sábado, 30 de maio de 2009
Pequeno Cidadão no Teatro Anhembi
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Curumin e Guizado
Por Silvio Luz
E quem foi que disse que não se pode comemorar dez anos de parceria andando com as próprias pernas, cantos, acordes e suíngues no cenário independente? Pois os músicos paulistanos Curumin e Guizado chegaram a essa marca, dividindo o palco em diversos momentos durante suas carreiras solo. No ano passado, os discos Japan Pop Show (Curumin) e Punx (Guizado) foram os mais elogiados pelo Trama Virtual e revista Rolling Stone.
Para festejar a década de amizade e experimentos musicais, os dois se apresentam neste domingo (31/05), às 19h, no Auditório Ibirapuera, em Sampa, com o show Japan Punx Show. No repertório não devem faltar canções como Mal Estar Card, Compacto, Magrela Fever e Caixa Preta, de Curumin - na verdade, Luciano Nakata Albuquerque -, e Maya, Miragem, Areias, Coloridos, de Guizado - uma espécie de codinome do trompetista Gui Mendonça.
Além da produção musical de cada um, o show especial também vai contar com a participação da banda Os Cabinha - banda infantil do Ceará que toca com instrumentos produzidos pelos próprios integrantes, que têm entre 9 e 11 anos, como guitarra e baixo de madeira e percussão de latas - e o vocalista do Nação Zumbi, Jorge du Peixe.
Para conhecer mais sobre os músicos paulistanos, confira entrevistas publicadas no Yahoo (Tem Curumin na terra do Tio Sam e Na panela do Guizado). Para ouvir canções de ambos, acesse suas páginas no MySpace, Curumin e Guizado.
Dia 31/05, às 19h.
Ingressos: R$ 30,00 e R$ 15,00.
Auditório Ibirapuera - Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 2 do Parque do Ibirapuera; (11) 3629-1075; www.auditorioibirapuera.com.br
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Musa é pouco
Por Silvio Luz
Imagine uma voz tão aveludada que te faz esquecer de tudo o que ouviu no seu aparelho de música a semana inteira. Então, esta voz - que parece extra-terrena, mas é de uma mortal mesmo - pertence à paulistana Tiê, que com as dez canções do seu primeiro disco, Sweet Jardim, lançado neste ano, mostra porque o Brasil merece ser lembrado sempre quando se fala em grandes cantoras e intérpretes. Ela, sem dúvida, entrará nesse rol - se é que já não entrou.
Na maioria das faixas de Swett Jardim, a cantora é acompanhada apenas por um violão, com acordes tão belos quanto os timbres sensíveis e melódicos de sua voz. Tiê também revela a sua competência na composição das letras, que falam de amor, mas sem descambar para o sentimentalismo barato facilmente alcançado. Sua produção é mais refinada do que isso. Padrões e mesmices não combinam com seu talento.
Encantos
Entre as canções do seu disco de estreia, os destaque ficam por conta de Assinado Eu - que logo quando acaba já dá vontade de ouvir de novo -, Passarinho - com efeitos de adoráveis pássaros e arranjo belíssimo de violino - e Aula de Francês - na qual Tiê mistura versos em francês e português. Se ela impressiona tanto cantando em português, em francês então é impossível que o queixo do ouvinte não caia.
Depois de estudar canto em Nova York, fazer parte da banda de Toquinho, criar o projeto Cabaret ao lado do amigo e parceiro Dudu Tsuda, a cantora-passarinho alça voos rasantes e precisos para nenhum bom admirador da música brasileira botar defeito. Para ouvir todo esse encanto em forma de música, acesse a página pessoal da cantora no MySpace. Todas as faixas do CD estão disponíveis lá.
Assista abaixo o videoclipe da canção autobiográfica Passarinho, com arranjos de Dudu Tsuda. O vídeo foi dirigido por Anna Penteado, em parceria com Chama Sabor Estúdio, e mostra Tiê perambulando pelas ruas, trilhos e parques de Sampa. Confira:
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Jovem Guarda revisitada
Por Silvio Luz
Na esteira da comemoração das cinco décadas de carreira de Roberto Carlos - na última terça (26/05) aconteceu um show que vai virar DVD e especial da TV Globo com 20 cantoras e o próprio Roberto, no Teatro Municipal de São Paulo -, o Itaú Cultural lança um projeto em seu site oficial que relembra as histórias da Jovem Guarda.
O iê-iê-iê da década de 60, com letras românticas e cheias de descontração, está presente em cada sessão do Jovem Guarda Itaú Cultural. Além da biografia detalhada de cantores como Erasmo, Roberto, Celly Campello, Jerry Adriani, Wanderléa, a Ternurinha, entre outros, é possível conferir vídeos com depoimentos de quem viveu aquela época e também textos que oferecem um panorama do que foi este movimento, inspirado em grande parte no rock dos Beatles e dos Rolling Stones, sempre pensando no público jovem, um grande filão mercadológico naqueles tempos e hoje também.
Na sessão Rádio, Zeca Baleiro conta a história da Jovem Guarda amparado por efeitos sonoros e canções típicas da época, passando pelo seu desenvolvimento, grandes sucessos, importantes ícones, curiosidades, entre outros temas, divididos em 20 programas. O projeto do Itaú Cultural também arquiva fotos, a maioria em P&B, para fechar o acervo rico de revisitação à Jovem Guarda.
Além de ser um material abrangente para pesquisas de todo tipo, quem viveu aqueles anos poderá exercitar as lembranças e se transportar para espaços e agitos passados.
terça-feira, 26 de maio de 2009
Entrevista - Neural Code
Por Silvio Luz
Com arranjos instrumentais que misturam pegadas roqueiras e jazzísticas, a banda Neural Code é nova no pedaço, mas conta com nomes já consagrados na música brasileira. Kiko Loureiro assume a guitarra da banda Angra há 17 anos e é conhecido por misturar o rock ao fusion, Cuca Teixeira é um baterista com bastante experiência no jazz, e, por fim, Thiago Espírito Santo está mais do que à vontade na cena instrumental brasileira, tendo tocado com Yamandú Costa e Hermeto Pascoal, só para ficar em dois exemplos.
Apesar da carreira solo de cada um deles, há sempre um jeitinho de sair por aí fazendo shows com o projeto. O Neural Code lançou o primeiro disco em abril deste ano, mostrando sintonia e afinidade musical, que também estão vivas durante as apresentações. Às vésperas da Virada Cultural 2009, o grupo fez um show gratuito no Sesc Consolação, em São Paulo, no qual se podia ver certo ecletismo do público presente, provando que a mistura, quando bem feita, só tende a arrebanhar ainda mais admiradores.
Em entrevista ao Entrete[discer]nimento, o baixista Thiago Espírito Santo - filho do multiinstrumentista Arismar do Espírito Santo - falou sobre as expectativas de divulgação do primeiro álbum, espaço para a música instrumental no Brasil, escolhas da banda, entre outros temas. Confira:
No show do Sesc Consolação, no mês passado, o Kiko disse que você praticamente convocou o Cuca e ele para montar a banda. Fale melhor como foi essa formação.
Thiago Espírito Santo - No início do ano de 2008 entrei em contato com o baterista Cuca Teixeira e o guitarrista Kiko Loureiro com a intenção de formar um trio de fusion brasileiro. Trabalho com o Cuca desde o início da minha carreira e sabia que ele seria o cara certo para o projeto que estava criando. Em seguida pensei no Kiko, pois ele é um músico que admiro muito e até aquele momento não havíamos trabalhado juntos, apesar de nos conhecermos há algum tempo. A receptividade de ambos foi ótima em relação ao projeto, e a partir daquele momento iniciamos o processo de composição e desenvolvimento do trio.
Quais as expectativas de divulgação do primeiro disco da banda? O preço do CD (vendido a R$ 10,00 nos shows) é uma estratégia para fugir do engessamento das grandes gravadoras e, em contrapartida, da pirataria?
Thiago Espírito Santo - As melhores possíveis. Optamos por comercializar o nosso CD nas apresentações do Neural Code com um valor acessível a todos. O valor é diferenciado para as vendas em lojas especializadas. Temos também o CD disponível para compradores do mundo todo no site www.diehard.com.br.
Como estão fazendo para conciliar a agenda de trabalhos pessoais e a agenda do Neural Code?
Thiago Espírito Santo - Trabalhamos com antecedência, mantendo uma comunicação constante entre produção e músicos para conciliar as agendas.
De onde surgiu o nome? Por que escolheram um nome em inglês?
Thiago Espírito Santo - A escolha do nome se deu após algumas conversas sobre o resultado final do trabalho, analisando os aspectos culturais, suas influências e o objetivo do projeto. Daí surgiu o nome Neural Code. Optamos pelo nome em inglês pois esse trabalho tem um âmbito internacional.
A música instrumental ganha cada vez mais atenção e adeptos no Brasil. Qual sua opinião sobre isso? É um fenômeno passageiro ou vai durar por muito tempo, transformando e inovando a musicalidade brasileira?
Thiago Espírito Santo - A boa música sempre teve adeptos em todo o planeta. Acredito que a continuidade se deve ao alto padrão de qualidade dos trabalhos apresentados pelos artistas.
Como é o processo de composição das músicas do Neural Code?
Thiago Espírito Santo - O processo de construção das músicas para o CD ocorreu de uma forma muito natural. Todas as ideias concebidas foram registradas. Após essa etapa, fizemos uma cópia dos ensaios para cada músico, com o intuito de amadurecer os arranjos, para posteriormente dar início às sessões de gravação do disco. Foi muito produtivo e, no segundo semestre de 2009, iniciaremos o mesmo processo para o segundo álbum.
A longa experiência de cada um dos integrantes da banda só contribui para maior visibilidade, ou vocês sentem que começam novamente do zero, por ser um novo projeto?
Thiago Espírito Santo - Acredito que cada projeto escolhido e realizado tem como objetivo somar na carreira musical de cada um de nós.
Quais os próximos shows da Neural Code?
Thiago Espírito Santo - No segundo semestre faremos uma turnê pelo Brasil.
Para ouvir duas músicas do Neural Code - Cangaceiro Marroquino e Drenal -, acesse a página do grupo no MySpace.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Brasil e Cuba, que tal?
Yaniel Matos e Max de Castro: parceria saliente
Por Silvio Luz
Um pianista cubano mais um cantor e compositor brasileiro é igual a um espetáculo cheio de suíngue e vivacidade, características comuns a estes dois povos. A apresentação especial e única de Yaniel Matos e Max de Castro acontece nesta sexta-feira (29/05), no Tom Jazz, em São Paulo. Para o repertório, os músicos selecionaram canções representativas da cultura dos dois países e também músicas autorais e inéditas, compostas por eles especialmente para este projeto cubano-brasileiro.
Depois de se conhecerem em Havana, durante um festival, Yaniel e Max perceberam que uma parceria futura não iria nada mal. O primeiro trilhou importante caminho na música instrumental cubana e já tocou ao lado até do Buena Vista Social Clube; hoje, mora em São Paulo, já acompanhou por dois anos o baiano Carlinhos Brown e lançou o primeiro disco da carreira independente ao lado da banda Mani Padme Trio. Max, por sua vez, já venceu por duas vezes o APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), apareceu na capa da revista Time como uma das boas novidades da música global e atualmente prepara um novo álbum para suceder Balanço das Horas, de 2006.
O show caliente no Tom Jazz é uma preparação para o DVD que será gravado no segundo semestre deste ano, em Havana. Assim como na apresentação desta sexta, o registro em vídeo também vai ser recheado com canções como Cuestra Abajo, Deixa Eu Te Amar, Vou Festejar, Samba Raro, A História da Morena Nua e Vacaciones, além das inéditas Marilu, Oh Margot e Rumba.
Bate-papo
Na entrevista abaixo, as mesmas perguntas foram feitas para Yaniel e Max, separadamente. Destaque para o comentário do músico brasileiro sobre o documentário Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei. "Os mecanismos que julgam quem deve ficar ou não [na crista da onda do sucesso] são pra lá de nebulosos. Não posso deixar de comentar sobre o inesperado sucesso e interesse em relação ao filme que narra a trajetória do meu pai, Wilson Simonal". Confira o bate-papo na íntegra:
Como foi o encontro entre vocês dois e a ideia de fazer um show juntos?
Yaniel Matos - Eu conheci o Max em 1999, em Havana, no Festival Del Son Benny More. Na ocasião, eu tocava com o cantor Isaac Delgado, presidente do festival. Max se apresentou com o Projeto Artistas Reunidos e conheci toda a galera. Um ano depois, eu me mudei para São Paulo e passamos a nos encontrar com mais frequência. No ano passado começamos a experimentar novas sonoridades e resolvemos compor. E veio a ideia de fazermos um show com essas novas composições.
Max de Castro - Conheci Yaniel em Havana, Cuba, quando lá estive para me apresentar no festival Benny More. Depois reencontrei com ele aqui em São Paulo e toda vez que nos encontrávamos, falávamos da possibilidade de fazer algo juntos. Um dia tomei a iniciativa de arrumar um show e liguei pra ver se ele topava. E assim nasceu este projeto.
Qual a principal semelhança entre as sonoridades cubanas e brasileiras? Apesar de serem diferentes, os dois países se aproximam pela saliência latina?
Yaniel Matos - As duas culturas foram extremamente influenciadas pela cultura africana, em especial na música. O ritmo, as melodias e a simpatia desses dois povos os fazem semelhantes. Realmente são países bem diferentes, mas que, como todos os países latinos, temos uma alegria contagiante.
Max de Castro - A música brasileira e a cubana, na realidade, são completamente diferentes. Elas dividem os mesmos adjetivos como sofisticada, fácil de ouvir mas difícil de tocar, alegre, rica ritmicamente etc. Mas, na prática, tem pouca coisa parecida. A origem dos povos destes países é muito diferente também. A única semelhança forte, por mais incrível que pareça, é a influência da música americana. Em Cuba, essa influência transportou do tres [instrumento do folclore cubano] para o piano a melodia em forma de ostinato [frase musical repetida persistentemente], que é tão marcante na música cubana. Já no Brasil, o conceito de jazzband foi incorporado na cena musical da época. Um exemplo: o conjunto Oito Batutas, do jovem Pixinguinha, era uma jazzband.
Além de canções compostas exclusivamente para o show, reservam mais alguma surpresa?
Yaniel Matos - As surpresas vêm com o toque cubano nas músicas brasileiras e o toque brasileiro nas músicas cubanas que pretendemos tocar. Isso ocorre naturalmente, pelo fato de a banda ser composta por músicos de cada país.
Max de Castro - Inicialmente, a ideia era tocar clássicos da música cubana e brasileira. Só que a nossa parceria se concretizou a ponto do show hoje em dia ser 95% autoral: músicas compostas por nós, especialmente para esse show, mas carregadas na bagagem e no conhecimento que temos sobre os respectivos cancioneiros.
Qual sua missão com a música?
Yaniel Matos - Pretendo com minha música entreter as pessoas, conseguir emocionar a quem ouve, alcançar o maior número de pessoas em todo o mundo.
Max de Castro - Sinceramente não tenho nenhuma missão. Me considero um operário da música. A música é a minha profissão e procuro me dedicar ao máximo e fazer este trabalho da melhor maneira possível.
Fale sobre a produção musical como um todo em Cuba. Está surpreso com o que vê e escuta?
Yaniel Matos - A produção musical em Cuba nunca deixou de ser criativa e competente. Por não ter que se preocupar tanto com a venda, as pessoas se dão a liberdade de serem ainda mais criativas e autênticas. Me surpreendi ultimamente com algumas letras, que estão bastante ousadas, principalmente com relação ao sistema político.
Max de Castro - No Brasil, em toda época, sempre houve coisas boas rolando. Agora não seria diferente. A grande diferença de hoje são os meios que as pessoas dispõem para divulgar o seu trabalho. Destacaria Luisa Maita, nova cantora e compositora de MPB que desponta na cena paulista, o pianista pernambucano Vitor Araújo, o grupo de rock carioca Do Amor, o cantor, compositor e guitarrista paulista Walmir Borges e a fantástica big band baiana Orkestra Rumpillez, do maestro Letieres.
Qual música, disco, artista ou banda não sai de seu aparelho de música atualmente?
Yaniel Matos - Costumo ouvir todo tipo de música. Encontro novidades em pesquisas na internet, e ultimamente tenho ouvido os cubanos que se encontram em distintos países, como Alain Pérez (Paco de Lucia), Ivan Melon Lewis (pianista de Concha Buika), Dafnis Prieto (Michel Camilo), e Carlinhos Brown, Sara Tavares, Robert Glasper, Moby e muitos mais.
Max de Castro - O álbum Headless Heroes of the Apocalypse, de Eugene McDaniels, o Bob Dylan negro.
Qual artista vivo ainda não alcançou o merecido reconhecimento, seja por parte do público ou da mídia?
Yaniel Matos - Yaniel Matos e Max de Castro.
Max de Castro - Muitos. Os mecanismos que julgam quem deve ficar ou não são pra lá de nebulosos. Mas não posso deixar de comentar que o inesperado sucesso e interesse sobre o filme Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei, que narra a trajetória do meu pai, Wilson Simonal, vai fundo nesta questão levantada por você.
Max (guitarra e voz) e Yaniel (piano e voz) sobem ao palco do Tom Jazz acompanhados por uma banda mista de músicos brasileiros (Samuel Fraga, na bateria, e Robinho, no baixo) e cubanos (Eduardo Espasande, na percussão, e Luis Cabrera, nos sopros).
Dia 29/05, às 22h.
Ingressos: R$ 50,00.
Tom Jazz - Av. Angélica, 2.331; (11) 3255-0084; www.tomjazz.com.br
sábado, 23 de maio de 2009
Um Homem de Moral
Por Silvio Luz
Ronda para Sampa. Assim começa o documentário Um Homem de Moral, que repassa pela memória a carreira de sucesso do compositor e cantor paulista Paulo Vanzolini. Ele mesmo revela em seu depoimento inicial que a canção foi feita para homenagear esta cidade e o seu povo, acrescentando que foi o mínimo que pôde fazer por seus habitantes. "Não gosto de cada um pessoalmente, mas de todos de uma forma geral", diz ele. Ao completar 85 anos de idade, o músico ganha esta linda homenagem, dirigida e roteirizada por Ricardo Dias.
O filme musical se sustenta a partir de depoimentos do próprio Vanzolini, que vai relembrando toda a carreira a partir de suas muitas composições, interpretadas na telona por diversos artistas como Chico Buarque, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Inezita Barroso, Miúcha, entre outros. Tem espaço até para o saudoso Adoniran Barbosa dizendo em entrevista que os sambas de Vanzolini são mais inteligentes do que os dele. Modesto.
No laboratório
A floresta é outra grande paixão de Vanzolini. Em trechos do filme, imagens do curta-metragem Os Calangos do Boiaçu, também de Ricardo Dias, feito com o zoólogo há mais de 15 anos, fica clara a relação de amor do músico com os bichos e a mata. É lá que ele se sente feliz, com cada parte da floresta e com o todo que a completa.
Um Homem de Moral também traz imagens do show gravado no Sesc Vila Mariana em homenagem ao cantor, no mês passado, além de mostrar ensaios de grandes amigos de Vanzolini para o álbum Acerto de Contas, lançado pela gravadora Biscoito Fino em 2002. Falar das canções de Vanzolini é uma missão difícil, mas as que mais me emocionaram durante o filme foram Cuitelinho, interpretada por Maria Marta, e Valsa sem Fim, que ganhou ainda mais brilho na bela voz de Virgínia Rosa. O lado compositor de Vanzolini chama atenção porque ele não inclui na maioria de suas músicas um personagem básico dos sambas: o malandro.
Nos botecos de Sampa
Sem grandes efeitos estilísticos, o documentário se destaca mesmo é pela força dos depoimentos e pelas músicas do poeta Vanzolini. No entanto, imagens de lugares conhecidos de São Paulo, sobretudo do centro histórico, e de seus moradores - com toda a diversidade de cores e sonhos - se encaixam perfeitamente na proposta do filme. Tanto que, enquanto Volta Por Cima - uma das composições mais famosas do sambista - é executada, o povão utiliza as ruas e os botecos como palco e canta os versos "Não fica no chão/Nem quer que mulher/Lhe venha dar a mão/Reconhece a queda/E não desanima/Levanta, sacode a poeira/Dá a volta por cima". Momento singelo e mágico.
Em alguns momentos, Vanzolini conta histórias sobre o processo de composição de cada música. Sua intimidade e ritmo com os versos saltam aos olhos do espectador. Na música Alberto, por exemplo, ele explica que a ideia de fazer a letra surgiu após um estranho chamado Nelson ter puxado conversa. O sujeito tinha ficado noivo e foi morar na casa da sogra, só que teve que dividir seu amor entre a noiva e a dona da casa, causando o maior rebuliço. Belíssima a brincadeira com os versos da canção! Vanzolini resolveu mudar o nome do homem porque Nelson não rimava com "não deu certo", uma estrofe do poema musicado.
Mais do que uma reconhecida homenagem a Vanzolini, o filme Um Homem de Moral é uma ode à música popular brasileira, com seus grandes sambistas e compositores. O documentário entra em cartaz no dia 5 de junho em São Paulo, Rio de Janeiro e Santos.
Assista ao trailer do filme:
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Salsa para ninguém botar defeito
Por Silvio Luz
Depois de uma viagem à Cuba, o percussionista Marcos Padis teve a ideia de montar um banda em São Paulo com a salsa tradicional como principal sonoridade. Formava-se assim o septeto Negra Mamba, no bairro da Pompéia. Após anos enchendo casas de shows de Sampa com muita identidade latina e saliência destacada, a banda se despede de um de seus integrantes. O vocalista Cássio "Catito" Carvalho, aos 31 anos, está de mudança para Buenos Aires. Antes disso, o grupo faz a última apresentação com a formação original nesta sexta (22/05), às 21h30, no bar Santa Pimenta.
O Negra Mamba inclui em seu repertório clássicos de Tito Puente (como Ran Kan Kan e Oye como vá), Carlos Santana (como Corazon Espinado e Guajira) e algumas canções que ficaram imortalizadas no documentário Buena Vista Social Club (como Candela e Cuarto de Tula). No MySpace, o grupo disponibiliza pequenos trechos de suas músicas. Nos shows, eles sempre contam com a presença do dançarino Paulo "de la Salsa".
Em e-mail de despedida, o Catito filosofou: "Estarei na Argentina e sabe lá Deus onde mais. Brinquei, em uma conversa com um amigo, que voltarei aos 33 anos, mas que, agora, eu tinha que ir pro "deserto". No meu caso, a Patagônia está mais próxima (Rá). A verdade é que é difícil precisar essas coisas. Estou indo, mas estou, por outro lado, chegando também. Claro".
Então, anote os detalhes aí na agenda e vá conferir esta noite dançante. O Negra Mamba - formado por Cássio "Catito" Carvalho (vocal), Marcos Fló (baixo), Ilker Ezaki (congas), José Luis (piano), Marcos Padis (timbales), Caio Torrado (sax tenor e flauta), Remi Chatain (sax alto e barítono) e Vinícius Ramos (trombone) - garante a diversão.
Assista ao vídeo de Mambo Yoyo, música do angolano Ricardo Lemvo interpretada pela banda:
Dia 22/05, às 21h30.
Entrada: R$ 10,00.
Bar Santa Pimenta - Rua Antônio de Souza Noschese, 255, Jaguaré; (11) 3768-8412; www.barsantapimenta.com.br
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Dandos as caras - BH fervendo
Por Silvio Luz
"Tem muita gente fazendo um trabalho bacana, como o Dead Lover's Twisted Heart, que é uma banda super conceitual e fantástica de se ver ao vivo". A opinião é de Leonardo Marques, vocalista da banda Transmissor, também de Belo Horizonte. A sonzeira indie rock e dançante do Dead Lover's surpreende pela veemência e pela simplicidade nas construções e letras. Para quem ainda duvida de que a música seja universal, e não consegue de jeito nenhum prestar atenção no que está sendo produzido no Brasil, esta banda belorizontina é uma boa pedida. O Dead Lover's Twisted Heart se apresenta nesta sexta (22/05) no festival independente Bananada, que acontece em Goiânia.
Com nome inspirado em uma canção do norte-americano Daniel Johnston - que gravava suas músicas em fita cassete com seu violão a tira-colo - a banda mineira demonstra que não quer entrar na discussão interminável de sonoridades parecidas e comparações que nem sempre ajudam muito. O que os três rapazes e uma moça querem mesmo é se divertirem, levando diversão e colorido para o público, que os descobre aos poucos. Quer dizer, em BH eles já são febre.
O Dead Lover's - composto por Ivan (voz e guitarra base), Velv's (baixo e piano), Guto (guitarra solo) e Patsy (bateria) - lançou a primeira demo em 2006, intitulada What Is It For?, disponível para audição no MySpace e no site do Trama Virtual. Um dos destaques é a música Backwards, despretensiosamente indie e pegajosa. E a banda não se limita a repertórios engessados. Tem espaço até para o country, como pode ser conferido na música Huckleberry Finn.
As influências dos mineiros vão desde Nelson Gonçalves (cantor e compositor gaúcho), Odair José, Evaldo Braga e todos os românticos incompreendidos - como eles mesmos definem - até Franz Ferdinand, Erasmo e Roberto Carlos, Bob Dylan, entre outros. Dessa mistura fina só poderia ter saído coisa boa. E a banda promete novo disco para breve. Fique de olho.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Cachorro Grande no Cinema
Por Silvio Luz
Depois de abrir os shows do Oasis no Brasil, os gaúchos do Cachorro Grande divulgam nome, capa (foto acima) e data de lançamento do quinto álbum de estúdio. O disco Cinema foi inspirado, obviamente, na sétima arte e chegará às lojas, pela Deckdisc, na segunda quinzena de junho. Enquanto isso, a banda continua com a turnê de Todos os Tempos, trabalho que saiu em 2007. Neste sábado (23/05) há show marcado em Bragança Paulista, interior de São Paulo.
O nome do novo disco era uma ideia que os integrantes já tinham desde o primeiro CD. Apaixonados por cinema nacional e pelo ator Hugo Carvana, eles decidiram usar o título depois que Gross fez uma brincadeira enquanto gravavam efeitos sonoros e ruídos de gaivotas na primeira faixa do álbum.
Entre as novas canções que revelam a inspiração nas telonas estão Amanhã, com letra baseada em um diálogo de Mar Adentro, filme de Alejandro Amenábar. Outro exemplo é Pessoas Vazias, composta a partir de um filme com o ator Peter Sellers, cujo nome ninguém lembra.
Fotografia antiga
A foto da capa do disco foi clicada por Cisco Vasques com a intenção de transmitir a ideia de algo antigo, característica preponderante de Cinema, gravado com equipamentos vintage - que ressaltam o rock'n'roll cru e direto de bandas inglesas dos anos 60 - e em rolo analógico de duas polegadas.
Como tiveram dificuldade de encontrar um cinema tradicional, praticamente inexistente em época de shoppings monumentais, a solução foi fazer uma montagem em quatro locações. "Os cinemas se transformaram em grandes construções, redes enormes, parecem igrejas", diz o vocalista Beto Bruno.
O Cachorro Grande - formado por Beto Bruno (vocal), Marcelo Gross (guitarra), Gabriel Azambuja (bateria), Pedro Pelotas (teclados), Rodolfo Krieger (baixo) - começou a ganhar visibilidade a partir de 2004, com o lançamento do disco As Próximas Horas Serão Muito Boas, com a ajuda de Lobão.
terça-feira, 19 de maio de 2009
New Brazilian Divas
Por Silvio Luz
Com um pé na MPB e outro em Londres, a cantora paulistana Mariana Aydar, de 29 anos, só tem o que comemorar. Ela se apresenta nesta terça-feira (19/05) na capital inglesa, no Guanabara, como uma das New Brazilian Divas. No repertório, as músicas do mais recente disco, Peixes, Pássaros, Pessoas, lançado em abril deste ano e elogiadíssimo por Caetano Veloso.
Segundo o baiano, no texto de apresentação do CD, uma abordagem modesta revela "o álbum de uma mulher de maneiras tão diretas, de clima tão saudavelmente carnal e de pensamentos e disciplinas tão transcendentalistas". E acrescenta que o aparecimento de grandes cantoras no cenário musical brasileiro nos últimos anos é "uma prova de que, ao encorpar-se em sua história, a música popular brasileira se reconhece relevante para o mundo".
E é toda essa relevância que a cantora vai mostrar hoje para os londrinos e brasileiros que queiram matar as saudades da terra natal. O disco de 13 canções inéditas - três delas compostas por ela mesma - foi produzido Kassin e por Duani, este último com participação nas letras de sete músicas.
Outro destaque do segundo álbum de Mariana Aydar é a parceira com a caboverdiana Mayra Andrade, na canção Beleza. O encontro mágico entre as duas também pode ser conferido em um vídeo do YouTube, no qual cantam a música Tunuka sentadas no chão de paralelepípedos do corredor de entrada do Sesc Pompéia, em São Paulo. Confira:
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Novo talento da Lapa
Por Silvio Luz
Revelado e inspirado pela efervescência musical da Lapa, no Rio de Janeiro, o sambista Moyseis Marques, de 28 anos, está prestes a lançar o segundo disco da carreira. Fases do Coração chegará às lojas no dia 30/05, mas algumas canções inéditas já foram disponibilizadas no MySpace. O segundo trabalho promete firmar ainda mais o cantor como um dos novos talentos do samba, que revisita grandes compositores do passado sem esquecer de sua própria veia autoral.
No novo álbum, assinado pela gravadora Deckdisc, o músico apresenta oito canções de sua produção particular. Quatro delas - Pretinha Jóia Rara, Cartas do Metrô, Fases do Coração e Entre Girassois (estas duas últimas em parceria com Edu Krieger) - podem ser ouvidas aqui. A letra de Cartas do Metrô se destaca por sua simplicidade e poesia, além do vocal surpreendente e impactante de Moyseis.
A música Sonho e Saudade (Dona Ivone Lara e Delcio Carvalho) também está disponível no MySpace. Este é um dos exemplos de como o músico valoriza grandes sambistas brasileiros, assim como fez no primeiro CD, que teve composições de Paulo César Pinheiro (Nomes da Favela) e Dona Ivone Lara (Minha Verdade), entre outros.
No dia do lançamento de Fases do Coração, que teve produção de Paulão 7 Cordas, o sambista estreia nova turnê no Circo Voador, no Rio, num show especial com participações de Teresa Cristina, do violinista Nicholas Krassik e da Velha Guarda da Portela. Enquanto ele não marca shows aqui em Sampa, não perca a oportunidade de assistir a uma apresentação dele se, por acaso, passar pela Lapa.
sábado, 16 de maio de 2009
Sintonizando Recife em Sampa
Por Silvio Luz
Os músicos e bandas pernambucanos, que ajudaram a construir o movimento manguebeat e ao mesmo tempo são crias dele, estão cada vez mais interligados. E isto fica ainda mais latente no projeto Sintonizando Recife, um CD e DVD lançado no ano passado, com participações de China, Mombojó, 3namassa e Maquinado. Neste sábado (16/05), parte do trabalho será apresentado no Sesc Pompéia, dentro do programa Plataforma, que lança novos trabalhos na música. China sobe ao palco ao lado do grupo 3namassa, às 21h.
Na última sexta (15/05), foi a vez de Maquinado (projeto paralelo do guitarrista Lúcio Maia, do Nação Zumbi) e Mombojó apresentarem suas canções. O primeiro usa e abusa da criação de paisagens sonoras por meio dos acordes de sua guitarra, enquanto o segundo dá espaço para músicas já bem conhecidas do público e outras mais recentes.
Sheik Tosado e vozes femininas
O pernambucano China já é velho de guerra na música. No final da década de 90, soltava sua verve roqueira com a banda Sheik Tosado, mas depois decidiu investir em seus projetos solos. Até hoje já lançou os álbuns Um Só e Simulacro, e tem o rei Roberto Carlos como principal influência. A tatuagem na perna revela a admiração e a vontade de ser um novo Roberto, mas com suas próprias canções. Clique aqui para ouvir China no MySpace e confira também entrevista exclusiva com o músico, publicada no mês passado, no Yahoo Brasil.
O 3namassa, por sua vez, é um projeto que reúne Dengue e Pupillo (do Nação Zumbi) com Rica Amabis (do grupo Instituto), e caracteriza-se principalmente pela valorização das vozes femininas, que entoam canções sentimentais, mas sem descambar para o sentimentalismo barato. No show do Sesc Pompéia, as cantoras que acompanharão os três músicos são Céu, Marina de La Riva, Karine Carvalho, Lurdez da Luz (vocalista do Mamelo Sound System) e Bárbara Eugênia. No MySpace do grupo é possível ouvir seis canções.
A contar pelo intercâmbio de experiências diversas entre novos e velhos nomes da música que nem sempre aparecem na TV (se bem que esta perde, a cada dia, espaço para a tão encantadora revolucionária Internet), as boas surpresas musicais que pululam dos quatro cantos do país tendem, cada vez mais, a firmar seus nomes na história musical e cultural brasileira.
Dia 16/05, às 21h.
Ingressos: de R$ 7,00 a R$ 28,00.
Sesc Pompéia - Rua Clélia, 93; (11) 3871-7700; www.sescsp.org.br
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Sandy vira hit na gringa
Por Silvio Luz
Enquanto produz seu primeiro disco solo depois de anos e anos ao lado do irmão Júnior, a cantora Sandy surpreende e ganha paradas de sucesso do Canadá. Jazz? Não, a música Scandal é para lá de eletrônica e está na décima terceira posição na parada de música dance, segundo a revista ZipDJ deste mês. A canção faz parte do projeto Crossover, do DJ Júlio Torres e de Amon Lima, da Família Lima, criado em 2005 com a intenção de misturar o teor erudito do violino com batidas eletrônicas.
A canção com os vocais melodiosos da cantora é bem dançante e mostra um lado diferente do que os seus fãs se acostumaram a ver e ouvir durante sua carreira. Executada há pouco tempo nas rádios canadenses, Scandal já desbancou nomes de peso do cenário pop, como Guru Project, Katy Perry e Christina Aguilera. Ela assinou o trabalho como Miss S e a faixa está no CD Humanized, vencedor do prêmio Cool Awards, da revista Cool Magazine, de melhor álbum do ano passado.
Sem pretensões
Scandal foi gravada de forma espontânea, sem grandes projetos de que virasse um hit. Em entrevista à rádio Jovem Pan Santos, Amon Lima disse que a ideia era gravar com Rogério Flausino, vocalista do Jota Quest. "Fomos para o estúdio da Família Lima, em Vinhedo, e como a Sandy é amiga do Flausino, foi assistir a gravação. Ela acabou escrevendo uma das músicas - Scandal", diz.
Clique aqui para ouvir a música Scandal e confira abaixo o videoclipe não-oficial montado com imagens de Sandy em um comercial de sandália:
Fóssil na Funhouse
Por Silvio Luz
Os quatro rapazes do Fóssil, grupo de post-rock criado em Fortaleza, fizeram as malas e vieram para São Paulo recentemente mostrar suas sonoridades capazes de transportar mentes para diversos lugares. Com experimentalismo destituído de medos e prisões, a banda vem ganhando destaque no circuito underground de Sampa. Nesta sexta-feira (15/05) é a vez da Funhouse oferecer o seu palco a eles, na festa R-evolution, a partir das 23h. A discotecagem fica por conta dos DJ's residentes Mitkus & Pomada e as primeiras 50 pessoas pagam apenas R$ 5 de entrada.
Com um DNA musical autêntico, o Fóssil se apropria de elementos do dia a dia para compor canções e criar climas e texturas. A viagem pelo som da banda é para lá de recomendada, mesmo para quem não é muito fã desta vertente do rock. "Na medida em que mostramos que era possível criar algo novo, inventivo e que mostrasse verdadeiramente o que queríamos fazer musicalmente, abriram-se possibilidades de mostrar novos formatos e novas sonoridades", disse o guitarrista Eric Barbosa, em entrevista ao Entrete[discer]nimento em abril. No começo da carreira, os músicos sofreram certa resistência na terra natal, que perdura até hoje, só que com menos força.
Para conferir a sonoridade particular do Fóssil - formado por Vitor Colares (guitarra, violão e texturas), Eric Barbosa (guitarra e violão), Victor Bluhm (bateria e percussão) e Daniel Ajudante (baixo e texturas) - acesse a página do grupo no MySpace.
Dia 15/05, às 23h.
Entrada: R$ 15,00 (homens) e R$ 10,00 (mulheres). Os primeiros 50 pagam apenas R$ 5,00 de entrada.
Funhouse - Rua Bela Cintra, 567; (11) 3259-3793; www.funhouse.com.br
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Mama Gumbo é inflamável
Por Silvio Luz
O bar tem o sugestivo nome de O Inflamável e, para pôr ainda mais lenha na fogueira, chamou a banda paulistana Mama Gumbo para agitar as sextas-feiras do centro de Sampa. No caldeirão fervente e experimental, o grupo brinca com o jazz e o groove recheando a sonoridade com influências latinas, brasileiras, africanas e até indianas e árabes.
Na noite desta sexta-feira (15/05) também vai ter discotecagem do Periecos Brechó e a vídeo-exposição da fotógrafa Carla Bispo. A bailarina Mariana Martins, por sua vez, vai apresentar seus números de improvisações corporais. É nesse clima de teatro e cabaret que o bar dá a largada para as noites de fim de semana, na metrópole mais agitada do país.
Novas experimentações
Recentemente, o Mama Gumbo - formado por Alex Cruz (teclados), Luiz Jesus (baixo), Márcio Bononi (percussão), Ricardo Mingardi (bateria) e Rodrigo Olivério (saxofone, flauta e efeitos) - adicionou quatro músicas na página pessoal no MySpace: duas do primeiro álbum (Tyfoid Flamin’ Beat e Vagarillo - disco homônimo lançado em 2004), uma do segundo álbum (Picadilha - Ao Vivo no Cidadão do Mundo, lançado em 2007) e uma prévia do novo álbum que já está na fase de mixagem (Eletroroots). Os dois trabalhos da banda podem ser baixados no site Periecos Brechó.
Clique aqui para conferir entrevista exclusiva com Alex Cruz, publicada em fevereiro no Yahoo, e conhecer um pouco mais sobre o Mama Gumbo. Confira também o vídeo abaixo, com uma das apresentações do grupo.
Dia 15/05, a partir das 19h, shows às 21h.
Entrada: R$ 5,00.
Bar O Inflamável - Rua Maria Borba, 87, Consolação; (11) 2533-8543.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Música independente na passarela
Por Silvio Luz
Além de estilistas, modelos, maquiadores e toda a gama que envolve um desfile de moda, a 25ª edição da Casa de Criadores, que acontece no Centro de Convenções Frei Caneca, entre os dias 27 e 29/05, abrirá espaço para bandas e artistas independentes mostrarem o seu talento. O mini-festival está na terceira edição e vai apresentar grupos de rock ou electro anônimos. As inscrições podem ser feitas até sexta-feira (15/05).
Qualquer banda do Brasil poderá se inscrever e apenas seis serão selecionadas para tocar nos três dias do evento. Para se cadastrar é preciso atender aos seguintes requisitos: ter pelo menos seis músicas de composição própria; estar disponível nas datas dos desfiles; enviar perfil, foto e uma música própria para casadecriadores@gmail.com; autorizar a utilização de suas músicas para ação de patrocinadores durante o evento, disponibilizando uma canção via bluetooth para o público, por exemplo.
Mas como nem tudo são flores para quem se vira da forma que pode sem apoio ou patrocínio, quem não é de São Paulo terá que arcar com os custos de transporte, o que ocorre também em grandes festivais independentes no exterior. As seis bandas vencedoras serão anunciadas no dia 18/05, por meio do perfil do Festival de Música da Casa de Criadores no MySpace. Uma música de cada grupo será disponibilizada no player da página.
Nas duas edições anteriores, artistas independentes como MC Gi, Madame Mim, Montage, NRK, Milocovik, Mono4, Firefriend, 2 Coins and Bombshell, Gabi Almeida, Maurício Fleury, G.I. Joey e Jardim das Horas foram selecionados.
Para mais informações sobre o festival independente, clique aqui.
terça-feira, 12 de maio de 2009
Instrumental sem maquiagem
Por Silvio Luz
Seu instrumento de estimação é a guitarra. Seu estilo musical mistura samba e jazz. Seu novo disco foi gravado em apenas 20 horas, sem efeitos tecnológicos que costumam maquiar os sons. Ele é Michel Leme, guitarrista e compositor paulistano, que lança seu quarto trabalho independente, Michel Leme & A Firma, nesta terça-feira (12/05), às 19h, no Sesc Paulista, com entrada franca, dentro do projeto Instrumental Sesc Brasil. O álbum foi bem avaliado pelas revistas Blues n'Jazz e Guitar Player e pelo jornal O Globo.
Com sua guitarra inquieta e percussão cheia de climas e sensações, o músico apresenta um trabalho original, valorizando sempre as boas construções de arranjos e os clímax musicais. E é o que Michel promete levar para a apresentação de hoje: músicas dançantes, melodiosas e, sobretudo, carregadas de alegria. Apesar de seguir o repertório do seu mais recente CD, o guitarrista sempre faz shows inesperados e ao gosto do público que o assiste. Canções como Evolu-Samba, Essência, Merengue Maneiro, Então... e Cha-Cha Malícia estão na seleção.
Tocando desde os oito anos de idade, Michel Leme já subiu ao palco ao lado de reconhecidos músicos, como Gary Willis, Michael Brecker, Nenê, Lee Konitz, Joe Lovano, entre outros. Também já participou de mais de 20 discos de música instrumental, entre eles Mr. Motaba e Foto do Satélite, de Arismar do Espírito Santo. Seus três discos já lançados são Umdoistrio, Quarteto e Trocando Ideias. E não para por aí: ele ainda dá aula de música nos principais conservatórios de São Paulo, como Souza Lima, Escola de Música e Tecnologia (EM&T) e o Instituto In Concert.
No show do Sesc Paulista, o músico será acompanhado por Cássio Ferreira (sax alto e soprano), Thiago Alves (baixo acústico e elétrico) e Jônatas Sansão (bateria). Canções e informações de Michel Leme podem ser conferidas no MySpace, no seu site oficial e em seu blog.
Dia 12/05, às 19h.
Entrada franca (retirar ingressos com 1 hora de antecedência).
Sesc Avenida Paulista - Avenida Paulista, 119; (11) 3179-3700; www.sescsp.org.br/sesc
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Tributo ao Rock Nacional
Por Silvio Luz
Os recifenses do The River Raid, que produzem indie com energia bem brasileira, é um dos destaques da festa Levi's Music, que acontece nesta segunda-feira (11/05) no Studio SP, a partir das 22h. A ideia é homenagear o rock nacional misturando talentos diversos do atual cenário independente.
Além do The River Raid, o projeto também convidou Mallu Magalhães, Vanguart, Forgotten Boys, Jennifer Lo-Fi, Copacabana Club e Garotas Suecas. A descrição do projeto é a seguinte: "As bandas que vão fazer os próximos 30 anos do nosso rock homenageando o que foi feito nos últimos 40". Com uma ou outra exceção, a festa promete.
Confira abaixo o vídeo de divulgação do Levi's Music 2009.
Dia 11/05, a partir das 22h.
Entrada: R$ 25,00 e R$ 15,00 (lista no e-mail studiosp@studiosp.org).
Studio SP - Rua Augusta, 591; (11) 3129-7040; www.studiosp.org
sábado, 9 de maio de 2009
Criança, bem feito!
Por Silvio Luz
As crianças estão lá. As letras infantis também. O convite à brincadeira, igualmente. O que diferencia o projeto Pequeno Cidadão - criado e executado por ninguém menos que Arnaldo Antunes (voz), Edgard Scandurra (voz e guitarra), Taciana Barros (voz, guitarra e piano) e Antonio Pinto (voz, bateria e programações) - de outros voltados para o público infantil? A resposta pode ser encontrada na não banalização e infantilização da criança, construindo canções, letras e arranjos gostosos de se ouvir, tendo como pano de fundo a educação dos pequeninos e o incentivo a viver em um mundo lúdico, porém bem real.
Sua curiosidade foi aguçada? Então, atenção: neste sábado e domingo (09 e 10/05), às 17h, o disco de 14 canções será lançado no teatro do Sesc Pompéia, com um verdadeiro playground no palco, com projeção de desenhos animados e muitas brincadeiras. O público, provavelmente, seguirá a mesma característica da banda, formada por altinhos e baixinhos. Os renomados músicos compuseram as músicas para seus filhos, que também participam dos shows e do CD.
Música Psicodélica para Crianças
O álbum Pequeno Cidadão - que passeia por diversos ritmos, entre eles o pop-rock e o forró - foi rotulado pelos próprios integrantes como Música Psicodélica para Crianças e aborda, por meio das letras, temas diversos que preenchem o universo infantil, como o momento de largar a chupeta e a conciliação entre diversão e obrigação.
Por falar em diversão, uma das canções mais alegres e lúdicas do disco é Futezinho na Escola, com a história de um garoto que adora ir para a escola porque a melhor hora da vida é quando a bola rola solta. A música ensina e diverte com seu ritmo constante, destacado pelo violão e efeitos com vozes de crianças jogando futebol.
O grupo que sobe ao palco ainda conta com os músicos Andrei Ivanovic (baixo), Guilherme Ribeiro (teclados), Maurício Alves (percussão) e Daniel Scandurra (violão e vocais). Já a ala mirim é composta por Luzia Silva, Joaquim Scandurra, Estela Scandurra, Lucas Scandurra, Bras Antunes, Tomé Antunes, Manuela Pinto e Joaquim Pinto.
Acesse o MySpace e confira as músicas do disco Pequeno Cidadão.
Confira abaixo o vídeo produzido durante a gravação da música Leitinho Bom, com Arnaldo Antunes e seu filho Tomé.
Dias 09 e 10/05, às 17h.
Entrada: R$ 16,00 (inteira), R$ 8,00 (meia-entrada) e R$ 4,00 (trabalhador no comércio e serviços).
Sesc Pompéia - Rua Clélia, 93; (11) 3871-7700; www.sescsp.org.br
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Teatro Mágico é mágico mesmo
Grupo-trupe consegue encantar e arrebatar corações
Por Silvio Luz
Para começar, um esclarecimento: não sou fanático por Teatro Mágico como o público que dobrava quarteirões na última quinta-feira (07/05), no Itaú Cultural, na Avenida Paulista. Mas mesmo não sendo um fã aguerrido, estava curioso para ver o espetáculo que proporcionava aquela histeria toda. E me surpreendi: a trupe faz um show mágico, sincero e de igual para igual. O clima no pequeno teatro do Itaú Cultural foi simplesmente sublime, como bem definiu uma amiga.
As cores, as luzes, as vozes, os sons, as estripulias e o poder de encantar até os mais desavisados fazem do show um momento único, de compartilhamento de emoções e alegrias e de perplexidade diante da mistura de artes. A acrobata que faz seu número principal pendurada em duas fitas de tecido é fora de série. Enquanto girava no ar, estampava um belo e singelo sorriso no rosto; um pequeno detalhe que faz toda a diferença.
No mais, a música bem executada e as letras cheias de jogos de palavras fecham a maestria dos integrantes da trupe e explicam por que conseguem arrebatar tantas mentes e corações, sobretudo os dos jovens. Mesmo observando um público bem adolescente e até crianças no show, não saí de lá com a sensação de que o TM é simplesmente mais uma modinha. É mais do que isso e é preciso ver de perto para constatar.
Fila para emprego?
Tanto não é só mais uma onda juvenil, que os artistas do Teatro Mágico convidaram o rapper brasiliense GOG - que não aparece no Faustão - para mandar a sua rima durante o espetáculo. Com isso, o grupo mostra seu desejo de somar forças para continuar contestando e divulgando sua arte. O que foi a música Brasil com P cantada pelo rapper? Só ao vivo para saber.
Se você ainda não foi conferir esta temporada do Teatro Mágico no Itaú Cultural, reserve seu lugar na fila quilométrica. Os primeiros aficcionados pela trupe começam a chegar às 8h, para se ter uma ideia da extensão da fila às 17h, por exemplo. Mas se tiver paciência, assistirá ao show de qualquer jeito: além da primeira sessão às 20h, estão sendo realizadas mais duas sessões para o público restante. Curioso: a fila é tão grande que tem gente pensando que é para emprego.
Clique aqui para saber mais sobre a temporada do TM no Itaú Cultural.
Dia 08/05, às 20h
com participação especial de Zé Geraldo
Dia 09/05, às 20h
com participação especial de Silvério Pessoa
Dia 10/05, às 20h
com participação especial de Lula Queiroga
Entrada franca (senha distribuída com bastante antecedência para garantir a ordem da fila)
Itaú Cultural - Avenida Paulista, 149, próximo ao Metrô Brigadeiro; (11) 2168-1776; www.itaucultural.org.br
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Lançamento - C_mpl_te
Por Silvio Luz
Depois de Tom Zé, Ed Motta e Cansei de Ser Sexy, o projeto Álbum Virtual, do Trama Virtual, disponibiliza para download gratuito o encarte, o disco e os extras do segundo trabalho de estúdio dos brasilienses do Móveis Coloniais de Acaju.
As 12 canções de C_mpl_te, que dão conta de toda euforia sonora e rock particular com pitadas de ska, já podem ser baixadas no Álbum Virtual e o lançamento oficial ocorre nesta sexta-feira (08/05), com show da banda no portal. No hotsite do álbum é possível conferir vídeos de gravação de cada faixa, que revela o belo resultado do novo disco, produzido por Carlos Eduardo Miranda, conhecido por ter lançado Raimundos e atuado na produção de álbuns do Skank, O Rappa, Cordel do Fogo Encantado, entre outros.
Seja pela bateria constante ou pelos instrumentos de sopro destacados, ou ainda pela voz característica de André Gonzales - que está cada vez mais preenchida de personalidade e convicção -, C_mpl_te reforça a ideia de que quem realmente é autêntico consegue seu lugar ao sol, em época de vacas magras no mercado fonográfico, que teve seu apogeu na década passada. O disco é florido, alegre e cheio de juventude insaciável. Destaque para as canções Lista de Casamento e O Tempo.
Nome histórico
O grupo Móveis Coloniais de Acaju - composto por André Gonzales (voz), BC (guitarra), Beto Mejía (flauta transversal), Eduardo Borém (teclados, gaita cromática e escaleta), Esdras Nogueira (sax barítono), Fábio Pedroza (baixo), Fabrício Ofuji (produção), Paulo Rogério (sax tenor), Gabriel Coaracy (bateria) e Xande Bursztyn (trombone) - já tem mais de dez anos de estrada e lançou o primeiro disco de estúdio, Idem, em 2005.
O nome escolhido para a banda foi inspirado em um importante momento da história brasileira. O episódio Móveis Coloniais de Acaju aconteceu quando índios e portugueses enfrentaram os ingleses na Ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo localizada no estado do Tocantins.
Para conferir mais informações e músicas do Móveis Coloniais de Acaju acesse o site oficial ou a página no MySpace.
Leia matéria sobre a banda no Yahoo Brasil (Rock e ska direto de Brasília, publicada em 23/02/2009, com colaboração Silvio Luz).
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Dando as caras - Transmissor
Por Silvio Luz
Pop, rock, indie e folk. A banda mineira Transmissor sintetiza e põe no mesmo caldeirão musical todos esses estilos, acrescentando personalidade e melodias destacadamente lúdicas. O grupo transmite sua sonoridade há pouco tempo em Belo Horizonte, mas seus integrantes já trilharam caminhos importantes na cidade. Da reunião de quatro rapazes e uma moça, surgiu um som particular, que preza pela qualidade e não quantidade.
No final do mês passado, o Transmissor foi um dos destaques do Festival Conexão Vivo, que aconteceu no parque municipal da capital mineira, revelando e apresentando o que de melhor está sendo produzido no cenário independente de todo o país. Com Leonardo Marques (voz, violão e guitarra), Thiago Corrêa (voz, violão, piano e baixo), Henrique Matheus (guitarra, violão e cavaco), Jennifer Souza (voz, guitarra e ukelelê) e Pedro Hamdan (bateria), a banda já tem um disco lançado. Sociedade do Crivo Mútuo saiu pelo selo Ultra Music, no segundo semestre do ano passado.
Trocando ideias
Na entrevista exclusiva com o vocalista Leonardo Marques, ele falou sobre o cenário musical de BH, os projetos da banda, autenticidade, festivais indenpendentes, entre outros assuntos. Confira:
Por que Transmissor? O nome tem alguma história?
A definição folk rock/indie é a melhor definição para o som da banda? Como isso se traduz efetivamente na produção musical do Transmissor?
Leonardo Marques - Acho que rotular a própria música é sempre complicado. Essa definição de folk rock vem mais no sentido de que fazemos canções que podem ser tocadas no violão com muita naturalidade, sem muitos riffs e coisas do tipo. E acho que o termo indie vem bastante das influências estéticas de rock, como bandas indies que gostamos, tipo Wilco, Feist, Dr. Dog e Broken Social Scene.
Quais os frutos que já colheram com Sociedade do Crivo Mútuo, primeiro álbum de vocês, e o que ainda pretendem trilhar com este disco?
Leonardo Marques - Colhemos vários frutos. Fizemos festivais importantes da cena independente brasileira, assinamos com um selo muito bacana, o Ultra Music, e o mais importante pra todos nós: nossa música parece que atingiu muita gente de um jeito muito legal. Os shows estão se tornando uma grande experiência, com muita gente cantando as músicas junto com a gente. Isso está sendo nossa maior alegria.
Conte um pouco sobre a experiência musical de cada integrante e como foi esse encontro que resultou na formação da banda?
Leonardo Marques - Eu e o Thiago Corrêa fazíamos parte de uma banda chamada Diesel, que foi bem importante na cena independente de Belo Horizonte no fim dos anos 90. Até levamos esse trabalho para Los Angeles, onde ficamos mais de cinco anos. A Jennifer Souza já vem participando da cena independente com o grupo Cinza, e o Henrique Matheus já teve várias bandas e é produtor musical e guitarrista.
Apesar de estar localizado no Sudeste - onde os olhares se concentram, para o bem ou para o mal - Minas Gerais não é um estado sempre lembrado quando se fala de produção musical independente atual. Como é o cenário hoje em Belo Horizonte?
Como conseguir se destacar com a autenticidade numa época de 'mais do mesmo'?
Como está a agenda do Transmissor, além da participação no Festival Conexão Vivo, em Belo Horizonte, no final do mês passado?
Falando no Conexão Vivo, a banda acredita que hoje os festivais independentes estão bem mais organizados e, por isso, novas bandas estão despontando mais no cenário nacional?
Leonardo Marques - Os festivais estão ficando cada vez melhores sim. Com certeza ajuda muito a visibilidade para as bandas novas.
Para conferir canções do Transmissor, acesse a página pessoal da banda no MySpace.
terça-feira, 5 de maio de 2009
Teatro Mágico no Itaú Cultural
Por Silvio Luz
Os acrobatas, cantores, músicos e poetas do grupo-trupe Teatro Mágico têm uma semana [quase] inteira só para eles no Itaú Cultural, em São Paulo. A maratona de shows, com participações especiais e a gravação de um DVD, começa nesta terça (05/05) e vai até domingo (10/05), sempre às 20h. Mas atenção: o teatro tem capacidade para apenas 247 pessoas. É bem provável que o conselho de chegar ao local do show com duas horas de antecedência não surtirá muito efeito, já que os fãs do TM são bastante apaixonados, para não dizer fanáticos. Mas não é preciso perder as esperanças. Segundo o site oficial da trupe, "caso o público que esteja na fila seja suficiente, serão abertas duas sessões extras em cada dia de apresentação".
Na primeira apresentação, a banda sobe ao palco sozinha, mas nos dias seguintes contará com os seguintes músicos: o rapper brasiliense GOG e o pernambucano Silvério Pessoa (06/05), GOG (07/05), o cantor e compositor mineiro Zé Geraldo (08/05), Silvério Pessoa (09/05), e, por fim, o pernambucano Lula Queiroga (10/05). O DVD será gravado na quarta-feira para a série Toca Brasil, com previsão para lançamento no segundo semestre deste ano. Os três primeiros shows serão transmitidos pelo site do Itaú Cultural.
Piruetas e acrobacias
Clique aqui para conferir o MySpace da banda e aqui para acessar o site oficial. O Itaú Cultural também disponibilizou o release da maratona de shows da banda.
Confira a programação detalhada do TM no Itaú Cultural, nesta semana:
Dia 05/05, às 20h
O Teatro Mágico
Dia 06/05, às 20h
O Teatro Mágico
com participação especial de GOG e Silvério Pessoa (gravação do DVD)
Dia 07/05, às 20h
O Teatro Mágico
com participação especial de GOG
Dia 08/05, às 20h
O Teatro Mágico
com participação especial de Zé Geraldo
Dia 09/05, às 20h
O Teatro Mágico
com participação especial de Silvério Pessoa
Dia 10/05, às 20h
O Teatro Mágico
com participação especial de Lula Queiroga
Entrada franca (senha distribuída com meia hora de antecedência. Para garantir a ordem da fila, será distribuída pré-senha com duas horas de antecedência).
Itaú Cultural - Avenida Paulista, 149, próximo ao Metrô Brigadeiro; (11) 2168-1776; www.itaucultural.org.br
segunda-feira, 4 de maio de 2009
O melhor da Virada Cultural
Macaco Bong foi surpresa psicodélica
Por Silvio Luz
A quinta edição da Virada Cultural terminou no último domingo (03/04) em Sampa com um balanço positivo em relação às 24 horas ininterruptas de atrações e espetáculos. Dentre eles, o que mais me impactou foi o dos cuibanos do Macaco Bong, que subiram ao palco da Rua Conselheiro Crispiniano, no centro da cidade, às 2h30. Com rock psicodélico e enervante, amparado por três integrantes (guitarrista, baixista e baterista), a banda soube fazer uma apresentação ao mesmo tempo intimista - por causa do tamanho do palco - e expansivo, pela energia insaciável e sincronia do público e da banda.
O grupo de Mato Grosso (que não é o Vanguart!), formado há cinco anos por Bruno Kayapy (guitarra), Ynaiã Benthroldo (bateria) e Ney Hugo (baixo), produz uma sonoridade que prima pela desconstrução de arranjos convencionais e pela psicodelia. Na página do MySpace é possível conferir algumas músicas da banda, mas o som é muito mais impactante quando se ouve ao vivo.
E mais...
Cordel do Fogo Encantado: até hoje não tive muita paciência para a sonoridade da banda pernambucana, mas não desmereço sua qualidade sonora. No show na Avenida São João, o vocalista Lirinha mandou essa: "A Virada não é um presente. Tudo isso aqui é pago com o dinheiro dos nossos impostos". É tão óbvio que as pessoas se esquecem disso. E o melhor foi o comentário de um catador de latinhas: "Aqui no Brasil nada é de graça".
Nação Zumbi: fez um show básico, com canções mais recentes e outras clássicas, da época de Chico Science, como Manguetown e Maracatu Atômico.
Tributo a 20 anos da morte de Raul Seixas: não assisti a nenhuma apresentação, mas deve ter sido no mínimo marcante para quem viu algum dos shows.
Palco do samba-rock: sempre muito cheio, sobretudo no sábado à noite e madrugada adentro, o palco trouxe atrações do samba-rock como Farufyno, Os Opalas e Sambasonics, este último com a vocalista Francine Missaka, que esbanja carisma e presença distinta.
Palco Santa Efigênia: dedicado aos novos artistas, passaram por lá Anelis Assumpção (que vi fazendo uma participação especial no show do Curumin cantando Preta, de Beto Barbosa), Curumin (músico paulistano que, mesmo com o som baixo, soube envolver o público com seu samba particular, com incursões pelo hip hop e até pelo funk), Léo Cavalcanti (que teve o microfone cortado porque o tempo havia esgotado) e Comadre Fulozinha.
Novos Baianos: reunião bem esperada de Baby do Brasil e Pepeu Gomes, comemorando 40 anos do começo da banda, rendeu boas homenagens a Sampa, que segundo eles repetiram durante todo o show, abriu os braços para o grupo e eternizou os Novos Baianos. O show foi finalizado com a música Preta Pretinha, cantada em coro pelo público da São João. Aqui é possível conferir vídeo da música A Menina Dança.
Blocos de maracatu, intervenções artísticas, danças no palco do Vale do Anhangabaú, forró, projeções de vídeos em prédios, projeções do Festival do Minuto e muito mais fizeram parte da Virada. Um dos destaques da dança foi o músico africano Guem, que com a Cia Abieié e bailarinos convidados mostrou todo poder da música africana por meio de seus batuques primorosos.
O bom, o ruim e o inusitado
Ponto positivo: mais uma vez a Virada foi um sucesso de público e atrações, marcando mais um ano de incrustação de um evento no coração da sociedade de São Paulo, que está em processo de aprendizado para valorizar sempre esta grande festa.
Ponto negativo: todo o lixo espalhado pelo centro da cidade; o cenário de sábado para domingo foi aterrorizante, mais uma vez. A Prefeitura junto com a Secretaria de Cultura poderiam investir mais em limpeza e educação do público. É lógico que o hábito das pessoas jogarem lixo nas ruas não vai mudar de um dia para o outro, mas colocar mais lixeiras provisórias espalhadas pela cidade também ajuda, ação que deve ser acompanhada de campanha educativa maciça.
Ponto inusitado: as pessoas acamparam nos corredores da Galeria Olido de sábado para domingo. Este repórter que vos escreve também aproveitou para tirar uns cochilos entre 4h e 6h, afinal de contas, ninguém é de ferro.