segunda-feira, 4 de maio de 2009

O melhor da Virada Cultural

Opinião
Macaco Bong foi surpresa psicodélica

Crédito: myspace.com/macacobong

Por Silvio Luz

A quinta edição da Virada Cultural terminou no último domingo (03/04) em Sampa com um balanço positivo em relação às 24 horas ininterruptas de atrações e espetáculos. Dentre eles, o que mais me impactou foi o dos cuibanos do Macaco Bong, que subiram ao palco da Rua Conselheiro Crispiniano, no centro da cidade, às 2h30. Com rock psicodélico e enervante, amparado por três integrantes (guitarrista, baixista e baterista), a banda soube fazer uma apresentação ao mesmo tempo intimista - por causa do tamanho do palco - e expansivo, pela energia insaciável e sincronia do público e da banda.

O grupo de Mato Grosso (que não é o Vanguart!), formado há cinco anos por Bruno Kayapy (guitarra), Ynaiã Benthroldo (bateria) e Ney Hugo (baixo), produz uma sonoridade que prima pela desconstrução de arranjos convencionais e pela psicodelia. Na página do MySpace é possível conferir algumas músicas da banda, mas o som é muito mais impactante quando se ouve ao vivo.

E mais...

Cordel do Fogo Encantado: até hoje não tive muita paciência para a sonoridade da banda pernambucana, mas não desmereço sua qualidade sonora. No show na Avenida São João, o vocalista Lirinha mandou essa: "A Virada não é um presente. Tudo isso aqui é pago com o dinheiro dos nossos impostos". É tão óbvio que as pessoas se esquecem disso. E o melhor foi o comentário de um catador de latinhas: "Aqui no Brasil nada é de graça".

Nação Zumbi: fez um show básico, com canções mais recentes e outras clássicas, da época de Chico Science, como Manguetown e Maracatu Atômico.

Tributo a 20 anos da morte de Raul Seixas: não assisti a nenhuma apresentação, mas deve ter sido no mínimo marcante para quem viu algum dos shows.

Palco do samba-rock: sempre muito cheio, sobretudo no sábado à noite e madrugada adentro, o palco trouxe atrações do samba-rock como Farufyno, Os Opalas e Sambasonics, este último com a vocalista Francine Missaka, que esbanja carisma e presença distinta.

Palco Santa Efigênia: dedicado aos novos artistas, passaram por lá Anelis Assumpção (que vi fazendo uma participação especial no show do Curumin cantando Preta, de Beto Barbosa), Curumin (músico paulistano que, mesmo com o som baixo, soube envolver o público com seu samba particular, com incursões pelo hip hop e até pelo funk), Léo Cavalcanti (que teve o microfone cortado porque o tempo havia esgotado) e Comadre Fulozinha.

Novos Baianos: reunião bem esperada de Baby do Brasil e Pepeu Gomes, comemorando 40 anos do começo da banda, rendeu boas homenagens a Sampa, que segundo eles repetiram durante todo o show, abriu os braços para o grupo e eternizou os Novos Baianos. O show foi finalizado com a música Preta Pretinha, cantada em coro pelo público da São João. Aqui é possível conferir vídeo da música A Menina Dança.

Blocos de maracatu, intervenções artísticas, danças no palco do Vale do Anhangabaú, forró, projeções de vídeos em prédios, projeções do Festival do Minuto e muito mais fizeram parte da Virada. Um dos destaques da dança foi o músico africano Guem, que com a Cia Abieié e bailarinos convidados mostrou todo poder da música africana por meio de seus batuques primorosos.

O bom, o ruim e o inusitado

Ponto positivo: mais uma vez a Virada foi um sucesso de público e atrações, marcando mais um ano de incrustação de um evento no coração da sociedade de São Paulo, que está em processo de aprendizado para valorizar sempre esta grande festa.

Ponto negativo: todo o lixo espalhado pelo centro da cidade; o cenário de sábado para domingo foi aterrorizante, mais uma vez. A Prefeitura junto com a Secretaria de Cultura poderiam investir mais em limpeza e educação do público. É lógico que o hábito das pessoas jogarem lixo nas ruas não vai mudar de um dia para o outro, mas colocar mais lixeiras provisórias espalhadas pela cidade também ajuda, ação que deve ser acompanhada de campanha educativa maciça.

Ponto inusitado: as pessoas acamparam nos corredores da Galeria Olido de sábado para domingo. Este repórter que vos escreve também aproveitou para tirar uns cochilos entre 4h e 6h, afinal de contas, ninguém é de ferro.

2 comentários:

  1. rá! e mais inusitado que tudo foi se deparar com zelinha duncan curtindo de boa o talento ímpar de anelis assumpção. e da plateia! é, eu vi e vivi! uh! uh!

    beijo, querido!

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  2. Adorei a citação do Forró que fez parte da Virada Cultural 2009, apesar do descaso de colocarem a galera para fazer o show encima da boleia de uma caminhãozinho. Inusitado, mas Valeuuuuuuu!!!
    Bjs
    Érica Serpa

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Diz aí. Aqui você pode. Sem amarras e sem açoites.