terça-feira, 17 de novembro de 2009

Ponto de Cultura

Quilombaque e CEPODH: semente plantada gera frutos

Perus, zona noroeste de Sampa

Por Silvio Luz

O salão nobre da Secretaria de Cultura de São Paulo estava lotado. As pessoas enchiam todos os cantos do espaço para ouvir o anúncio dos 300 Pontos de Cultura do Estado, na última segunda-feira (16/11). Depois de alguns discursos, veio a ansiedade por ouvir o nosso nome em alto e bom som. A apreensão era tão grande que tremer era inevitável e roer as unhas então, nem se fala. Mas dessa vez não houve engano: o CEPODH e a Comunidade Cultural Quilombaque conquistaram o Ponto de Cultura, com muita comemoração e direito à lágrimas, gritos de euforia e largos sorrisos.

Parabéns a todos que se envolveram no processo de construção deste projeto. Parabéns a todos que estão sempre conosco e compartilham o ideal de mudar o mundo por meio da arte, da cultura e da educação. Perus e região nunca mais serão os mesmos. A palavra REVOLUÇÃO aparece muitas vezes por aqui, mas não há como não perguntar sempre: quer armas melhores do que estas que temos em mãos?

A conquista é mais do que merecida, e não é só nossa. É de todo um bairro, de toda a região noroeste e municípios vizinhos. É de pessoas comprometidas com a transformação de um lugar, de vidas, de pontos de vista. Nossas ideias estão em ebulição, comemorando entusiasticamente a certeza da mudança e da vitória. Viva o Centro Cultural Quilombaque! Viva a todos nós, guerreiros, resistentes, que não deixam os obstáculos ser maiores do que os queremos! Hasta la victoria siempre!

Para conferir a lista dos 300 Pontos de Cultura selecionados, clique aqui. Abaixo segue um poema emocionado de Nado Itaguary, integrante do grupo Amigos da Sandice e presidente do CEPODH:

Um ponto que marcará um ponto,
Um ponto de cultura na gente,
Um ponto de expressão diversificado,
Um ponto de afirmação, antes uma interrogação,
Um ponto de tu e de todos,
Um ponto comum, de comunidade,
Um ponto negro, de raça, de graça, de alegria,
Um ponto que cê pode participar,
Um ponto de encontro, de café, de idéias, de práticas,
Um ponto de paz, de aconchego, de luz,
Um ponto de vai e vem, perto da estação de trem de Perus,
Um ponto de mudanças, de reencontros com nossas raízes culturais,
Um ponto de manifestação do não ser, dos sem nada, dos daqui antes da ponte da marginal,
Um ponto no corpo livre, livre de toda a exploração do capital e da alienação da "indústria cultural",
Um ponto perto de nós, um ponto pra nós, um ponto do Estado de São Paulo, um ponto do Brasil,
Um ponto que vale mais que um quilo, vale um Quilombo, uma Quilombaque, uma resistência, um sonho, uma luta, uma rebeldia,
Um ponto, não um ponto qualquer, um ponto de questionamentos, de perguntas, de criticidade, de democracia, de partilha, de experiências, de solidariedade, de VIDA.

Para conhecer mais sobre o trabalho da Comunidade Cultural Quilombaque, em Perus, clique aqui. E aí vai um aviso: Perus e região nunca mais serão os mesmos, e está de vez no calendário cultural de Sampa!

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