de União, Bar Brahma e Vermont Itaim.

Na entrevista abaixo, Aidée Cristina, uma das principais compositoras do grupo, falou sobre o lugar da mulher no samba, shows internacionais, novo CD, entre outros temas. Confira o bate-papo na íntegra:

Depois de muito tempo relegado aos guetos, em décadas passadas, o samba já teve seus inúmeros ápices. E hoje? Qual o espaço reservado a este ritmo bem brasileiro?

Aidée Cristina - Graças a Deus o samba, há um bom tempo, é linguagem corrente de todo o brasileiro. O espaço é grande, diário e autêntico, pois no auge da maior alegria ou da maior tristeza, todo mundo tem sempre um samba bom para ilustrar o momento.

Ainda vivendo numa sociedade machista e patriarcal como a brasileira, acreditam que o Samba de Rainha está abrindo portas para que outras mulheres subam ao palco e sambem a própria liberdade?

Aidée Cristina - Deusas foram e são as verdadeiras rainhas como Dona Ivone Lara, Clara Nunes, Leci, Alcione, entre outras. Elas realmente abriram as portas e enfrentaram todas as barreiras para seguirem suas carreiras. Hoje, nós do Samba de Rainha só podemos subir num palco com naturalidade por causa delas. Se estivermos motivando outras garotas, maravilha! O importante é ter humildade, consciência e espalhar felicidade.

Fale um pouco sobre as apresentações fora do Brasil. O público de Portugal e Londres se aproximam, minimamente que seja, da nossa malemolência?

Aidée Cristina - Encontramos surpresas muito boas em Portugal. Nos apresentamos em palcos bem diferentes, desde galpões abertos para toda a população até o Teatro Circo de Braga, suntuoso, belo e extremamente histórico. Lá, os portugueses cultuam o bom samba e conhecem inúmeras canções do universo do samba brasileiro. Cantam e vibram à sua maneira, com todo o coração. Quando começamos a tocar e o povo levantou os braços junto, aí não teve mais como parar, foi magia pura. Em Londres fizemos um show com casa lotada, o que nos surpreendeu bastante. O público ficou agitado, dançou muito e até cantou conosco. E o ponto alto foi uma brincadeira que fazemos com a música Satisfaction, em ritmo de samba. Foi tudo! Quanto à malemolência, Brasil é Brasil!

Apesar de fazer samba, vocês mostram que quando se fala de música a produção que não inova e não mistura, também não se sustenta. Fale sobre essa abertura para outros ritmos, como é o caso da inserção de batidas eletrônicas na música Au Revoir Electro Dub Mix.

Aidée Cristina - Dentro da banda temos pessoas com gostos musicais e influências diferentes e é essa mistura que procuramos trazer para o nosso trabalho. É o tempero do nosso samba! No caso do remix de Au Revoir, foi a Sandra Gamon, que também é DJ, que fez junto com AS Spirit, especialmente para abrir o show do lançamento do CD Vivendo Samba. Como as pessoas adoraram, disponibilizamos para download no MySpace.

Tem algum lugar aqui em Sampa que vocês têm um carinho especial em tocar?

Aidée Cristina - Gostamos de tocar dentro da sua casa, no seu carro, no seu iPod, enfim... (risos). Não há uma preferência não, seja numa casa de show, num bar, numa roda, gostamos é de tocar!

Qual sambista vocês mais admiram e que mais influenciou toda a produção do Samba de Rainha?

Aidée Cristina - Unanimidade para todas nós é a Clara Nunes. Falando de sambistas, curtimos muito Arlindo Cruz, tem o Adilson Bispo que, juntamente com seus parceiros Lula Matos e Anderson Baiaco, fez pra gente o samba Chega de Fazer Pirraça, que gravamos no nosso mais recente disco. Mas a banda tem gostos ecléticos, então a admiraçãoo vai de Zeca Pagodinho a Marcelo D2, passando pela praia de Carlinhos Brown, Luiz Caldas, Noel Rosa, Dona Ivone e por aí vai.

Se não existisse samba, o mundo seria...

Aidée Cristina - Muito, mas muito triste e ruim da cabeça...

Hoje, mesmo com as maravilhas da internet, ainda é difícil ter um lugar ao sol?

Aidée Cristina - Claro que é trabalhoso! São mil artistas bons, muita música boa e disposição! Então, para seu trabalho aparecer é uma questao de fé, perseverança e uma aposta no escuro. Quem ganha com isso é o publico! Hoje, se uma música não aparece no circuito das rádios, ela pode encontrar uma legião de fãs na internet, que se comunicam, se encontram e prestigiam os shows. Trata-se de um veículo crucial para que se divulgue um trabalho. Não diria que é dificil ter um lugar ao sol, mas é trabalhoso. Mas sem paixão ninguém vai a lugar nenhum, não é?

Todas as sete integrantes conseguem viver só de música? Como foi o começo da carreira e o que tiveram de enfrentar?

Aidée Cristina - É aquela história da dedicação que eu comentei. No início, todas tinham suas profissões em outras áreas. No segundo ano de existência da banda, ou realmente nos empenhávamos em fazer desta banda uma coisa grande, ou sabíamos que teríamos dificuldades com o que criamos. Todas embarcaram de cabeça, deixamos os antigos empregos, passamos bocados bem apertados no final do mês e seguimos adiante. Valeu à pena, sem pensar um segundo! Ainda há muito caminho para percorrer, para se ter a estabilidade e o lugar ao sol que você citou. Mas todas nós estamos unidas e investindo em loucuras para melhorar e trazer um show, um CD cada vez mais bacana para todos que nos acompanham. Isso está no sangue, ninguém sossega!

Como está sendo a divulgação do mais recente disco de vocês, Vivendo Samba?

Aidée Cristina - O trabalho foi super bem aceito pelo público que já tinhamos e cativou outros, o que para nós é uma felicidade. O disco recebeu críticas positivas da imprensa, de sites e de blogs, e as vendas estão boas nas lojas do Brasil e do exterior. Nosso maior veículo de divulgação tem sido a internet, além dos shows, pois ali temos o contato próximo com as pessoas, que sambam conosco e retornam sempre. Isso é divulgação comprovada!

Quais os próximos shows da agenda da banda? Há a intenção de ir para o exterior neste ano também?

Aidée Cristina - Estamos todas as quartas no Brahminha (exceto dia 10 agora) e todos os domingos no Vermont Itaim (agenda completa). Estamos confirmando nossa estreia no Café Paon, em Moema. Em relação aos shows internacionais, graças a Deus, há sondagens, como os festivais de verão na Espanha. Mas vamos deixar acontecer!

No MySpace do Samba de Rainha há cinco músicas disponíveis para audição. No site oficial é possível conhecer um pouco mais sobre a história da banda, por meio de fotos e vídeos.

sábado, 6 de junho de 2009

Pitty quase lá

Roqueira finalmente vai lançar álbum novo

Crédito: pitty.com.br

Por Silvio Luz

Para o pique que a baiana Pitty vinha mantendo depois do sucesso do primeiro disco, o hiato de quatro anos sem lançar álbum de inéditas pode parecer uma eternidade para os seus fãs. A novidade é que o terceiro álbum já está sendo arquitetado e em breve poderá ser apreciado. Se o tempo sem lançar novo trabalho é grande, a exigência sobre a qualidade também será maior. Resta saber se ela vai fazer mais do mesmo ou inovar dentro do seu próprio estilo.

Enquanto Pitty testa suas novas composições no antigo estúdio em São Paulo - equipado especialmente para as gravações - o público pode acompanhar cenas de bastidores e curiosidades do processo de produção no site 256 Tons de Cinza. O vídeo da canção Medo é uma das novidades.

O disco, produzido por Rafael Ramos, deve chegar às lojas em agosto, pela gravadora Deckdisc. Pela primeira vez, um álbum da roqueira será gravado inteiramente em São Paulo.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Andreas Kisser em voos solos

Guitarrista do Sepultura lança disco cheio de ecletismo

Crédito: myspace.com/andreaskisser

Por Silvio Luz

Depois de uma temporada de shows com sua banda Sepultura e os amigos do Angra, o guitarrista Andreas Kisser reserva agora na agenda um tempo para o lançamento de seu trabalho solo, Hubris I & II, um disco duplo que reforça sua sonoridade metaleira, mas que também abre espaço para a música erudita, MPB e até repente. Nesta sexta (05/06), o guitarrista retorna ao palco da Choperia do Sesc Pompéia, depois do show de estreia que aconteceu ontem, e conta com as participações de João Barone e Bi Ribeiro, dos Paralamas, além de Paulo Ricardo, para apresentar suas músicas inéditas.

E põe música nisso. São 21 faixas divididas em dois CDs, propositalmente produzidos para balancear os lados pesados e sutis de Andreas. Depois de se tornar um dos nomes mais representativos do chamado nu metal nos anos 90, o músico pretende agora mostrar muitas influências e novas facetas em seu álbum solo, que está disponível para venda nos shows.

O próprio Andreas fala sobre o processo de composição do disco, no site de seu fã clube oficial. "Depois que o Max saiu do Sepultura, comecei a compor temas sem um objetivo definido. Hubris I & II é uma consequência do que escrevi desde 1997". No disco, além de tocar, o guitarrista também fez arranjos, compôs e produziu.

Para ouvir Andreas Kisser no MySpace, clique aqui.

Dia 05/06, às 21h.

Entrada: R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia-entrada) e R$ 5,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc).

Sesc Pompéia - Rua Clélia, 93; (11) 3871-7700/3865-0324; www.sescsp.org.br/sesc

quinta-feira, 4 de junho de 2009

O novo da Super Mulher

Ana Cañas diz que segundo disco está chegando

Crédito: myspace.com/anacanas

Por Silvio Luz

Ana Cañas anunciou em sua página pessoal do MySpace que o segundo trabalho de estúdio já está quase pronto. A previsão é de que até o final de junho o CD chegue às lojas. O disco conta com a produção de ninguém menos que Liminha e foi gravado no estúdio Nas Nuvens, no Rio de Janeiro.

Depois do sucesso de Amor e Caos, álbum de estreia lançado em 2007 e calcado no jazz e no pop, a paulistana de 28 anos, formada em artes cênicas, promete não desapontar os fãs com as novas músicas. Além de sua intimidade com as palavras, demonstrada no primeiro disco, Ana vez ou outra mostra sua veia poética em escritas dispersas. Olha só o que ela rabiscou lá no blog do MySpace:

"Tá chegando o disco novo... Tem cachorro tem vinho tem bêbado tem homem tem mulher tem gente inteligente tem arnaldo tem chopp tem churrasco-fiasco tem ideias tem dadi tem a banda que eu amo os quatro cavaleiros do após-calipso tem frango com quiabo tem porre de whisky com countreau tem gil tem lima tem gira tem cabeça gira tem mongonga tem vulkano tem vídeo tem hoje eu não vou fazer nada tem ah! o amor é mesmo estranho... e tem tempo que eu tô querendo ficar assim".

Com voz ora suave ora inquieta, a cantora começou a carreira tocando em bares de São Paulo e chamou atenção de crítica e de público após participar de um festival universitário, em 2002. De lá para cá, já colheu bons frutos pelo seu trabalho, que se sobressai dentro da nova produção da MPB. A banda de Ana Cañas é formada por Alexandre Fontanetti (violão), Fabá Jimenez (guitarrista), Fábio Sá (baixo elétrico e acústico), Adriano Grineberg (piano) e Thiago Rabello (bateria).

Para ouvir canções de Ana Cañas acesse o site oficial ou o MySpace, e clique aqui para assistir ao vídeo com brincadeiras, estripulias e algum som durante as gravações do novo disco.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Marcelo Camelo nos olhos de Ivete

Músico fala sobre novo DVD da baiana

Crédito: multishow.globo.com

Por Silvio Luz

Em outubro do ano passado, o ex-hermano Marcelo Camelo compôs a música Teus Olhos especialmente para a cantora baiana. Ivete Sangalo não se fez de rogada e o chamou para a gravação do DVD Pode Entrar, que chega às lojas brasileiras nesta sexta (05/06). Camelo fala sobre sua participação no registro em vídeo nesta quarta, às 21h30, no programa Bastidores, do canal a cabo Multishow.

Antes de chegar ao mercado, boa parte do DVD será adiantado em especial do programa Multishow Registro, que será exibido nesta quinta (04/06), também às 21h30. As gravações ocorreram na casa de Ivete, na Morada dos Cardeais, na Bahia, com as participações especiais do já citado Marcelo Camelo, Maria Bethânia, Lulu Santos, Carlinhos Brown, Saulo Fernandes da Banda Eva, Aviões do Forró e Mônica Sangalo, que divide os vocais com a irmã pela primeira vez.

Sobre a canção de Camelo, Ivete disse o seguinte: "É uma música bem intimista, com guitarras havaianas, que ele fez pra mim. Começo a cantar num registro mais grave para acompanhá-lo". No site do Multishow é possível assistir ao vídeo com o dueto, acompanhado da letra que está presente no encarte do DVD.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Malemolência do Capão Redondo

Sandália de Prata reverbera samba-rock de primeira

Crédito: myspace.com/sandaliadeprata

Por Silvio Luz

A base é o samba, mas o que os paulistanos do Sandália de Prata fazem mesmo é deixar a imaginação fluir na construção de melodias dançantes e malemolentes. O samba-rock, o samba de gafieira e tradicional são alguns exemplos da sonoridade produzida pela banda, originária do Capão Redondo, bairro periférico da zona sul de São Paulo. Nesta quinta-feira (04/06), a banda se apresenta no Vila do Samba, na Casa Verde.

Formada por músicos que acompanham grandes nomes da música brasileira - como Jair Rodrigues, Jamelão, Max de Castro, Roberto Carlos, entre outros -, a banda já é bem conhecida em bailes de gafieira e samba-rock da cidade, desde 2003. Em 2006, lançou o primeiro disco, homônimo, com cinco faixas e capa que recupera a nostalgia do vinil. O segundo e mais recente trabalho de estúdio é Samba Pesado, lançado no fim do ano passado, apresentando diversas composições próprias e também uma música inédita que Luis Vagner, considerado um grande representante do samba-rock em São Paulo, compôs especialmente para o grupo.

O suíngue e o tempero apimentado bem brasileiro são transmitidos e sintonizados pelos talentos de Ully Costa (vocal inconfundível e presença alegre e divertida nos palcos), Sandro Lima (violão e guitarra) Carlinhos “Creck” (baixo) Paulinho Sorriso (bateria), Dado Tristão (teclados), Tito Amorim (percussão), João Lenhari (trompete), Jorge Neto (trombone) e Marcelo Fernandes (sax). Para ouvir o som da banda é só acessar a página oficial no MySpace.

Dia 04/06, a partir das 21h.

Entrada: R$ 10,00 (mulher) e R$ 15,00 (homem)

Vila do Samba - Rua João Rudge, 340, Casa Verde; (11) 3858-6641; www.viladosamba.com.br

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Dando as caras - Graveola e o Lixo Polifônico

Um liquidificador, uma lixeira e muitas reciclagens

Crédito: Luisa Rabello/Divulgação

Por Silvio Luz

Experimentações e reciclagens musicais. Um liquidificador suspenso com espaço para tudo. O gosto pela liberdade e a aversão às rédeas e cabrestos. O nome é apenas mais um detalhe de toda essa construção, ou desconstrução, como preferir. Graveola e o Lixo Polifônico é uma banda de Belo Horizonte, formada em 2004, com uma única intenção: "enxertar fragmentos amaldiçoados da cultura pop, paródias e esboços de composições próprias, oscilando entre o lirismo e o deboche", como diz a definição oficial. O grupo tem show marcado em BH, no Reciclo 1, no dia 11/06.

O lixo é o centro das atenções, e dele são criadas diversas camadas e texturas musicais, formando canções cheias de ramificações e preenchidas com muito experimentalismo. Copos, chaveiros e até uma lixeira em desuso, além do violão quase sempre presente, é material para este grupo que só quer mostrar seu imaginário "lírico-urbano-de-noticiário-de-rádio-AM-terceiromundista". O primeiro disco, homônimo, foi lançado no ano passado.

Na entrevista exclusiva ao Entrete[discer]nimento, Luiz Gabriel, uma espécie de frontman da banda, falou de rótulos, formação do Graveola, ramificações, misturas, entre outros tantos ti-ti-tis. Confira:

Por que Graveola e o Lixo Polifônico?

Luiz Gabriel - Pois é, a história desse nome é bem controversa. Existem várias versões. Uma delas, a que me lembro no momento, é que estávamos desesperados de tanto tentar achar um nome definitivo pra banda, pois já tínhamos ensaiado várias possibilidades anteriores e chegamos até a fazer alguns pequenos shows com outros nomes - um deles era "O mosco e a moça", para você ter uma idéia. Daí resolvemos fazer uma espécie de ritual randômico dadaísta de batizado, colocar várias palavras numa sacola e sortear aleatoriamente. Nessa época, já tínhamos o lixo polifônico como espécie de totem, que de fato era uma lixeira que usávamos pra batucar, na falta de outros instrumentos (ela existe até hoje!). Aí colocamos várias palavras recortadas de revistas dentro do lixo polifônico e, depois de sabotar a integridade do processo algumas vezes - porque algumas palavras que saíram antes eram muito difíceis de usar, tipo "decadentismo", "acessibilidade" e "recomendação" -, demos com a reluzente sonoridade do nome "graveola" (que, de fato, veio "graviola", mas aí, por motivos que hoje já nos escapam, fez-se em corruptela com a letra "E"). E daí, o subtítulo "lixo polifônico" já era um adendo natural e necessário, sobre o qual até hoje perambulamos em confusas e controversas conceituações.

Fale um pouco sobre a formação da banda... Tocavam para se divertir ou desde o começo pensaram em se profissionalizar?

Luiz Gabriel - Começamos como quase toda banda, tocando de curtição. Na época, o Marcelo, o Zé e eu participávamos de rodinhas de violão pela faculdade (UFMG). Aí começaram a surgir músicas próprias, a banda foi crescendo em integrantes até chegarmos aos septeto que somos hoje, fora toda a galera que dá uma força, som, luz, produção, vídeo etc. Isso da "profissionalização" tem sido um processo meio que inevitável, acontece na medida em que o trabalho do grupo vai tendo reconhecimento, formando algum público e tal. Não foi uma coisa muito pensada estrategicamente. Mas claro que isso parte de uma escolha, que é a de tornar a banda um trabalho como outro qualquer, só que mais divertido, felizmente! E também a de levar a música como trabalho, principalmente. É bacana porque a gravação do disco veio num momento bem "ou vai ou racha" mesmo, já tínhamos a banda há algum tempo, um primeiro ciclo dessa produção autoral já acumulada, então a possibilidade de gravar veio bem a calhar, pra registrar o que tinha rolado até então e poder virar a página, dar seguimento à história.

Quando se fala de música, definir rótulos é limitar a imaginação e a arte?

Luiz Gabriel - Uai bicho, acho que os rótulos são uma questão de mercado mesmo, quem vende e quem consome tem necessidade de saber em que prateleira colocar tal coisa. E aí fica essa confusão de gêneros, sub-gêneros e sub-sub-gêneros. É uma forma de limitação sim, mas que é imposta pelo mundo prático, pelas esferas materiais em que a arte se insere. No nosso caso, como a gente mesmo sempre teve dificuldade de saber como "vender o peixe" nesse aspecto de "em qual rótulo" encaixar a banda, então começou essa sacanagem de confundir ainda mais ("eu tô te explicando pra te confundir..."), sabotar de alguma forma esse esquema tradicional de gênero, release etc, usando um material textual menos explicadinho, com definições que vêm de um imaginário da banda bastante bagunçado e verborrágico. E acabou virando uma espécie de "hobby interno" nosso, esse de teorizar em cima do que a gente faz de uma maneira meio maluca, criar nomes, categorias e tal... E daí essa conversa toda de culinária sonora, barroco-beat, estética do plágio, pós-tropicalismo, que, de fato, traduzem ideias que a gente tem sobre o nosso processo, mas de uma forma não tão didática como geralmente é esperado.

A capa do primeiro álbum tem uma ilustração com várias ramificações. Esta é a síntese e a representação ideal para a produção musical e artística da banda?

Luiz Gabriel - O desenho é da Flora, minha irmãzinha linda (risos), que toca percussão e tem feito uma parte desse trabalho visual da banda junto com o Marcelo. Não fui eu que concebi, então não posso falar de dentro do processo, mas acho que tem a ver sim com essa característica "rizomática" dos processos da banda, a coisa de vários vetores que se esbarram, se multiplicam e se ramificam em direções pouco identificáveis, com um caráter meio randômico, mas muitas vezes profundamente harmônico. Vejo o desenho da capa como uma metáfora legal desse imaginário nosso, de uma metamorfose contínua e pouco programática.

Além da música, vocês incluem outros tipos de arte nas apresentações?

Luiz Gabriel - Temos um trabalho já há algum tempo com projeções de vídeos, com uns amigos nossos que trabalham nessa área. Pelo fato de ser formado em comunicação, cheguei a trabalhar com alguns projetos audiovisuais, e até hoje, de vez em quando, me envolvo com algumas coisas. E nesse meio é que calhou de uma galera fazer a parceria com a gente, a Priscila, o Maurício e a Luisa. Também está começando a rolar uma preocupação cenográfica, que envolve esses três e mais o Marcelo e a Flora. A Luisa também está começando a trabalhar com iluminação nos shows com mais frequência. É tudo bem devagar e aos poucos, porque é bem na tora, quase nunca tem grana, é só um bando de amigos muito talentosos e bem dispostos! Mas temos essa vontade sim, de construir uma coisa inteira, não ficar só preocupado com a música, ou com a performance de palco, mas com o todo, porque o show é um dispositivo bem complexo em termos de linguagem. É difícil chegar num equilíbrio, mas vamos tentando.

Em BH, qual é o público que consome (ou melhor, digere) esta nova safra de bandas independentes?

Luiz Gabriel - Ainda é bem pequeno, mas existe. Dá pra ver pela galera que frequenta os nossos shows, e que geralmente também frequenta o circuito independente como um todo. E tem muitas interseções entre os públicos das bandas, o que é muito massa. Acho que ainda falta um "tomar das rédeas" mais firme por parte da galera das bandas aqui, se engajar e se juntar mais, esconder menos o ouro, dar mais a cara à tapa, porque tem muito disso também, muita amarração, que ainda se soma com a capenguice do circuito também, claro. Há poucos espaços pra tocar e aí as bandas acabam fazendo shows com pouca frequência mesmo. E ir pra fora de BH é difícil, então fica essa coisa meio insistente e tropeçante. Mas não tenho dúvidas de que nós e os outros grupos desse mesmo cenário ainda estamos engatinhando, apenas no início desse processo de formar público pra cena daqui. Potencialmente, o horizonte é muito maior.

Se pudessem se comparar a algum artista ou banda - que esteja na ativa ou não - qual seria?

Luiz Gabriel - Não digo comparar, propriamente, mas dos "medalhões" que estão na ativa tem o Tom Zé, que é talvez o cara que sintetiza várias das nossas crenças estéticas, teóricas e sonoras. Devemos muito ao pensamento e à obra dele, foi e ainda é fundamental para várias das direções que tomamos. Talvez pelo fato dele ter sido, dos que emergiram no bonde do tropicalismo, um dos mais radicais. Acabou criando um universo muito próprio, uma obra muito diversa, mas profundamente coerente, cheia de auto-referências, cujos processos de desenvolvimento da linguagem são claramente visíveis.

E do cenário independente?

Luiz Gabriel - Da cena atual não conheço nada que lembre nosso som muito diretamente, mas vejo alguns tipos de parentesco com algumas bandas tipo o Cérebro Eletrônico, nessa mesma questão das referências, de uma relação com uma certa linhagem do cancioneiro brasileiro. Tem também o grupo Do Amor, que tem umas ondas de misturas e experimentações muito "ducaralho", uma vontade de dar conta da tradição inteira, sem distinções, de deglutir todo tipo de som, que acho que a gente compartilha, além do lado debochado e sacana. Recentemente saquei o Porcas Borboletas, uma banda de Uberlândia, que mesmo sendo bem diferente no âmbito sonoro-musical, parece ter mesmo um parentesco com a gente nas intenções. Um aspecto cênico-performático forte e uma inclinação por um imaginário onde a gente também passeia, meio televisivo-história em quadrinhos, meio "lírica-urbana-de-noticiário-de-rádio-AM-terceiromundista". Vi um show aqui em BH e achei bem interessante o trampo deles.

Falando nisso, quais são as principais influências do grupo?

Luiz Gabriel - É aquele velho papo: as influências estão sempre em metamorfose, dependem do que a gente está ouvindo no momento, não é uma coisa fechada. Talvez dê pra dizer que tem algumas coisas fundantes, principalmente no âmbito composicional, que é o cancioneiro clássico da MPB mesmo, de várias linhagens: Caetano, Gil, Jards, Novos Baianos, Sérgio Sampaio, Luiz Melodia, Roberto Carlos, Tom Zé, Itamar Assumpção, Rumo, os sambistas antigos, Moreira, Noel, toda essa galera... Poutz, tem muita coisa. Mas, em geral, a gente tem um pouco a postura de se deixar atravessar por todo tipo de sonoridade, todo tipo de gênero... Rola um certo gosto por "alteridades radicais", coisas de fora desse panteão mais estabelecido, na intenção de estabelecer um "meio do caminho", de incorporar e modificar essas realidades dentro do que faz sentido pra gente. Então entra aí tudo que for cultura de massa também, o pagode, o axé, a música sertaneja, o pop americano e um certo pendor pelo brega também. Enfim, tem muita coisa, por isso é difícil falar. Mas acho que as influências são bem visíveis nas músicas, a gente se reporta a elas o tempo todo.

Estamos vivendo algum momento especial e inovador ou a mesmice revestida de novidade é o que ainda impera?

Luiz Gabriel - Acho que a mesmice em si não é o problema. Às vezes, essa coisa de uma busca desenfreada do novo me incomoda um pouco. O novo pelo novo não vale nada, tem que fazer sentido. É claro que as renovações são sempre bem vindas, muitas vezes necessárias, é o motocontínuo do mundo mesmo, as linguagens, os valores, tudo se transforma, isso é uma condição estrutural da nossa realidade. Mas não acho que a questão em relação à arte se resume a isso. Penso mais numa necessidade de estar conectado ao próprio tempo, às questões e às mudanças que estão em curso nesse tempo, às revisões e proposições necessárias. E não sei dizer se estamos vivendo um momento especial e inovador. Talvez todo momento histórico se creia dessa forma, e talvez todos sejam, mas em proporções e velocidades diferentes. Mas é uma questão de horizonte mesmo, o alcance da visão tem seus limites históricos. É difícil perceber com muito apuro crítico o que está rolando ao redor da gente. Então essa sensação de que alguma coisa muito diferente está por vir me parece talvez uma vontade de acelerar processos que, na verdade, já estão acontecendo, mas de maneira sutil, e que operam transformações numa dimensão tão importante, se não maior, do que em supostas revoluções.

Musicalmente falando, o uso de naipes de instrumentos de sopro, forte característica da banda, é uma tendência atual nas novas produções independentes?

Luiz Gabriel - Poutz, que pergunta...! Sei não, mas talvez o pontapé inicial disso no nosso passado recente tenha sido o surgimento do Skank, lá pra 90 e poucos, com aqueles arranjos fodassos do Chico Amaral, aqueles naipes que a galera cantarolava tanto quanto ou mais que os refrões das músicas. É engraçado até lembrar dessa época, que parece que rolou uma certa ditadura estética nesse aspecto, no pop brasileiro, várias bandas de um hit só apareceram nessa época e tinham essa coisa do naipe de sopros, uns arranjos de contracanto com os refrões. Aquelas bandas que iam no Planeta Xuxa, lembra do Nepal? Teve também uma que se chamava Fincabaute, mesmo esquema (risos). Viagem isso, uma pseudo-genealogia dos naipes de sopros no pop brasileiro... E tô lembrando aqui que foi também nos anos 90 que teve a onda da axé music, que também incorporou muito essa sonoridade. Mas, recentemente, no cenário da música independente apareceu o Móveis Coloniais de Acaju, que tem essa coisa do pesão dos naipes de sopro quase como traço definidor do som da banda, que é muito bacana. Mas sei lá, viajei aí e não respondi sua pergunta (em off: achei interessante você dizer que os naipes são um traço característico da banda, o João vai ficar feliz!)

Por falar em independente, qual é a banda ou artista do cenário brasileiro que vocês mais admiram? Por quê?

Luiz Gabriel - Não dá pra falar de uma banda, um cara, é muito difícil. A pluralidade é muito grande e com a internet está tudo na mão, então dá pra garimpar muita coisa fina por todos os lados. Aqui em Belo Horizonte mesmo tem uma cena de música autoral se formando que vai dar em coisa muito boa. Muita diversidade estética e muita seriedade nos trabalhos. Tem coisas super cabeçudas e finas no campo da música instrumental, tipo o Ramo, o Diapasão, o Madeirame, o João Antunes, o Antonio Loureiro, o Felipe José. Da galera que trabalha com canção também tem coisas muito especiais e peculiares: Rafael Macedo, Quebrapedra, Pablo Castro, Kristoff Silva, Mutum, Alexandre Andrés, Makely Ka. E mais: da galera com perfil de banda de rock, tem umas coisas foda também, como o The Dead Lover's Twisted Heart, The Junkie Dogs, Transmissor, Ram e Iconili. Enfim, é só dar uma garimpada pela rede dos Myspaces daqui que vai achar muita coisa boa. Eu sou fã dessa moçada toda.

Como estão os convites para shows e festivais?

Luiz Gabriel - Estamos tocando por aqui com uma regularidade legal. Tínhamos um certo receio de "esgotar" muito rápido o público, mas, felizmente, os shows estão sempre cheios, é bem bacana. A gente faz um esforço grande pra não se repetir muito nos shows também, vamos incorporando alguns work-in-progress de músicas novas, alguns covers, pra dar uma oxigenada no dia-a-dia da banda e não ficar uma coisa chata. Mas o esquema de festivais ainda não rolou muito não. Não recebemos nenhum convite até então, acho que não somos considerados "indie" o suficiente (risos). Mas falando sério, talvez não tenhamos corrido atrás disso ainda do jeito certo, mas estamos querendo dar uma roletada, tocar em outros lugares. É difícil, é caro, a banda é grande, é foda, mas em breve a gente cai na estrada com mais firmeza, eu espero.

O Graveola e o Lixo Polifônico é formado por José Luis Braga, Luiz Gabriel Lopes, Flora Lopes, Marcelo de Podestá, Yuri Vellasco, João Paulo Prazeres, Bruno de Oliveira. Vale a pena conferir o MySpace dessa galera. Destaque para as músicas Insensatez, a mulher que fez, Cidade e O Quarto 417 (As Aventuras de Dioni Lixus). No site oficial do grupo é possível conferir vídeos, cifras e outras tantas experimentações.